09

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𝗣𝗮𝗿𝗲𝘀...

- Vai logo! Ninguém aguenta mais esperar sua declaração - Yen reclamou apertando o abraço que havia recebido.

Respirei fundo. Eu tentaria me abrir realmente. Dizer tudo o que sentia. Era apenas um jogo, mas meu coração realmente havia acelerado.

- Pode falar, Man-yah. Sei que isso não passa de uma brincadeira - Beomgyu disse calmo.

- Eu... - Pensei no que iria falar. - Sabe... Eu sei que é estranho falar sobre isso, mas meus sentimentos estão cada vez mais incontroláveis. Não aguento mais te ver ao lado de outras garotas. Por que tem que ser tão difícil para mim? Não sou bonita, não sou legal, não sou inteligente. Mas eu queria alcançar seu nível. Por favor, me dê uma chance. Pelo menos uma.

O silêncio permaneceu. Gyu me encarava surpreso. Por algum motivo, ele aparentava saber que eu estava realmente falando sobre meus sentimentos. Eu orava para que alguém quebrasse aquele gelo. Graças a qualquer ser bom do universo, minhas preces foram ouvidas.

- Venham, crianças. O almoço está pronto - minha mãe abriu a porta com ânimo.

- Certo, senhora! - Soobin deu um salto colocando-se em pé.

- Me largou aqui - murmurou Hwa enquanto se esparramava no chão fazendo drama.

Beomgyu continuava congelado. Não se mexia e nem emitia reação alguma. Eu já estava sentindo-me envergonhada.

- Hm... Melhor irmos comer. Irá esfriar. - Falei repetindo a ação de Bin.

Eu estava perplexa. Havia acabado de vomitar um milhão de palavras melosas.

- Certo. - O garoto mais jovem finalmente disse algo.

Ao chegarmos na cozinha de minha residência, nos deparamos com um prato diferenciado. Hambúrguer e batata-frita. O clássico.

- A senhora fez? - Soobin perguntou sendo cauteloso com sua alimentação.

- É claro que não, bocó - respondi dizendo o óbvio. - Mas pensei que estivesse cozinhando, mamãe.

- Eu estava - a superior assumiu suspirando. - Mas a lasanha queimou - riu de sua própria trapalhada. - Ou seja, a opção de hoje é fast food.

- Não acredito que conseguiu queimar uma lasanha! - Ri em alto e bom tom.

Meus amigos se entreolharam com feições confusas.

- Lasanha? - Hwa tentou saber mais sobre o prato. - Nunca comi - continuou puxando uma das seis cadeiras para que pudesse se sentar à mesa.

- A lasanha é mais famosa pelo ocidente! Digamos que pareça um macarrão recheado! - Expliquei lembrando do incrível gosto extravagante. - Um macarrão achatado e bem recheado. - Prolonguei a palavra "bem" por no mínimo cinco segundos.

- Ah, entendi!

- Se sentem logo! Aposto que estão com fome! - A dona de casa ordenou.

Obedecemos a genitora rapidamente.

- Na verdade, eu e ela ainda nem comemos hoje! - Apontei para minha amiga.

- O que?! Não podem ficar sem comer! Meu chuchuzinho irá desmaiar - Binnie alegou acariciando as bochechas de Yen de maneira exagerada.

Minha mãe riu.

- Ah! Quanta saudade de meus tempos de juventude! Eu era uma adolescente muito desejada - a senhora falou sorrindo. Abriu um dos pacotes de batata e o distribuiu igualmente à todos.

Tentei agarrar uma das maiores batatas servidas, mas fui atrapalhada pelos dedos de Beomgyu - que já havia consumido várias daquelas anteriormente.

O encarei franzindo o cenho de maneira irritada. O garoto sorriu ladino e me encarou de volta.

- Você é realmente muito bonita, tia - a outra menina segurou a caixinha de seu hambúrguer, assim, o atraindo para mais perto. - Espero crescer com uma pele de bebê igual a sua.

- Acho que seu namorado jamais se incomodaria se sua pele envelhecesse - a sábia respondeu soltando uma piscadela vergonhosa.

A pele de minha mãe era realmente incrivelmente macia. Era uma pena eu não ter usufruído da boa genética.

- Eles ainda não namoram. Esse bobo tem vergonha de beijá-la - o garoto mais novo acusou com um olhar cínico.

- Ei! Pelo menos eu não saio pegando qualquer uma que vejo pela frente. Babaca - respondeu bravo.

A mulher de meia-idade expôs uma feição desconfiada, mas logo emitiu um questionamento.

- Então quer dizer que o Beomgyu é o pegador?

- Sim - respondi seca enquanto desembrulhava meu lanche oleoso. - Ele é bonito. Então consegue ficar com quem quiser!

Todos concordaram comigo. Começamos a nos deliciar com os alimentos enquanto minha mãe contava suas típicas histórias colegiais.

"E foi assim que ganhei meu primeiro beijo".

- Acho que tinha quinze anos quando dei meu primeiro beijo - Gyu comentou sem muita profundidade no assunto.

- O que?!

- É sério. Eu estudava em um colégio masculino na época. Pedi para um colega levar a prima dele em uma de nossas apresentações culturais do ano. E vocês já devem saber o resto...

- Ah - suspirei. - Eu nunca beijei alguém. Mas acho que não vale a pena se eu não amar esse alguém - reagi pensativa após uma lenta mastigação.

- Tem razão, filha - a sabichona concordou com meu pensamento. - Crianças, tenho que resolver algumas coisas pelo centro. Querem ir?

- Acho melhor ficarmos - opinei.

Meus colegas concordaram.

O fim de semana se passou rápido demais. Comemos doces, rimos, assistimos à séries, contamos piadas...

Eu com certeza queria aquelas amizades para o resto de minha vida.

𝐀𝐋𝐋 𝐎𝐅 𝐌𝐘 𝐒𝐎𝐔𝐋; 𝐜𝐡𝐨𝐢 𝐛𝐞𝐨𝐦𝐠𝐲𝐮Onde histórias criam vida. Descubra agora