Like old times
Alison
Me mexi de um lado para o outro na cama, deixando que um suspiro pesado escapasse dos meus lábios. Peguei o controle da tv em cima da mesinha ali ao lado, passando pelos canais de forma rápida. Provavelmente já devia ser a milésima vez que eu fazia aquilo em menos de meia hora. E o resultado era sempre o mesmo. Nada interessante o suficiente pra prender minha atenção.
Bufei e revirei os olhos ao mesmo tempo, sem paciência.
Acabei me dando por vencida, desistindo de tentar ocupar minha mente conturbada com alguma futilidade. O plano era me livrar dos pensamentos torturantes que rondavam minha mente, mas pelo jeito não ia ser possível. Me joguei de costas no colchão, me enfiando debaixo do meu cobertor quentinho de novo. E só então me permitir fechar os olhos por alguns minutos.
Talvez eu devesse tirar um cochilo...
Ótima ideia, Alison.
Até parece que essa não foi a única coisa que você fez nos últimos dias.
Quando eu disse que pretendia passar o final de semana todo na minha cama, não imaginava que fosse levar essa meta tão ao pé da letra assim.
Mas o que eu podia fazer?!
Desde a discussão que tive com Christopher, eu me sentia destruída. Estava tão deprimida que quase não tinha forças nem pra ficar de pé.
Simplesmente não dava pra evitar.
Abri os olhos devagar, soltando mais um suspiro longo e encarando o teto sobre minha cabeça, enquanto esfregava os pés cobertos por meias no colchão.
Mamãe e papai até tinham tentado me tirar um pouco de casa. Eles iam para o culto da tarde hoje, então sugeriram que eu fosse junto. E apesar de saber que passar um tempo na igreja poderia me fazer bem, eu tive que recusar o convite.
Não estava com ânimo nem para levantar da cama, quem dirá para sair...
Tudo o que eu queria era continuar isolada no meu quarto, debaixo da minha coberta, longe de qualquer tipo de contato com outras pessoas. Pra chorar todas as lágrimas que eu ainda não tinha derramado. E sofrer todas as minhas dores.
Meus pais se recusaram a me deixar sozinha, à princípio. Mas depois de muita insistência da minha parte, eles acabaram cedendo e resolvendo ir apenas os dois. Afinal, ninguém merecia ter que parar a vida por causa da filha melodramática que não conseguia lidar direito com os próprios problemas. Não era justo!
No entanto, eu sabia que o senhor e a senhora Williams ainda estavam preocupados. As inúmeras ligações que já tinham me feito deixava isso bem claro. E olha que não fazia nem duas horas que eles haviam saído.
Eu me sentia horrível por estar dando dor de cabeça para os meus pais, mas não podia julgá-los pela super proteção. Com todo o meu histórico de problemas de ansiedade há quase 5 anos atrás, era normal que eles ficassem com medo de uma possível recaída.
Por isso, no momento em que meus ouvidos captaram barulho de passos se aproximando pelo corredor, pude jurar que os dois tinham voltado mais cedo para casa. Permaneci deitada na cama, apenas esperando o que aconteceria a seguir. Logo a maçaneta girou devagar, a porta sendo aberta aos poucos. E eu quase parei de respirar ao ver Christopher entrando no meu quarto.
- Precisamos conversar.
Foi tudo o que ele disse, me olhando bem dentro dos olhos.
E o meu coração bateu mais forte dentro do peito. Por um momento, achei que fosse pular para fora do meu corpo, mas felizmente não aconteceu.
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Not Steady
RomanceEles eram o oposto um do outro, ela era água e ele o fogo, ela a calmaria e ele a tempestade, enquanto ela dizia "sim" para tudo, ele dizia "não" para tudo, enquanto ela colocava os outros em primeiro lugar, ele se colocava em primeiro lugar. Duas p...