𝐀𝐋𝐋 𝐎𝐅 𝐌𝐘 𝐒𝐎𝐔𝐋; 𝐜𝐡𝐨𝐢 𝐛𝐞𝐨𝐦𝐠𝐲𝐮

18

𝗟𝗲𝗿𝗱𝗮...

- Você nem sabe! - Hwa-yen adentrou o quarto de dormitório segurando um pote enorme repleto de sorvete.

Eu mal prestava atenção na cena. Estava completamente nas nuvens após ter finalmente beijado Choi.

- Eu e Soobin estávamos procurando um lugar reservado para conversarmos um pouco - começou e em seguida fechou, sem trancar, a porta. - Foi nesse instante que pensei na abandonada sala teatral. Assim, fomos até lá. O problema, era que a sala parecia trancada. Batemos à porta umas trinta vezes! Mas ninguém abriu. Nem nos demos ao trabalho de tocar na maçaneta. Soobin morre de medo de incomodar os outros!

No exato milésimo de segundo que ouvi aquele absurdo, associei o fato ao momento em que beijei aqueles lábios tentadores.

- Então eram vocês?! - Cruzei meus braços indignada. - Sabia que vocês dois quase arruinaram meu romance?

- Hm?! Então você estava lá! Com outra pessoa... - Ligou os pontos após sentar em uma das cadeiras de nossa escrivaninha. - Eu mal sabia que algo romântico estava acontecendo naquela sala! E espera... Você não estava fazendo o que estou pensando... Estava? - Me lançou um olhar malicioso e desconfiado.

- É claro que não! Está maluca? - Saltei da cama rapidamente com a desconfiança inaceitável de minha amiga. - Você acha que eu teria coragem de praticar uma baixaria como essa?! Ainda mais em um local público?!

Yen deu de ombros e enfiou uma colherada generosa de sorvete sabor pistache dentro de sua boca. Se deliciando com sua sobremesa, cruzou suas pernas cautelosamente e apoiou o recipiente sob meu teclado.

- Eca! Tire esse pote melequento de cima do meu precioso! - Ordenei apontando meu dedo em direção à cena desgostosa.

- Ah, sua chata! - Fez o que eu mandei com uma feição rabugenta. - Você é pior que minha mãe na TPM! - Dizia encarando seu alimento - Agora conte-me, SNS! Com quem estava se pegando?

- Ei! Eu não... Eu não...

- Vai logo, sua lerda. Senhorita Lee Man-yah! Você realmente estava beijando alguém?! - Levantou seu tom de voz sorrindo como uma pentelha. - Conta, vai! Conta, conta!

- Está legal! Eu estava! Mas não havia ido até lá com essa finalidade - eu disse me defendendo. - Simplesmente aconteceu.

Chen soltou um pequeno grito interno que soou como um miado fino e agudo. Eu ri cobrindo meu sorriso e logo coloquei uma grossa mecha de cabelo para trás de minha orelha.

- Preparada para ouvir as coisas mais loucas que me aconteceram durante o ano inteiro? - Perguntei engajando a adrenalina de fofocar com minha best.

- Se estou preparada? Estou super! Estou incrivelmente preparada! - Arregalou seus olhos animada.

- Tudo começou assim...

E então, passamos pelo menos duas horas fofocando sobre tudo o que havia acontecido durante o dia. Eu disse que havia conversado com Taehyun e reencontrado Choi Yeonjun. Também comentei - sem me aprofundar - sobre meu pai estar tentando se aproximar. E por fim, sobre o comovente beijo.

Rimos muito! Mal nos importamos com o fato de que estava realmente tarde. Já passavam das onze e meia da noite. Mesmo assim, continuamos fazendo barulho e gargalhando. Foi um momento bom.

- Não irá tomar um banho? - Questionei assistindo a menina bocejar de sono.

- Estou indo - disse se espreguiçando. - Antes que eu durma.

- Tome cuidado para não dormir no chuveiro - brinquei liberando uma última risada.

- Ai, Man-yah, você não se cansa? - Ela interrogou se levantando da cadeira giratória.

- Do que? De ser inteligente? - Me gabei.

- Não. De ser palhaçada!

- Não vi graça - protestei fazendo um biquinho com meus lábios. - E você? Você não se cansa? - Decidi me vingar.

- Do que? - Me encarou com deboche e ironia em uma espécie de sintonia que trabalhava perfeitamente contra a minha vontade de a zombar. - De ser bonita?

- Não. De ser fedida. - Tampei minha respiração como se estivesse impedindo que qualquer tipo de aroma invadisse meu olfato.

A comilona lançou uma almofada em minha direção.

- Eu tomei banho antes de sair de casa, está bem?! E para a sua informação, meu namorado disse que sou muito cheirosa! - Se revoltou bufando.

- Claro que ele disse. Ele também não toma banho - esclareço dando de ombros. - O Beomgyu me disse que Soobin é o único que só toma um banho por dia!

- E isso está errado?!

Por fim, o banho de Hwa-yen não chegou a acontecer. Nós preferimos passar a madrugada inteira conversando sobre higiene e catinga humana. Sim. Sobre catinga humana.

[ . . . ]

Estávamos no meio de uma das piores aulas da semana. Ter três horas seguidas de palestra com a professora mais reclamona da universidade não era nada prazeroso. Mesmo assim, eu tentava não me estressar.

- Resumidamente explicando... Os que decidirem abandonar nossa aula de hoje estarão fora da avaliação trimestral. Ou seja, provas automaticamente zeradas - a sombria educadora nos alertou com feição de poucos amigos.

"Mas senhora Joon, estamos em um curso universitário! Não pode nos submeter à ameaças como essa" - Foi o que um aluno - que curiosamente sentava perto da velhota - alegou.

- Sou autoridade dentro desse espaço de aprendizado. Faço o que eu quiser, na hora que eu quiser, e quando eu bem entender.

E antes mesmo que Joon Mie-Hui continuasse seu discurso insuportável sobre avaliações, foi atrapalhada por um dos quinze zeladores da construção.

- Com licença, senhora - um dos trabalhadores abriu a porta do auditório - Será que Lee Man-yah pode me acompanhar até a diretoria?

Meu coração balançou um pouco. Balançou em um sentido péssimo! Se a própria mãe de Beomgyu queria conversar comigo, o que eu deveria esperar ouvir?

- Claro. O acompanhe, senhorita Lee - ordenou a mestra.

Procurei o olhar de minha amiga e logo encontrei Yen curiosa. Estávamos pasma. Eu nunca havia sido chamada diretamente para uma conversa com nossa superiora.

- Sem demora, Lee Man-yah. Senhor Esthevan não tem muito tempo.

Esthevan era o zelador mais antigo do campus inteiro! Além de ter nascido em um país estrangeiro, também deu a volta ao mundo em busca do que gostaria de fazer. Reza a lenda de que ele e senhora Joon sempre tiveram um caso, e é por isso que o homem decidiu cuidar do instituto.

Sem me expressar oralmente, guardei meus materiais expostos em uma pequena bolinha e me juntei ao senhor. O mesmo me assistia com preocupação estampada em sua face.

- Está liberada - anunciou senhora Joon.

Esthevan começou sua caminhada, e então o segui. O trajeto até a diretoria não era nem um pouco inovador. Era basicamente uma sala nada discreta que se localizava em frente ao ginásio.

- Algo grave aconteceu, senhorita. Entre e converse com nossa general.

Eu havia me ferrado.

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