Capítulo 18

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— Sim, ele está dormindo agora – Tul ainda encara o menor adormecido sobre  cama de hospital — Gun acha melhor que ele passe a noite aqui, ainda precisa passar pela avaliação da psiquiatra, o doutor também falou que o quanto antes ele iniciar o acompanhemos psicológico melhor – agora o homem se aproxima de Gulf, lhe fazendo um leve carinho nos cabelos — Eu sei Max, eu sei, mas… Eu achei que ele já tinha sofrido bastante pra ter que reviver aquelas lembranças, você lembra como ele estava machucado quando o achei, mas sei que tenho uma parte da culpa pelo que está acontecendo – o omega já não podia segurar as lágrimas de culpa em seu peito, se ele nao tivesse protegido tanto o garoto, agora ele poderia estar passando por isso de uma forma mais segura — Ta,  tudo bem, Plan falou que vai estudar até tarde e qualquer coisa faz um sanduíche se sentir fome – trocando mais algumas palavras com o marido, Tul se despede do mais velho assim que os olhos de Gulf se abrem — Eii pequeno como se sente ? – mesmo que os olhos estivessem inchados do choro, ainda sim eles puderam sorrir pro garoto — Tul o que hou – mas assim que ele tenta se sentar na cama seu corpo é jogado pra traz por conta das amarras que prendiam suas mãos e pés a estrutura de plástico da cama — Tul por que… Por que estou amarrado? – a cabeça do jovem omega estava confusa, sua boca parecia seca e a percepção das coisas a sua volta era lenta — Como você está se sentindo ? – Tul respirou aliviado ao ver que o menor parecia ter recobrado o entendimento da realidade, libertando os pés e as mãos do menor — Gun achou que seria melhor te manter assim, até ver como você ia acordar. 

Gulf encarava o mais velho de sobrancelhas franzida, o que havia acontecido ali ? Tudo que ele lembrava era de estar no mercado e então...E então seu corpo congela ao lembrar do homem, do cheiro fétido de  álcool e feromônios, algumas manchas de imagens aparecem em seus pensamentos, imagens borradas daquele lugar misturadas a este quarto de hospital, agora as lembranças ficam nítida, mas ainda parecem falsas pro garoto, apenas quando ele avista o pequeno corte sobre a maçã do rosto de Tul é que ele entende que de fato aquilo foi real — Ah Tul me perdoe, não foi por querer, por favor me desculpe, eu não sei o que – a lembrança de si mesmo brandindo um bisturi e avançando com ele em direção ao mais velho, o menor soluça de vergonha e culpa, enquanto as mão de Tul lhe abraçam apertado

— Shhh, tá tudo bem  você não tem culpa de nada filhote, você é a única vítima aqui – o ômega abraçava o menor assustado que soluçava em seus braços, e foi quando se dobrou sobre a cama pra abraçar melhor o mais alto que ele sentiu uma pontada em sua barriga, e mais um lembrança voltou, a sensação da faca sobre o ventre apavorou o garoto

— Tul...Tul chame o doutor Gun pra mim, eu senti algo estranho, peça pra ele vir ver o bebê, por favor – e Gulf já sentia em seu coração que algo estava errado, mas só quando o corpo de Tul ficou completamente imóvel foi que o menor se deixou tomar pelo pânico, se afastando do homem e o encarou com olhos alarmados — Tul por favor chame o doutro sim, acho que pode ter algo errado com meu bebe – o ômega tinha os olhos mais tristes que Gulf já tinha presenciando até a hoje — Ah pequeno eu sinto muito – o choro de Tul que saiu junto com suas palavras deu a certeza que Gulf não queria ter naquele momento — Não...não, é mentira, por que você ta mentindo pra mim – o menor começava a se afastar, balançando a cabeça em negação — Não, meu bebe não – abraçando a própria barriga seu grito de dor o levou direto ao chão, de joelhos o menor soluçava a dor de sua perda, Tul queria se aproximar, mas tinha medo de piorar a situação com algum consolo inútil, chorando junto ele apenas observa, deixando o menor extravasar, mas quando Gulf se ergue do chão com o olhar transtornado, Tul se sente mais uma vez culpado — Foi ele, ele roubou meu bebe, foi ele que levou meu bebe – o olhar de Gulf parecia desfocado enquanto o menor se afastava até bater contra a parede

— Foi ele, ele levou meu bebe, ele disse que faria isso – o homem de corpo frágil e coração destruído se deixa escorregar pela parede, Tul grita porta afora em busca de alguem que pudesse lhe ajudar, mas Gulf já não se importa com mais nada, abraçando o próprio corpo se deixa no chão, as lágrimas que formam uma poça ao seu redor, ainda que corressem por  dias jamais teriam a profundidade da dor em seu peito, o ventre agora vazio, causa a maior dor que o garoto já sentiu em toda sua existência, e se desapegado de qualquer força para lutar que ele tivesse, Gulf se deixa colapsar… Mais uma vez estava sozinho 

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