A Última Vampira (2ª edição) - Livro Um

CAP. 33 - EXPLOSÃO DO OESTE

ISABELLE

No caminho para um dos departamentos da diretoria dos laboratórios, Wuan assume que o Sul errou ao se afastar das decisões políticas dos Quatro Reino, pois dessa forma passaram a ter que se defender sozinhos em conflitos. A independência ajudou na autonomia, mas isso se tornou algo limitado. Se qualquer um dos outros reinos quisesse invadir os limites do sul, eles enfrentariam complicações.

Permaneço com o casaco, o capuz e a máscara, assim como o deslocamento sorrateiro. Por sorte, de modo geral, faz muitos anos desde a última vez que andei por essas terras. Wuan tomou a frente do grupo e nos guiou por algumas ruas mais vazias. Os prédios são de um material semelhante a vidro, em uma cor escura. Algumas crianças licantropes passam por nós, isso me faz lembrar do garoto que estava no laboratório em que Wuan e eu nos conhecemos.

— Por isso o Sul colocou laboratórios do outro lado do oceano? — questiono e Wuan assente.

Logo atravessamos uma porta de vidro e o sol fica para trás, a sensação no meu corpo não é tão diferente, como se estar no sol não fosse pior que estar na sombra, analiso o motivo. O sol deveria ter me causado um maior desconforto. Somos guiadas por corredores limpos e com saídas de ar-condicionado, algumas portas de vidro escuras levam para pequenas salas que parecem recepções, outras, salas de reuniões. O corredor se alonga e vejo guardas licantropes, Wuan os dispensa e segue para a sala do conselho.

Quando chegamos, um pequeno grupo de homens de ternos brancos nos esperam, todos com uma idade acima dos cinquenta anos, aparentemente. O envelhecimento dos licantropes foi algo que nunca consegui me aprofundar por completo, alguns envelhecem mais rápido que outros e apenas nesse momento percebo que já deveria conhecê-los melhor. Passar tantos anos os renegando e os diminuindo, na realidade, não reduz suas habilidades.

— Elas possuem informações que podem salvar os laboratórios, Conselho — Wuan se coloca ainda em nossa frente. No caminho, concordamos que eu me manteria com o capuz e a máscara. Todos me conhecem, sabemos disso, mas permaneço da forma que vim.

— A invasão é licantrope — um dos homens do seleto grupo fala.

São cinco homens. Wuan informou que no Conselho do Sul os cientistas abdicaram de seus títulos em nome da ciência, todos respondem pelo Conselho como uma unidade. Pela expressão do cientista que nos trouxe aqui, a informação de que outros lobos estavam atacando o território do Sul é nova.

— Os lobos estão se atacando? — Melanie pergunta, dando um passo à frente. Seus olhos se movem rapidamente como se montasse um mapa em sua cabeça ou buscasse lembranças.

— Acho que foi a Fterotós — Luana olha para minha irmã.

— O Conselho enviou um pedido de ajuda para a Fterotós — uma das vozes do Conselho informa.

— Vocês assinaram sua sentença — Layla fala, em seguida me olha e sabemos exatamente o que está por vir agora.

— Ela virá para o conflito — digo em voz alta, mais para Layla. Cassandra. Ambas sabemos que ela está vindo e que me buscará. Sabemos que ela já imagina que estou atrás de Emily. Nesse momento, o conflito que já era ruim, se torna quase inimaginável.

— De qual reino os lobos invasores estão vindo e o que querem exatamente? — pergunta Melanie.

— O Conselho recebeu informações que estão vindo do Reino do Oeste — outra das vozes conselheiras fala, chega a ser estranha a forma como se distanciam de suas identidades, sinto como se olhasse para máquinas que seguem um protocolo de comunicação.

— Eles podem não estar buscando combate, mas abrigo. A Fterotós pode ter invadido as terras do Oeste — Wuan fala, pensativo e preocupado.

— A Fterotós ganharia duas jogadas sem esforços — Layla diz e me olha novamente, nossos raciocínios estão próximos e me sinto curiosa em saber onde seus pensamentos a levarão. — Se o Oeste é o mais fraco militarmente, e o Sul não participa de combates e ainda pediu ajuda... A Fterotós oferecerá algo para o Oeste... — ela junta as peças em sua mente e parece certa de cada palavra.