CAP. 12 - FORA DA CIDADE

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EMILY

A cidade foi deixada para trás em pouco tempo com a velocidade do carro. Tudo passou rápido demais, as luzes, as pessoas, os semáforos e o barulho dos veículos. Isabelle continua desacordada em meu ombro, ainda não a tinha visto dessa forma por tanto tempo, nem sabia exatamente se era possível. A possibilidade de ela estar fingindo me aflige, isso significaria que conseguiu ouvir cada parte das minhas discussões com William.

O príncipe, não consigo olhar em seus olhos e evito o retrovisor, nada consegue me convencer que ele não seja um traidor. Tentar relativizar a situação e encontrar a solução sem que alguma das partes saísse prejudicada foi a pior escolha que eu poderia ter tomado. Agora, sigo em uma direção incerta prestes a perder cada mínima coisa que considerei ter conquistado.

Atravessamos outra cidade antes de percorrermos alguns quilômetros sem sinal de vida humana. William manobra o carro em um caminho de terra quando sai do asfalto. Os raios do sol começam a tingir o céu com uma coloração mais clara. Não consegui acompanhar o tempo, ter noção do que houve. Como se passaram vinte e quatro horas em tão pouco tempo?

— O que exatamente aconteceu lá? — após horas, a voz dele quebra o silêncio, que há tempos passou a se tornar desconfortável.

Permaneço calada. Concentro-me em apenas sentir Isabelle próximo, já considerei a possibilidade de me jogar para fora do veículo com ela e pelo tempo que está desacordada, não deve estar longe de acordar, embora o seu organismo vampírico esteja respondendo de forma lenta.

— Não precisa me tratar assim, Emily — sua voz continua em um tom ameno. — O que quer que eu faça? Peça desculpas? — suas mãos giram o volante e continuamos em um caminho de terra, a avenida já ficou para trás. — Estou levando você e a vampira para um lugar seguro, longe de toda aquela loucura, isso não basta?

— Você já deixou claro as suas intenções — continuo não olhando para os seus olhos. A cabeça de Isabelle se move e isso me assusta, mas percebo que foi pelo balanço do carro. Afasto o seu cabelo que cai em seu rosto e começo a me repreender por isso. Paro. Talvez eu deva começar a tentar deixar de me repreender por isso, o meu futuro já está traçado mesmo. Continuo calada.

— Não entende como essa seria a chance perfeita? — pela primeira vez o olho, apenas para ver os seus olhos em Isabelle pelo retrovisor. — Seria tão mais simples para nós, tudo poderia voltar a ser como antes. O nosso acordo.

— Pensei que tudo tivesse mudado e que eu fosse a traidora imperdoável.

— Para com isso, Emily — sua voz fica muito séria. — Olhe, ali está a casa — aponta com a cabeça para uma grande residência ao longe. — A casa era de uma família de fazendeiros, mas acabaram sendo assassinados... — os seus olhos focam na vampira outra vez e me nego a aceitar suas indiretas. — Encontrei a residência enquanto te buscava. A observei por um tempo e não vi qualquer sinal de movimentação, podemos passar um tempo aí sem chamar a atenção até decidirmos o que vamos fazer.

A residência se aproxima e noto a madeira envelhecida. Todas as janelas estão fechadas e com cortinas pelo lado de dentro. A casa tem dois andares e uma pequena escada na frente. O carro para na frente do lugar e abro a porta, não quero mais ficar um minuto próxima desse homem. Levo Isabelle para a entrada da residência, preciso usar muito mais força para conseguir, nego a ajuda que William tenta nos dar.

— Não vai ganhar nada fazendo isso — ele diz, fechando a porta em seguida.

O peso do corpo de Isabelle diminui quando o príncipe insiste e me ajuda a carregá-la. Subimos os pequenos degraus e ele chuta a porta para que consigamos entrar. Um cheiro forte de poeira e mofo sobe no ar e me desorienta, espirro algumas vezes. William vai na frente para se certificar que esteja realmente vazia.

A Última Vampira (2ª edição) - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora