A Última Vampira (2ª edição) - Livro Um

CAP. 14 - DESCOBERTAS

ISABELLE

Endireito a postura e abro a porta, três policiais. Uma mulher e dois homens, um nitidamente mais velho que o outro. Reparo em suas respirações, batimentos cardíacos, pulsações e postura, não estão tensos, até parecem surpresos ao me verem. A mulher toma a frente, está com o cabelo de um tom escuro de vermelho em um rabo de cavalo alto na cabeça, possui uma expressão séria e autoritária, com a mão sobre a arma na cintura. "Rachel Silva", está em sua identificação.

— Bom dia, senhorita — Rachel começa a falar, seus olhos parecem ter sido forçados a amadurecer rápido demais. — Recebemos um chamado após alguns eventos conflituosos nas redondezas. O hotel solicitou que fizéssemos uma vistoria depois que identificado o roubo da chave deste apartamento. Gostaríamos de averiguar a área interna do lugar, estamos apenas fazendo o nosso trabalho.

Olho outra vez em seus olhos e agora ela também me encara, parece não me conhecer, mas identifico uma insígnia das forças armadas da Fterotós, empresa da qual a RDIC faz parte. Os nossos olhares cruzados são como um conflito de interesses e poder, mas ela também sabe que irei deixá-la entrar, nem pediu permissão para isso.

— Se for pela integridade dos agentes da Fterotós — abro mais a porta e dou passagem para que entrem. Observo a expressão de cada um e vejo compreensão no olhar da mulher e do homem mais velho, o mais novo deve ser algum novato. — Feriram alguém nesses "eventos conflituosos"? — enalteço a expressão.

— Felizmente, não tivemos sinal de danos aos civis — o senhor se posiciona. "Alberto Nogueira" é o seu nome, sua identificação é a mais limpa dentre as três.

— Posso olhar a varanda? — o mais novo me olha.

— É o seu trabalho, Diego — olho sua identificação e falo com um olhar enfático, que pergunta idiota.

— Deve haver algum engano — Rachel se aproxima com um dispositivo digital na mão. — A recepcionista afirmou com total certeza que a chave deste apartamento foi roubada e que viu uma jovem não identificada de cabelos castanhos saindo da recepção, mas...

— Mas eu estou com o registro formal do lugar — completo. Só quero que toda essa palhaçada acabe. — Como pode ver, o apartamento está registrado no meu nome. Sou Isabelle Monther, agente do departamento de criminologia da Fterotós. E como podem ver, não há nada de errado. Agora, se me dão licença, eu gostaria que...

— Isabelle, você acha que eu deveria... — Emily fala abrindo a porta do quarto, está com um robe branco e com os cabelos enrolados em uma toalha. Sua fala se perde ao ver os policiais e não consegue disfarçar a vergonha, que faz as suas bochechas ficarem vermelhas.

Não escondo o sorriso ao ver o seu rosto e sua expressão. Emily me olha com urgência e lhe direciono um sorriso. O policial mais jovem está retornando da varanda e desvia o olhar, assim como Rachel fez no momento em que a porta foi aberta.

— Se me dão licença, gostaria de aproveitar o descanso da minha última missão sozinha com a minha namorada — o rosto de Emily fica ainda mais vermelho e me direciono a Rachel. — Posso curtir o meu sossego ou vou ter que fazer mais alguma coisa? — demonstro desconforto.

Os dois homens saem do apartamento e digo para Rachel que está tudo bem. Emily volta para o quarto e fecha a porta, a lembrança de sua expressão me faz rir um pouco. Antes de sair, Rachel fala:

— Como agente da Fterotós, deve conhecer os protocolos — seu olhar é desconcertado. — Mesmo assim, desculpe o incômodo.

Sem dizer nada, espero ela sair para fechar a porta com força. Não preciso ser gentil com as pessoas e, sinceramente, não me importo se ela precisa seguir os protocolos. E pensar em toda a situação me fez lembrar de Emily e sua expressão quando me entregou a chave... O que custa ter um pouco mais de atenção para não pegar a talvez única chave dourada da porra da gaveta de chaves?