Meu coração aliviado bate leve no peito, sinto como se tivesse tirado um peso enorme das costas, uma pedra no peito. Ter contado a Type a verdade, ao menos boa parte dela, representou tudo pra mim. Agora que ele sabe, nós dois, poderemos sair daqui o mais rápido possível. Mas antes, ele precisa aceitar a ideia, coisa que presumo que será difícil.
Mas nós temos que ir, fugir para o mais longe possível, porque por enquanto não posso protegê-lo do jeito certo.
— E como a gente faz pra trocar as almas? — Pergunta despretensiosamente deitado em meu sofá.
— Não tem como trocar, eu não tenho alma pra trocar com você e não estou com a sua alma, você está com a minha.
Ele me olha pensativo.
— Se você pode conviver sem alma, então eu posso viver com a sua.
Ele parecia certo do que dizia e um aperto tomou conta do meu peito. Não Type, você não pode.
— Não podemos, precisamos encontrar uma forma de acalmá-la, enganá-la por mais tempo. — Mesmo que isso só nos dê mais alguns anos.
— E o que acontece se não encontrarmos?
Mordi os lábios apreensivo do que responder; ser totalmente honesto ou ameno? Acho que não é o momento para escapar da realidade, ou será ainda mais difícil para ele compreender no futuro. Como da primeira vez.
— O que você sente de ruim vai piorar tanto que…
Ele se sentou na cama, seus olhos em ton negro, assustados e medrosos, me virei para não vê-lo. Eu sou o culpado de tudo isso, não consigo nem encará-lo sem me odiar.
— Então eu vou…
— Não, eu não vou deixar isso acontecer. — Me viro rápido e vou até suas mãos quentes e trêmulas, seguro-as nas minhas. — Prometo que vamos encontrar um jeito.
Mais uma vez sinto que estou me comprometendo com algo que não tenho controle, ao menos, não todo o controle. Além de ter que lidar com os anjos querendo a alma de volta, e por direito, porque é assim que funciona; cada alma depois do falecimento do seu dono irá para o seu lugar de direito. Além disso, tenho que lidar com o fato de que a única forma de retirar minha alma dele, vai o matar. E o não retirar, o matará também. Eu estando perto dele, está o matando ainda mais rápido, e se eu for embora, da próxima vez que nos encontrarmos, e com certeza vamos, será a nossa última vez do tamanho impacto que será na sua saúde física. Então minha única opção é ficar e encontrar uma solução.
Ele é só alguém que não teve sorte em me encontrar, como os outros que tentei salvar e falhei. No entanto, Type tem algo único nele, algo que não posso reconhecer como meu. Que não sou eu influenciando no seu jeito de ser, algo que não vi nos outros e que não sei explicar.
Ele é diferente de mim.
E vê-lo agora, deitado em meu ombro, com os olhos marejados e pela primeira vez, calado, me machuca mais que mil correntes de prata e crucifixos. Eu queria ser mais, fazer mais, me doar mais para que ele fique bem logo. Mas de uma forma que eu possa estar em sua realidade também, nós dois juntos.
•••
CASTIEL
— Nós iremos fazer isso hoje e ponto final! — Digo a ele de braços cruzados e sério. — Eu estou absurdamente cansado desse joguinho de paixão, não foi para isso que fomos enviados aqui. Ou você faz isso hoje, e voltaremos tranquilos depois de décadas, ou eu mesmo faço e voltaremos da mesma forma. Você escolhe.
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My Body, Your Soul (MewGulf-TharnType)
ParanormalTudo que sou Nunca poderei ser sem ser você Pois Somos tudo que nunca fomos sozinhos Uma parte de nós Construída sem nossa permissão Somos um conjunto que nunca poderá coexistir Éramos pra ser? Também disponível no *Spirit Fanfic*