Forty Eight

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Back to bad habits part 2

Saí da casa dos Campbell e fechei o portão, tentando não fazer barulho. Atravessei a rua rapidamente na direção do meu carro parado do outro lado da calçada. Me encostei na lataria do veículo e suspirei baixo, sentindo a brisa fria da noite soprar no meu rosto.

Apesar de me lembrar de ter chegado aqui no começo da tarde, já havia anoitecido. Os meninos tinham ido embora há mais ou menos duas horas atrás. Eu e Katherine resolvemos ficar mais um pouco. E ela ainda estava lá dentro agora. Tentando animar e fazendo companhia pra Alison. Já eu tinha vindo correndo aqui pra fora. Porque não estava sabendo lidar direito com a carga emocional pesada daquela situação. E não queria que ninguém percebesse isso.

Tirei um cigarro de dentro do bolso, junto com o isqueiro. O acendi e levei até o boca, dando uma tragada longa. Fechei os olhos para apreciar a sensação estranhamente boa da nicotina aquecendo meus pulmões que em breve estariam fodidos. Enquanto a angústia familiar naquela última semana se espalhava pelo meu corpo devagar.

Olhei para o céu limpo e repleto de estrelas, tentando ignorar as memórias confusas de passado e presente que se misturavam em meus pensamentos. Em vão...

Minha cabeça parecia um inferno.

Estava prestes a dar mais uma tragada na nicotina quando senti o cigarro escapar dos meus dedos de repente. Abaixei a cabeça no mesmo instante, vendo Katherine com cara de poucos amigos na minha frente. E segurando a porra do meu cigarro.

Puta que me pariu.

- Caralho, Jones! - praguejei em voz alta, a encarando de volta em um misto de tédio e descrença. - O que você quer, porra?

- Quantas vezes eu já te falei pra parar de fumar essa merda?

- Várias. Mas eu nunca dou ouvidos. Porque você não é minha mãe e com certeza não manda em mim também. Então, não se intromete no que não é da sua conta!

- Christopher... - Kath respirou fundo e se aproximou mais de mim. - Você não é mais nenhuma criança. Sabe muito bem que isso pode acabar com sua saúde - continuou, ignorando minhas grosserias e tentativas falhas de me manter distante. - Com tantos hábitos péssimos por aí, você tinha mesmo que voltar justo pro mais arriscado?

Assim que terminou com o esporro ela jogou meu cigarro no chão e pisou em cima dele com o tênis branco, o amassando.

Ótimo.

Mais dinheiro perdido...

- Você tá dormindo há dias com o seu pior hábito e eu não tô me metendo nisso.

- Isso não tem nada a ver! - ela não demorou nem um segundo para rebater. - O Zabdiel não é o meu pior hábito - disse como se fosse uma verdade incontestável. - E ele certamente não faz mal pra minha saúde.

- Pra saúde talvez não... - devolvi, abafando uma risada nasal. - Mas já não podemos dizer o mesmo sobre o coração, né?

O silêncio que se instalou entre nós por incontáveis minutos foi absoluto. Eu só percebi a gravidade do que tinha falado quando já era tarde demais. Katherine estava me fitando com uma expressão mortífera estampada no rosto. E eu eu não ficaria surpreso se ela me desse um murro.

Engoli em seco com dificuldade.

- Kath...

- Continua assim, Vélez - ela balançou a cabeça e sorriu irônica, recuando alguns passos para trás. - Ela vai adorar te receber de volta com essa nova personalidade.

Suspirei longamente, ciente de que ela estava se referindo a Alison. E com razão. Se Ali me ouvisse falando aquelas atrocidades pra sua melhor amiga, provavelmente arrancaria minhas bolas com as próprias mãos e daria para os cachorros de rua comerem.

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