A Marca

Capítulo 23 { Primeira part}

O mais velho havia ido embora a algumas horas porém o calor de seu beijo permanecia sobre os lábios de Kanawut, a ternura do contato continuava sendo relembrada pelo garoto e a pequena pontada de raiva contra si mesmo também, afinal, quando as coisa estavam se tornando mais intensa ele recuou, o toque era cuidadoso mas assim que as mãos de Mew tocaram sua cintura, aquele medo atingiu seu corpo, por mais que Gulf quisesse se livrar daquelas memórias elas ainda o atormentavam todas as noites, por sorte ele havia aprendido desde criança disfarçar suas emoções, além do que se sentia culpado por em tão pouco tempo, já ter dado tanto trabalho a Tul. Mew como o príncipe que era se afastou no mesmo instante em que o corpo do Omega ficou tenso, os olhos do médico explodiram em excitação, mas ele sorriu pro mais novo e começou a recolher as bandejas da janta lhe dando as costas, porém Gulf ainda podia ver as pontas coradas de suas orelhas

— Hum, Bem... Semana que vem eu... Eu fui convidado para uma festa de casamento, e pensei que se não for muito abuso, bem se... Você gostaria de ser meu acompanhante ? – o jovem ômega não pode evitar a risada baixa por causa da forma meio atrapalhada como o convite foi feito. Mas, Gulf não fazia ideia do que responder, por mais que gostasse da companhia do médico, será que sua relação era íntima o suficiente pra esse tipo de compromisso !? Será que não era cedo demais para fazer parte da vida social do mais velho !? E se sim, então por que ele disse sim ? Por ele apenas concordou ainda dizendo que adoraria !? Perguntas que até agora ele não saberia responder, mas tinha certeza que responderia a mesma coisa se sua recompensa sempre fosse aquele largo e brilhante sorriso que surgiu nos lábios do médico

— Gulf estou entrando – Bass bateu a porta já informando de sua chegada, ainda que o omega não se sentisse pronto a compartilhar todas suas emoções e lembranças com o seu novo médico, ele não podia negar que o rosto fofo do omega lhe transmitia uma certa paz

⌛⏳

— Tul, tem certeza? me sinto estranho, não é muito chamativo ? – o pequeno ômega se sentia nervoso, além de estar prestes a aparecer em um casamento onde não conhecia ninguém além de seu acompanhante, o terno escolhido por Tul era, digamos assim, diferente. O terno de tom amarelo sobreposto a uma camisa de seda azul marinho, segundo o omega mais velho realçava a pele clara e o doce sorriso do menor — Confia em mim, você tá lindo filhote – o tratamento carinhoso agora já era aceito e até querido por Kanawut que sorriu agradecendo o elogio do omega
— Pai já to saindo — Plan apenas grita de fora do quarto — Perai me deixa te ver – Tul sai rapidamente da cama na esperança de ver o filho arrumado, o garoto também teria uma festa hoje, mas o barulho da porta da frente batendo, mostra que o pai não foi rápido o suficiente
— Sério esses aborrecentes tão cada vez pior – resmungava o mais velho balançando o cabelo e voltando pra cama, Gulf não pode segurar a risada diante do comentário, mas o sorriso se desfez na hora em que a campainha tocou, ele sabia quem estava ali, o homem que cada vez mais tomava conta de seus pensamentos e hoje tomaria conta de seu tempo e companhia.

Caminhando nervosamente atrás do dono da casa, o pequeno ômega espera que a porta seja aberta, e assim que ela é, o garoto precisa se controlar para não se expressar em voz alta.

Parado na porta o médico alto e sorridente lhe encara, perfeitamente moldado por uma camisa branca e um terno cor de creme, com a muito bem arrumada gravata borboleta preta ao redor do pescoço, aquela roupa em qualquer outra pessoa, a transformaria em um belo e impecável garçom, mas no corpo de ombros largos do mais velho, aquela roupa parecia uma vestimenta da nobreza, algum príncipe em algum lugar do mundo provavelmente se vestia igual — Sou muito, mas muito bem casado, mas também não sou cego doutor, você está um pecado com essa roupa – e ainda escondido atrás de Tul que acabara de fazer aquele comentário, Gulf teve o prazer de ver seu acompanhante corar — Agradeço mas não estou tão bonito quanto Gulf – olhando diretamente pra si, o elogio chega junto com um perfeito sorriso e um olhar que deixava claro muitas outras coisas, como se já não estivesse envergonhado o suficiente, a lembrança do beijo invade sua mente, permitindo apenas que um obrigado engasgado saia de seus lábios — Eu estou parecendo um quindim – murmura ele baixinho ainda mais envergonhado pela comparação infantil, e quando Mew deu novamente sua opinião Gulf quase pensou em abandonar a ideia de ir ao casamento e correr pro hospital, tamanha a intensidade como seu coração batia com tais palavras