𝗗𝗶𝘀𝗰𝘂𝘁𝗶𝗿...
- Você deveria ter largado o teste a fim de o ouvir! Você sabe que deveria! - Dentro do táxi, Yen discutia comigo sobre minha relação com Choi Beomgyu.
- É claro que não! Se eu sonhasse em perder a prova mais complicada de todas, estava ferrada! Ferrada, frita, morta, queimada, decomposta, extinta, pisoteada, assada, destruída! - Exagerei aumentando meu tom de voz com uma expressão indignada.
O velho senhor taxista deixava pequenos risos nasais escaparem durante meu debate com Hwa-yen. Foi bem fofo ver um velhinho se divertindo com uma briga idiota e irrelevante vinda de duas garotas burras que não possuíam o mínimo do senso comum adotado pela sociedade sobre um romance saudável e prazeroso.
- E se quer saber de algo, você deveria ligar para ele! Ele merece ser ouvido imediatamente - minha amiga cruzou suas pernas apontando seu dedo indicador em direção a meu aparelho eletrônico móvel. - Ligue! Ligue agora!
- Nem pensar! Agora não! Nem agora e nem depois! - Neguei escondendo o celular dentro de um dos bolsos de minha larga calça jeans. Eu me segurava para não rir da reação do velho.
- Ligue! - Continuou debatendo com personalidade de criança birrenta.
Balancei minha cabeça negativamente e foi minha vez de agir como um bebê imaturo.
- Não ligo! Não ligo! Não ligo! Não ligo! De jeito nenhum!
- Parem de discutir, senhoritas! - Escutamos a falha voz do motorista intervindo. - Por que não entram em um acordo? Apenas parem de gritar!
Ficamos quietas por alguns segundos. Nos entreolhamos milhares de vezes segurando a gargalhada. Mas a tentativa de conter o riso foi falha. Começamos a rir como duas capivaras engasgadas. Por favor, não me pergunte se já assisti uma capivara se engasgar, mas imagino que seja dessa forma.
- A culpa é dela! Ela não sabe tratar o próprio namorado de maneira decente - a irritante quebrou o silêncio com suas acusações idiotas.
- Mentira! Tudo mentira! - Parti em minha defesa. - O senhor ouviu... Eu apenas prefiro conversar com ele pessoalmente. Ah, e se não se recorda, eu e Beomgyu não namoramos. Estamos longe disso.
- Mas já se beijaram. Uma ou duas vezes!
- O problema não é meu se você e Soobin só trocaram saliva após dez mil anos desde que se conheceram!
O idoso não se conteve. Parou o carro em um só segundo e agiu como a terceira capívara engasgada gargalhadeando.
- Ai! - Chen berrou ao quase voar com a brutalidade em que o freio foi acionado. - Quase me mata!
- Viu o que você fez?! - Novamente tive de deter a graça da situação.
- Por favor, ligue para ele!
- Acho melhor - o homem comentou ainda se recuperando de seu surto de comédia.
Revirei meus olhos irritada e vociferei com certo ódio.
- Não irei ligar agora! Já falei. Parem de insistência! Eu nem sei se ele realmente sente algo por mim! Seus emocionados - antes de concluir meu discurso, dei uma pausa para que pudesse recuperar meu fôlego. - Vocês tem noção de que Beomgyu pode simplesmente estar com qualquer garota mais interessante nesse exato momento?! Há algo que posso fazer para que parem de me encher? - Desabafei com intuito de colocar um ponto final no conflito iniciado dentro de um automóvel.
Chega. Eu realmente precisei colocar um basta no conflito.
[ . . . ]
- Ei! Não precisava ser grossa - minha amiga retomava o acontecimento anterior enquanto adentrávamos uma das áreas principais do hospital mais próximo.
- Apenas usei a realidade a meu favor. Você acha mesmo que esse relacionamento irá durar muito?! - Soltei uma risada nasal sendo cínica. - São muitas as diferenças existentes entre eu e ele, Chen. Muitas! Sou sedentária e ele é ativo, tenho bem menos dinheiro... Sou estudiosa e ele não!
