Prólogo - Reescrito

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PRÓLOGO

Mia Amorim

Passo pelos corredores brancos acompanhada de uma enfermeira negra, muito bonita e alta. O cheiro parecido com o de hospital enche minhas narinas; eu não gosto de estar aqui, menos ainda quando se trata de uma casa de repouso.

— Este é o quarto da senhora Amorim — ela me mostra a porta e segue pelo corredor me deixando sozinha.

Eu não quero entrar e ver minha mãe me confundido com a minha irmã gêmea que morreu em um acidente de carro; o único membro que restou da minha família foi ela, pois nunca conheci meu pai.

Preciso ser forte e lutar, antes de vir vê-la fui à procura trabalho, mas infelizmente era a mesma ladainha, entregava o currículo e eles me diziam que ia me ligar. Só que nunca ligam.

Abro a porta devagar e a vejo deitada imóvel na cama olhando para o teto.

— Mamãe? — digo fazendo com que ela me olha e abra os braços.

— Minha filha querida! Entre Alice, não fique na porta.

—Mamãe é a Mia, Alice morreu, não lembra? — arregala os olhos.

— Se você não é Alice, então é uma impostora —grita — Usurpadora, saia do meu quarto.

Coisas começam a voar em minha direção, rapidamente duas enfermeiras chegam para acalmá-la e me tirar daqui. Lágrimas passam a molhar meu rosto deixando minha visão borrada.

— Não fique assim, outro dia ela me perguntou de você. — Fala uma enfermeira que está comigo no corredor.

— Sério?

— Claro, meu anjo! Mesmo estando com Alzheimer, ela tem seus momentos lúcidos e sempre chama o seu nome.

— Obrigada! Volto na próxima semana para vê-la. — Sorrio e a abraço.

— Não se esqueça de pegar uma carta que está direcionada a você na recepção.

Aceno e vou em direção ao balcão enquanto limpo minhas lágrimas.

— Oi, meu nome é Mia Amorim e disseram que tem uma carta para mim — digo à recepcionista.

—Senhorita Amorim, certo... — A moça vestida de branco mexe em uma pilha de papel e tira duas cartas me entregando.

— Obrigada.

Sorrio e saio da casa de repouso. Ando até a parada pegando o primeiro ônibus que vai em direção à minha casa, assim que sento abro as cartas e percebo que são contas do tratamento da minha mãe. Há três meses que não pago minha parte do aluguel a minha melhor amiga e colega de quarto, além das contas de água, luz e alimento que, também, estão atrasadas. Estou fodida e mal paga.

Logo que chego em casa, jogo minha bolsa para o lado e deito no sofá-cama onde durmo. São tantas contas, não sei o que fazer para sair desta situação. A única coisa que me faz esquecer é limpar a casa, então é o que faço neste momento. Amarro meu cabelo, mudo de roupa e começo a arrumar tudo ao meu redor, ligo o som e começando a dançar e a limpar. Quando o meu pequeno apartamento está quase limpo, ouço um barulho da porta se abrindo.

— Calma, dona Maria.

Olho espantada dando de cara com Cassie, minha melhor amiga e colega de apartamento. Seus longos cabelos negros estão soltos formando uma cascata em suas costas, seus olhos castanhos parecem cansados; ela tira seu salto e o joga do outro lado da pequena sala.

— Cassie, pensei que você chegaria à noite, como foi o trabalho? — ela suspira e senta no sofá.

— É, foi legal. Conseguiu um emprego?

Mia -  Vende-se Virgem- Trilogia Beast - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora