Prólogo

1.1K 94 8
                                    



24 de dezembro de 2007


O carro deslizava lentamente pela rua que estava encharcada por conta da chuva forte que caia do céu negro da noite.

— Mamãe nós já estamos chegando? — o rapaz de apenas quinze anos indagou á mãe que pilotava o carro.

— Sim querido, faltam apenas alguns minutos. — ela se virou rapidamente para sorrir ao filho.

— Que pena que o papai foi ontem, eu queria fazer essa viagem com ele também, nós três juntos sabe... — ele disse brincando com os próprios dedos.

— Ele precisou ir para ajudar sua avó a fazer os preparativos da ceia de hoje querido. — a mulher respondeu enquanto trocava a marcha do veículo, a pista estava um caos.

— Eu sei.— o rapaz respondeu fixando seu olhar na estrada — Você já comprou meu presente? — ele se animou indagando á sua mãe.

— Sim, mas só vou entrega-lo quando chegarmos á casa da sua avó. — a mulher respondeu apertando os olhos para tentar enxergar melhor a estrada á sua frente.

— Mal posso esperar para saber o que é. — ele bateu palmas, demonstrando animação — Me dê uma dica mamãe?— o jovem se debruçou sobre o banco para tentar ver o rosto de sua mãe.

— Não posso querido, se não vou estragar a surpresa. — ela riu divertida — Sente-se, está atrapalhando a minha concentração na estrada.

—Me fala mamãe! — o rapaz sacudiu a manga da blusa da mulher — Por favor! — ele insistiu.

— Filho, você está me atrapalhando! — a mulher olhou para o rapaz que estava sentado no banco de trás, ele estava com os braços cruzados e uma carranca no rosto por conta do jeito que sua mãe havia falado com ele. A mulher esticou o braço acariciando o rosto do jovem — Não fique bravo com a mamãe, eu te amo muito.

O rapaz sorriu para a mulher, mas logo os lábios foram abertos em um grito agudo.

Um farol alto atingiu o rosto da mulher quando ela se virou para frente assustada e apenas o som da buzina junto com a freada do carro foi audível.

O capotamento aconteceu em instantes e bastaram alguns milésimos de segundos para aquele aniversário se tornar o pior de todos.


Alguns anos mais tarde...


Os olhos azuis logo avistavam o teto branco acima do corpo pequeno e encolhido de frio que repousava sobre a cama.

O rapaz se levantou lentamente e enrolou-se com o cobertor antes de caminhar para o banheiro e se despir rapidamente. As pequenas mãos giraram o registro do chuveiro e logo a água morna tocava o chão e fazia um barulho repetitivo. Logo o pequeno corpo se encontrava debaixo da água corrente e o rapaz já estava acordado o suficiente para mais um longo e entediante dia de aula.

Louis Tomlinson, esse era o nome do pequeno rapaz que vivia uma vida tão difícil quanto ele mesmo assumia á si próprio.

— Bom dia filho. — o homem com seus quarenta anos no máximo, disse ao avistar Louis se sentando á mesa.

— Bom dia pai. — o jovem respondeu mexendo nos bacons que estavam em seu prato.

— Hoje eu tenho o dia de folga, mas vou fazer plantão durante a noite tudo bem? — o homem disse ao filho que apenas balançou os ombros — Vou deixar os remédios em cima da mesa, não se esqueça de tomá-los corretamente, ok?

— Não vou pai. — Louis respondeu suspirando.

Ao terminar o café o jovem voltou ao seu quarto e pegou sua mochila. Vestiu um suéter já que fazia muito frio.

Como hoje seu pai estava de folga então pegaria uma carona com ele até o colégio, o que o pouparia de se atrasar, uma das coisas que Louis odiava, já que teria que pedir desculpas e permissão para entrar ao professor na frente de toda a sala, e Louis não gostava nada de diálogos, principalmente na frente de pessoas desconhecidas, sim ele era extremamente tímido.

— Acho que temos vizinhos novos. — o pai de Louis disse quando o filho fechou a porta do carro adentrando o veículo. Louis direcionou seu olhar á casa branca de madeira que ficava em frente á sua, no quintal da mesma havia diversas caixas de papelão e um carro na garagem. Um homem alto carregava algumas caixas para fora e acenou para o pai de Louis assim que o carro passou ao lado dele, o pai de Louis o cumprimentou com um aceno e soletrou um "bom dia" — Parece ser uma família decente. — o homem disse ao filho que procurava por alguma música interessante em seu celular.

Louis não respondeu nada, apenas assentiu com a cabeça e colocou os fones no ouvido rapidamente, ele não queria começar um diálogo com seu pai.

O caminho até a escola foi rápido e logo Louis já estava dentro do local á caminho de sua sala.

Ao avistar á mesma ele apressou-se para sentar-se no seu lugar preferido e longe de todos.

Havia apenas algumas garotas sentadas sobre as mesas conversando coisas desinteressantes e mal notaram a presença do rapaz.

Louis se sentou na última carteira e debruçou sobre os braços tentando ser a pessoa menos notável do mundo, mas toda vez que ele fechava seus olhos as cenas voltavam á sua mente. 

O som da buzina estridente, a luz alta do farol e o som dos pneus tentando frear ao máximo antes da colisão.

Os pensamentos foram desfeitos quando o rapaz sentiu alguém o cutucar, ele levantou os olhos lentamente e avistou o rapaz loiro com olhos azuis sentando á sua frente, era Niall, seu único amigo.

— E aí cara! — Niall acenou para o mesmo.

— Oi. — ele respondeu esfregando os olhos.

Logo o professor adentrou a sala e deu inicio á aula e Louis simplesmente tentou ser o mesmo que sempre foi: imperceptível.


✖✖✖


O sinal tocou avisando o término do dia letivo, Louis esperou a multidão correr para fora do colégio para depois sair caminhando pelos corredores junto com Niall.

Niall falava sobre como estava contente por ter entrado para o time de futebol da escola e Louis apenas concordava com a cabeça. Ambos se separaram ao chegar ao portão e combinaram de ir para a escola juntos no dia seguinte.

O celular começou a vibrar no bolso de Louis e ele visualizou "Pai" no visor atendendo logo em seguida.

—Oi pai. — ele disse assim que levou o aparelho ao ouvido.

"Louis, eu não vou poder ir te buscar porque estou ajudando os novos vizinhos com a mudança, quando chegar aqui venha direto para cá, estamos te esperando."

— Ah pai, eu tenho que ir mesmo? — Louis bufou.

"Sim Louis, eu quero que você os conheça."

O rapaz não respondeu nada apenas desligou o aparelho e seguiu seu caminho.

Em menos de vinte minutos Louis estava no quintal dos novos vizinhos e encarava a porta aberta em sua frente. Não havia ninguém do lado de fora da casa então resolveu entrar á procura de seu pai.

A casa era realmente grande e havia várias coisas espalhadas, o jovem estava tão deslumbrado com o tamanho da casa que mal reparou o outro jovem que caminhava com uma pilha de caixas em direção á ele.

A única coisa que sentiu foi o choque de corpos que ambos deram e o chão ao cair.

Um par de olhos verdes encontraram os dele e ele sentiu algo estranho com si próprio, pela primeira vez na vida novamente, Louis sorriu.


Iron Soul ❥ {hes + lwt}Onde histórias criam vida. Descubra agora