8hs da manhã.
Type, um estudante universitário de primeiro semestre, se espanta ainda sonolento. O frio gélido que subia-lhe a cintura fez com que puxasse o cobertor, mantendo-se deitado em sua confortável cama. Não estava nem um pouco interessado em ir pra faculdade e por esse mesmo motivo não atentou-se às horas. Pouco se-lixava.
Nem mesmo lembrou de seu compromisso.
A noite passada não foi das melhores e o pobre rapaz só conseguiu dormir tarde da madrugada, tendo que acordar às 7h prá aula. Infelizmente estava bastante atrasado e só percebeu isso quando o vento frio chegou-lhe a nuca o fazendo achar que algo estava errado. Não pelo frio congelante ou pela consciência pesada, mas por estar tão claro naquele ponto. O sol entrava pelas cortinas da janela de vidro, era uma bela imagem, admiraria mais se não fosse um sinal ruim no momento.
Faculdade!
- Merda! - Se lembrou da responsabilidade e levantou-se urgente. Seu cobertor caiu no chão e o jovem se pôs com rapidez a ir de encontro à escova de dentes, rápido como de costume, correu para pôr uma roupa decente, além de sua cueca box. Não teve nem mesmo folga prá um banho que julgou precisar, sua cabeça doía e a água lhe faria bem, porém, infelizmente não teria tempo.
Não era sua primeira vez chegando atrasado, fazia exatos três dias de aulas na faculdade e nas duas últimas vezes ele se atrasou. Estava cursando psicologia e seus professores eram simpáticos até, gostava deles mas não do ambiente da universidade. Não desgostava dos outros universitários, eram pessoas ao seu ver, desconhecidas, o que realmente eram. Ainda não tinha conversado com ninguém e nem sentia vontade, francamente. O problema em questão era o ambiente que não lhe fazia bem desde o primeiro dia.
Essa irritação toda, com tudo, vinha de suas constantes dores de cabeça ou seria do insuportável desconforto que percorria seu corpo? Ele não sabia, mas sabia que não costumava ser assim. Muito pelo contrário. Type, era imperativo, e muito gentil, não deixa de ser agora, porém, se esforçava para isso. Coisa que era da sua natureza. Entretanto, há exatos dois meses desde que chegou na capital, tudo mudou e o moreno começou a ter problemas com tudo. Seu trabalho de meio período, seu corpo, sua mente, tudo uma real bagunça.
Um desastre!
Sentia saudades de casa, de sua mãe e da calmaria do interior de sua cidade natal. A senhora nos seus sessenta anos se preocupava muito com o filho, além da conta pra ressaltar. Isso porque sempre considerou o único filho como um menino frágil. Coisa que o jovem nos seus dezenove não gosta que seja dito, mas é muito apegado a mãe pra fazer quaisquer reclamações, apenas guarda para si mesmo o desconforto.
Type já não tinha mais tempo pra quase nada, seu trabalho de meio período, junto da faculdade tomava-lhe todo o tempo.
Após colocar as meias e o tênis que observou estar precisando ser lavado, jogou a mochila nas costas e saiu correndo pela porta. Agradeceu mentalmente a faculdade ficar a poucos quarteirões de sua casa, ou nem adiantaria de nada todo esforço de se arrumar às pressas.
Um irresponsável, isso que sou! - Pensou.
Minutos depois chegou ao seu destino e como previsto não tinham muitas pessoas do lado de fora, além de alguns profissionais da limpeza e outros alunos matando tempo ou aula. Mas não se preocupou muito com isso, apenas foi direcionando-se à sala. Chegando lá, observou-a cheia e a professora explicando algo no telão. Logo a senhora notou sua presença na porta e o mesmo adentrou o espaço se postando em um lugar que considerava seu, desde as aulas passadas.
- Type, atrasado de novo! - A mulher de meia idade direcionou seu olhar ao garoto que só fez uma careta envergonhado. O cúmulo! A orientadora havia até mesmo decorado seu nome. Que sorte!
- Desculpa, professora. - Nem ousou pensar em dar alguma desculpa esfarrapada, não queria e, em sua concepção, não tinha. Apenas começou tirar o material da mochila, a educadora continuou sua aula.
