Ex Namorado - Chensung

Capítulo 20

Uma semana já tinha se passado desde a ida de Chenle ao hospital e de sua mais recente perda. O chinês mais novo não saia do quarto ou sequer levantava da cama, mal ia ao banheiro e só havia tomado banho porque Situ Feng lhe deu, falava apenas o básico ou passava os dias dormindo.

Só ele mesmo sabia o quão quebrado estava desde seus dezessete anos quando descobriu a gravidez de Nanxi, só a lua e a estrela mais brilhante do céu - que ele dizia ser sua mãe - sabiam das lamúrias, choros e gritos que soltava enquanto olhava pela janela de seu quarto a noite afim de aliviar aquela extensa dor que sentia, não era algo físico, era algo sentimental e psicológico que ia lhe consumindo aos poucos, e Chenle já estava cansado.

- Papai - Nanxi entrou no quarto do jovem adulto e avistou o mesmo olhando para a tempestade que caia do lado de fora do apartamento, o clima em Seoul estava horrível nos últimos três dias.

Chenle virou a cabeça na direção do som e sorriu sem emoção nenhuma - coisa que vinha fazendo muito ultimamente - na direção do filho e abriu os braços para receber o abraço que tanto amava e que estava lhe dando forças.

- O sinho' tá meio' papai? - A mesma pergunta de todos os dias desde que retornou do hospital no início da semana.

- Vou ficar bebê - A mesma resposta desde sua volta.

Nanxi suspirou mesmo não sabendo o significado daquela frase e deitou a cabeça no peito de seu pai e olhou a tempestade do lado de fora, não conseguia entender como Chenle achava aquilo lindo, para ele era chato e significava que não podia brincar na rua, não no inverno, mas seu pai sempre dizia que a tempestade refletia um pouco como era sua mente, ah como Nanxi não entendia nem um pouco aquela frase. Não enquanto era pequeno e só sabia escrever seu nome, mas assim que cresceu ele entendeu muito bem aquela maldita frase e reconhecia que ela era um pedido de socorro.

- Papai Feng disse que o sinho' tinha que sair um pouquinho do qualto' - Nanxi falou ao pai enquanto começava um carinho na bochecha do mesmo.

- Papai vai só ver um pouco da tempestade e já sai, pode ser? - Pergunta sorrindo enquanto se sentia amado pelo afeto do filho.

- Uhum - O garotinho respondeu e ficou ali com o pai pelos próximos quarenta e cinco minutos no mais profundo silêncio, só iria sair dali quando o pai saísse junto.

Chenle saiu do cômodo com o filho nos braços e caminhou devagar até a sala de estar onde Situ Feng assistia a algum programa qualquer de culinária - mais especificamente Cake Boss - e mexeu a cabeça rapidamente na direção do chinês mais novo.

- Meu amor - Situ Feng disse e abriu os braços para que o Zhong pudesse se deitar em seu peito, coisa que foi prontamente feita - Como você está se sentindo hoje?.

- Eu tô, legal - Disse simples e respirou fundo sentindo o perfume um pouquinho adocicado do mais velho - E você?.

- Eu tô bem - Feng respondeu sorrindo e beijou a cabeça do jovem adulto.

Nanxi que já estava fora do colo de seu pai brincava despreocupado no tapete da sala junto de alguns bonecos e blocos de plástico, ele sorria e ria de maneira divertida sem perceber o clima tenso que estava, mas não posso o simplesmente culpar afinal é uma criança.

- Eu estava pensando em ir a lojinha de conveniência pegar alguma coisa para comer - Respondeu Chenle ao silêncio da sala.

- Não quer que eu vá para você? - Feng se ofereceu de bom grado.

- Não precisa de verdade, eu preciso sair um pouco, respirar o ar poluído da rua - Brincou o mais novo, porém não riu do que falou - E sabe como eu amo a chuva, ela vai me ajudar a colocar a cabeça no lugar.

Situ Feng concordou com a cabeça e foi pegar um casaco para Chenle enquanto este já calçava os tênis, iria de pijama mesmo não tinha ânimo algum para se arrumar de qualquer forma. Após tudo preparado e ter anotado mentalmente que Nanxi queria balinhas azedas o chinês saiu do apartamento.

Caminhou por poucos minutos até chegar ao local desejado, por conta da chuva estava tudo tranquilo e parado aquele dia, então poderia transitar pela loja de tamanho grande sem algum problema, havia levado apenas seu celular e a carteira então não teria problema em levar mais de uma sacola - Chenle odiava carregar o guarda chuva - uma única vez.

Entretanto foi quando entrou no corredor dos doces em que avistou ele, o reconheceria de longe até mesmo no escuro mais profundo saberia quem ele é, Kang Taehyun.

Por sorte ou não o coreano parecia distraído demais comprando chocolate para notar a presença de qualquer outra pessoa ali sem ser a dele mesmo, Chenle pensou muito em menos de vinte e cinco segundos, e chegou a conclusão de que faria aquilo sim.

Sem qualquer aviso prévio ou um simples "oi", Chenle socou a bochecha esquerda de Taehyun o que fez o coreano cambalear e olhar atordoado para o lado a procura de quem lhe acertou, após ver quem tinha sido o autor de tal ato arregalou seus olhos e começou a gaguejar.

- Taehyun seu filho da puta! - Espraguejou Chenle enquanto lhe acertava mais um soco fazendo o coreano tombar e cair no chão - Você acabou com a minha vida, eu te odeio! - O estrangeiro falava enquanto socava Taehyun que de maneira inútil tentava se proteger - O que foi que eu fiz pra você?! VAMOS ME RESPONDE - Gritou enquanto as lágrimas já começavam a descer deixando toda a tristeza, raiva e frustração que queria demonstrar na última semana escorrendo por suas veias - VOCÊ NÃO ESTAVA CONTENTE EM TER ACABADO COM A MINHA VIDA ANTES NÃO?! QUE PORRA, EU TE ODEIO.

As duas únicas funcionárias da loja correram no corredor afim de apartar a briga que já estava começando a ficar feia.

- Senhor por favor saia de cima dele - A funcionaria pediu enquanto tocava nas costas do chinês.

Rapidamente Chenle retomou a realidade e parou com os socos em Taehyun e saiu de cima do coreano olhando para o mesmo com seu pior olhar de desgosto e ódio que tinha.

- Você está bem? - Pergunta a segunda funcionária a Taehyun enquanto ajudava ele a levantar.

Taehyun apenas mexeu a cabeça de uma maneira qualquer, sentia a cabeça doer e seu nariz latejar enquanto sentia o sangue escorrer por seu rosto.

- Eu preciso pedir para que se retire da loja senhor - A funcionaria que estava segurando delicadamente o braço de Chenle.

- Certo - Suspirou e foi até o caixa com um pacotinho de balas azedas na mão - Eu gostaria de pagar isso - Disse a menina e pagou a mais o dinheiro - Não precisa de troco.

- Mas senhor, isso é muito - Disse a funcionaria.

- É pela a cena que causei - Suspirou o jovem chinês.

A funcionaria apenas concordou com a cabeça e viu o jovem chinês sair da loja.

- Chenle - Taehyun o chamou e ele virou a cabeça.

- Não cansou de apanhar não? - Perguntou sem paciência alguma.

- Podemos conversar? - O Kang perguntou.

Chenle pensou durante dois minutos e finalmente concordou com a cabeça - Mas antes, vamos na merda do hospital, eu acho que quebrei teu nariz. E já aviso que não vou pagar rinoplastia para ninguém.