- Quer saber de algo? - Continuamos caminhando durante a fala de Hwa. - Às vezes eu tenho a impressão de que você quer que esse relacionamento dê errado!
- Hm?!
- É sério, Lee. Você vive apaixonada por esse garoto, mas não prospera para que a relação de vocês avance.
Foi como um balde de água fria caindo sobre mim. Era realmente o que estava acontecendo.
- Mas eu nunca desejei que desse errado! - Tentei me defender de um jeito miserável.
- Eu sei. Mas ele não tem de correr atrás de você durante a vida inteira - declarou se afastando aos poucos.
Suspirei me sentindo confusa. Ao mesmo tempo em que aquilo era a solução para minha boa vivência com Gyu, era também como uma decepção com meu próprio ser.
- Para onde está indo? - Questionei assistindo a garota se distanciar.
- Vá até sua mãe. Irei usar o banheiro!
Ainda abalada, me direcionei até a sala onde supostamente minha mãe teria passado sua noite. Abri a porta cuidadosamente anunciando minha chegada.
- Filha? - A internada se surpreendeu.
Apesar de possuir diversos ematomas em sua pele, a mulher parecia saudável e contente com minha presença no local.
- Oi! - Me aproximei com certa cautela para que não causasse problemas com outros enfermos. Vim te ver. Como a senhora está?
- Ainda assustada, porém me sinto melhor e mais segura.
- Pode me contar com detalhes o que sofreu?
- Ah, foi péssimo! Eu estava em casa quando o maluco chegou e... - Aparentou ter receio ao relatar o momento da tragédia. - Realmente devo contar?
- Sim! - Exclamei ansiosa para descobrir a verdadeira versão.
- Seu pai começou a me ameaçar. Quando segurei o telefone para que pudesse discar o número da polícia, aquele covarde me agarrou pelo pescoço e iniciou uma série de tapas e arranhões em meu corpo. Principalmente nos braços - finalizou a última frase exibindo suas feridas. - Felizmente, consegui gritar o mais alto que pude. A vizinhança pôde ouvir e correu até nossa residência. Foi horripilante, filha!
- Eu imagino - sussurrei em um tom amedrontado. - Esse verme deveria ser preso logo de uma vez!
- Ele será. Seus tios já entraram com um processo contra a delegacia que o liberou ontem!
- O que?! Ele está solto?! - Quase levitei de tanta surpresa. - E se ele fizer novamente? E se eu for a próxima?
- Se acalme. Nada de ruim acontecerá conosco! Se Deus quiser...
- E se Deus não quiser? E se...
Antes que eu terminasse meu surto chocante, Yen se aproximou acenando.
Eu apenas desejava sumir.
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𝐀𝐋𝐋 𝐎𝐅 𝐌𝐘 𝐒𝐎𝐔𝐋; 𝐜𝐡𝐨𝐢 𝐛𝐞𝐨𝐦𝐠𝐲𝐮
Fanfiction🥀 | 𝖮 𝗆𝗈𝖽𝗈 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝗍𝖾𝗆𝗈𝗌 𝖽𝖾 𝗇𝗈𝗌 𝖺𝗉𝖺𝗂𝗑𝗈𝗇𝖺𝗋 𝗉𝗈𝗋 𝗉𝖾𝗌𝗌𝗈𝖺𝗌 𝗊𝗎𝖾 𝗇𝖾𝗆 𝗌𝖾𝗊𝗎𝖾𝗋 𝗌𝖾 𝗂𝗆𝗉𝗈𝗋𝗍𝖺𝗆 𝖼𝗈𝗇𝗈𝗌𝖼𝗈 𝗉𝖺𝗋𝖾𝖼𝖾 𝖽𝗂𝗏𝖾𝗋𝗍𝗂𝖽𝗈. 𝖣𝗂𝗏𝖾𝗋𝗍𝗂𝖽𝗈 𝖺𝗉𝖾𝗇𝖺𝗌 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝖺𝗊𝗎𝖾𝗅𝖾𝗌 𝗊𝗎𝖾...