Seventy Two

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Goodbyes and relapses

                "Será que precisamos de alguém
              Só para sentir que estamos bem?
                                             É a única razão
            Pela qual você está me abraçando esta noite
                   Por que estamos com medo de ficarmos sozinhos?"

  Scared to Be Lonely | Martin Garrix, Dua Lipa

Joel

Passei os braços em torno da cintura de Alison quando ela se deitou com a cabeça aconchegada no meu peito.

Um silêncio confortável se instalou no quarto pelos minutos que se estenderam. As únicas coisas que podiam ser ouvidas eram o som das nossas respirações descompassadas e os batimentos cardíacos acelerados que se misturavam. Os últimos vestígios de um sexo incrivelmente gostoso que tínhamos acabado de fazer.

Bocejei baixo quando uma sensação de relaxamento me consumiu por inteiro. Os ponteiros do relógio ainda não marcavam nem meia noite, mas já estava morto de cansado. Alison se aninhou com preguiça contra o meu peitoral, descendo as mãos pela minha barriga e acariciando os músculos do meu abdômen. Eu comecei a acariciar suas costas também, desenhando círculos imaginários na pele desnuda com a ponta dos dedos.

Ficamos assim por um tempo. Calados, quietos e esperando que nossos corpos ainda devastados pelo orgasmo voltassem ao normal aos poucos. Era o único momento em que eu me sentia verdadeiramente em paz comigo mesmo. O único período em que eu conseguia fazer minha mente caótica desligar por alguns minutos. Minha zona de conforto.

Quando eu tinha Alison nos meus braços. No meu quarto e na minha cama. Era como se todos os problemas banais do mundo lá fora simplesmente não existissem.

- Nem acredito que já vou embora amanhã - minha namorada sussurrou em um suspiro, me obrigando a sair da minha bolha de pensamentos confortáveis.

E a realidade me atingiu como um soco forte na boca do estômago.

- Pois é... - deixei um suspiro pesado escapar também enquanto apertava sua cintura com um pouco mais de firmeza entre os meus braços. - Eu também não acredito.

Fiquei tenso com assunto.

Não dava pra acreditar que esse dia realmente tinha chegado. Durante a semana, eu tentei esquecer da realidade e apenas curtir o tempo com a minha namorada. Para ignorar o fato de que minha vida estava se tornando uma grande bagunça de novo. E deu certo. Ou pelo menos parecia funcionar por um curto período de tempo. Só que agora não tinha mais como continuar fingindo que nada estava acontecendo. Alison havia aceitado a proposta de trabalho como modelo em Paris e estaria pegando um vôo para a Europa no dia seguinte. E eu ficaria sozinho aqui no Estados Unidos. Seria impossível permanecer em negação.

- Joel, não precisa se preocupar com isso. Sério! - Alison murmurou com melancolia, sem parar com os carinhos no meu abdômen. - A gente vai dar um jeito, amor. Como o Zabdi disse, um mês passa rápido mesmo. Quando você menos esperar, eu já vou estar de volta.

- Se pelo menos eu pudesse ir com você... - respirei fundo, pensando alto.

Queria que existisse essa possibilidade. No entanto, como eu poderia largar minha vida toda aqui em Hesperia e ir embora para a França? Com a faculdade no meio do semestre e meus pais ainda com o mesmo discurso do começo do ano de que eu precisava deixar de ser irresponsável e focar em coisas realmente importantes. O problema era que minha namorada era tudo o que mais importava para mim naquele momento. De acordo com essa lógica, eu não deveria focar nela e no nosso relacionamento? Bom, o senhor e a senhora Pimentel certamente nunca entenderiam assim. Por mais que tivessem se apegado a nora.

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