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𝗡𝗼𝘃𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲...

- Você não sente falta? - O menino perguntou entrelaçando seus dedos em meus curtos e delicados fios de cabelo escurecido.

- Falta de que? De ser uma garota comum? - Perguntei de forma sarcástica e ao mesmo tempo confusa com seu questionamento direto e repentino.

- Falta de ser mais feliz e animada, oras - explicou coçando sua nuca como se estivesse falando algo que pudesse soar incômodo para mim. E realmente era.

- Sim, Choi Beomgyu. Obviamente eu sinto falta disso. Como poderia não sentir? E ao mesmo tempo, como posso mudar minha situação atual? Não há resposta. Eu sou dependente de coisas complicadas para que eu possa me animar! - Aumento meu tom de voz com certa raiva inserida na fala.

A raiva não havia sido desenvolvida de acordo com a questão em si, feita pelo menino. Na verdade, o que de fato aconteceu, foi um sentimento ruim originado a partir do pensamento de outras pessoas acharem que meu caso era solucionável, ou que, pelo menos, eu poderia - de maneira solitária - reconstruir a alegria facilmente dentro de mim.

Não é como se fosse algo simples. Foi realmente traumático viver a volta de meu pai depois de tanto tempo que passamos sem contato. Não que esse tenha sido meu único problema na época. Eu necessitava de ajuda.

Eu tinha certeza absoluta de que Gyu queria me ajudar. Ele queria muito. E ele podia, mas não naquele momento. Se eu me abrisse totalmente, iria magoá-lo. E efetivamente, se meus sentimentos verdadeiros fossem expostos a ele, eu corria o risco de o perder. Fala sério! É complicado administrar seus próprios problemas e ouvir os conflitos de seu amor também.

- Calma. Eu só perguntei - ergueu seus braços, em par à suas sobrancelhas como imitação de um inocente que seria revistado desprevinidamente. - Não precisa de estressar, bravinha.

- Foi mal - suspirei decepcionada com minha instabilidade emocional. - Eu sinto falta de ser alegre de verdade. Mas, na real, eu não sei como posso voltar a ter meus bons dias de felicidade... Nem sei se posso reconquistar bons sentimentos. Além do amor, é claro.

- É claro que pode! E se eu te ajudar? - Sugeriu sorrindo de maneira adorável. Aparentava ter resolvido todos os meus problemas em um só minuto.

- Eu não quero te magoar. Realmente não quero. - Continuei o dialogo me afastando de seu peitoral, que servia de apoio para minha cabeça até então.

- Você não irá. E se vir a acontecer, saiba que eu jamais desistirei de você. Jamais.

- Não acha que... que... que talvez...

- Hm? - Murmurou em forma de dúvida.

- Que talvez você esteja se prendendo à uma pessoa que não te mereça? - Insinuei gaguejando diversas vezes durante o dito.

- Não entendi. O que está tentando dizer? - Franziu o cenho inclinando sua cabeça aos poucos.

- Quero dar a entender que você poderia ser muito mais feliz se estivesse com outro alguém. Você é tão lindo... - Passei meus dedos por cada detalhe de seu rosto enquanto soltava a última frase. - Poderia estar com alguém que tenha vocação para se comparar a ti. Talvez com a... a tal Kim Jo-ey.

- Olha, isso está partindo meu coração - ele riu sem graça. - Está tentando dizer que é melhor acabar com tudo entre nós?

- Eu não quero prendê-lo a algo que pode ser considerado incerto. Eu juro que se seu coração for quebrado, nunca irei me perdoar - insisti na ideia inicial.

- Se não quer me magoar, por que não assumimos logo uma relação séria? Temos tudo para dar certo. Eu te amo, garota - se libertou em uma espécie de desabafo. - Eu prometo que, para todo o sempre, você será minha única garota. E eu estarei disposto a, eternamente, ser seu garoto número um. Prometo que respeitarei o tempo que for preciso para que você se recupere!

- Beom, eu...

Antes que eu pudesse considerar a formulação de uma boa resposta, fui salva pelo gongo. Ou melhor, pelo bobo.

- Ah, vocês estão aí! - Yeonjun surgiu, aparentemente, do nada, no meio de um conjunto de arbustos que cercava o jardim esverdeado. Seu acompanhante era Taehyun, que parecia estar um tanto desconfortável com a situação.

- É. Nós estávamos os procurando - Kang não se esforçava para expressar nenhum tipo de sentimento, além da inconveniência, é claro.

Felizmente, meus companheiros, apesar de carregarem consigo uma má energia, nos trouxeram boas notícias.

- Man-yah, a diretora pediu para avisá-la de que seu pai está preso. A polícia finalmente considerou o caso como um crime - Yeon bateu palminhas.

Aquele foi o minuto mais sagrado de meu dia inteiro. Após estresse, choro, medo e dúvida em apenas um dia, eu finalmente relaxei.

- Yeah! - Comemorei com uma dança escandalosa e bizarra. - Finalmente o verme não me alcançará mais! Pelo menos, não tão cedo.

- Como ficaram sabendo disso? - Meu quase namorado engrossou sua voz. - Fontes confiáveis? Não enganem minha... a Lee. - Hesitou em soltar um apelido fofo na frente de outros indivíduos.

- A delegacia conseguiu dados de onde nós estudamos. Então, assim, ligou para a direção com intuito de informar e tranquilizar todos os preocupados com o caso. Principalmente nossa querida Yah - Taehyun esclareceu aparentando estar extremamente calmo, como sempre.

- Ou seja, comemoração, meu povo! - Literalmente sem mais nem menos, Jun tirou um potinho de purpurina colorida do profundo de seu bolso e começou a expalhá-la por todo o solo permeável.

É claro que não segurei o riso. Soltei uma gargalhada poderosa. Ao mesmo tempo, Choi me encarava com uma feição confusa.

A questão que provavelmente percorria a cabeça do garoto, era o motivo de eu simplesmente ter voltado a sorrir tão rápido com meus colegas e nosso amor ter se relacionado a algo negativo.

- Pare de ser sem graça! Não irá rir?! - Dei um fraco empurrão no ombro de Gyu.

Mesmo confuso, não aguentou e acabou sorrindo após pouco tempo.

- Eu gosto de te ver feliz - sussurrou discretamente.

Tudo bem. Muita comemoração e tudo mais. Mas ainda haviam coisas que precisavam se resolver. Em primeiro lugar, minha instabilidade de desenvolvimento escolar. Depois disso, minha autoestima, que sinceramente, era horrível. E por fim, mas jamais menos importante, a tal relação séria que eu lutaria para conquistar com meu tal amor.

𝐀𝐋𝐋 𝐎𝐅 𝐌𝐘 𝐒𝐎𝐔𝐋; 𝐜𝐡𝐨𝐢 𝐛𝐞𝐨𝐦𝐠𝐲𝐮Onde histórias criam vida. Descubra agora