Horas depois da aula que o moreno não aproveitou nada, por estar divagando em dores, se preparava para sair da sala. E estava fortemente aliviado, havia enjoado a aula inteira e suas dores pelo corpo se intensificaram. Não entendia o que estava acontecendo consigo, tinha ido ao médico uma semana depois que chegou em Bangkok e fez um exame de sangue que não deu nada de errado. Seu médico disse, talvez, ser psicológico. O jovem já tinha pensado nessa opção antes, todo o estresse da viagem ou até mesmo suas próprias cobranças quanto ao trabalho e faculdade poderiam ser a causa.
Observou alguns alunos saírem, a professora já havia saído há um tempo. Jogou a mochila nas costas e caminhou para o corredor do segundo andar, alcançou as escadas e começou descer os degraus. Quando no pátio, sentiu vontade de ir até o banheiro, mas julgou não ser tão urgente, afinal, seu apartamento ficava a poucos quarteirões. Tirou o celular da calça jeans rasgada nos joelhos e verificou as horas, constatou que tinha, ainda, que fazer o almoço. Uma desvantagem de morar sozinho, você nunca deve esperar nada que não confirme ter sido feito, caso duvide que foi. Até porque é você quem tem que fazer, não tem outra opção.
Respirou fundo, já cansado só de pensar na pia de louças que teria de lavar. Abaixou o olhar para enxergar bem o bolso, assim devolvendo-o, mas antes de conseguir inserir o aparelho, sentiu uma pontada no estômago e sua visão ficou turva. A dor de cabeça piorou e ele quase caiu, se não fosse pelo esbarrão que deu em alguém. Aquela dor estava piorando o tempo todo, já não sabia o que fazer, os analgésicos não funcionavam mais ou funcionavam por pouquíssimo tempo. Na noite anterior tinha engolido dois comprimidos em intervalos não recomendados por médicos, mas nada adiantou. Talvez essa dor só tenha piorado depois disso, por causa da burrice.
Não conseguia raciocinar muito bem, mas conseguiu se desculpar.
- Aish, desculpa. - Disse sem olhar e se agachou no chão, tentou pegar seu celular, mas ao encarar a cerâmica ela se parecia mais com um borrão preto. A outra pessoa viu seu desconforto e pegou o aparelho, fazendo assim com que Type o olhasse.
Era um garoto, presumiu, já que sua visão não estava boa. Notou pelos cabelos negros que feito um borrão caíam sobre a testa, parecia estar inerte a tudo ali. Type não tardou a agradecer depois dos longos segundos que passou tentando identificar o ser, mesmo seu corpo estando o traindo e querendo descansar no chão. O garoto observou-o por alguns segundos, olhos nos olhos e se levantou do chão onde tinha se agachado para pegar o aparelho. O moreno, esse se virou e ficou observando o jovem. Suas pernas não obedeciam-no e o corpo ainda estava fraco. Parece ter piorado.
- Obrigado. - Type disse antes de ver o garoto virar-se e olhá-lo depois de ter lhe dado as costas, nada disse, apenas começou andar apressado.
A fraqueza nas pernas foi mais forte e não conseguiu nem ficar agachado, deixou que a dor vencesse e se sentou. Pôs a mão sobre os olhos e esperando que o enjôo e a dor passasse, mas antes que isso pudesse acontecer alguém veio em seu socorro. Sentiu os olhos pesados e as lágrimas vieram com força, comprimiu os lábios tentando não chorar mas aquela sensação veio com vigor e foi inevitável. O desespero e a pressão no peito, como se fosse o fim. O corpo doía, as penas não obedeciam e o estômago revirava em desespero e ansiedade.
Parecia um ataque de pânico!
- Ei, está bem? - Ouviu uma voz masculina dizer e não soube dizer se era o mesmo garoto ou outro, não sabia nem que direção vinha a voz, apenas acenou com a cabeça um "não". Não conseguia processar nada e muito menos dizer em palavras. - Ok, vem comigo na enfermaria.
Só queria ir pra casa, porém, só iria conseguir o feito horas depois.
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My Body, Your Soul (MewGulf-TharnType)
ParanormalTudo que sou Nunca poderei ser sem ser você Pois Somos tudo que nunca fomos sozinhos Uma parte de nós Construída sem nossa permissão Somos um conjunto que nunca poderá coexistir Éramos pra ser? Também disponível no *Spirit Fanfic*