A Marca

Capítulo 40

O barulho de tiros era alto, alguns corpos podiam ser vistos pelo chão, choros de desespero também se misturavam aquela confusão
— Droga de onde surgiu tanta gente – o policial abaixado atrás de um caixote resmungava alto pra que sua frustração se sobressaisse acima da balbúrdia que acontecia ao seu redor

— Pelo menos estão do nosso lado — o alfa tenta, ainda que sem sucesso, ver o lado bom da situação — Numa situação como essa não há lados Mean, não se pode confiar ninguém  – agora era Off que trocava algumas palavras com os alfas ali, os sons ainda eram altos mas o foco daquela pequena equipe era a porta vermelha no topo da escada — Vocês fiquem aqui, Mew você, vem comigo — Max cordenava  a operação, e assim como com seu filho ele parecia já conhecer  bem o pirralho ao seu lado — Não Mean, você está com a perna machuca enão  vou arriscar a vida do pai do meu neto, nada pessoal doutor — diz ele rapidamente se desculpando com o pediatra ao seu lado — Tudo bem eu também não o deixaria ir – acho que o ditado de "diga com quem andas que te direi quem é " não poderia ser mais bem aplicado aqui, já que Mean agora tinha o mesmo bico de seu noivo sobre os lábios — Eu cuido dele, vão agora – quase gritou Off enquanto disparava sua arma na direção contraria de onde estavam, e recebia algumas balas em sua direção, Max próximo a si, tem uma rápida troca de olhar com o amigo, ambos expressavam um grande "Boa Sorte" 

Correndo escada a cima, o policial é acompanhado de perto pelo alfa que lhe surpreendendo dispara sua arma bem próximo dele, que ao olhar pro lado vê um corpo ainda caindo, o homem segurava uma faca que estava claramente endereçada ao mais velho, um olhar e um aceno de cabeça eram tudo que Nattapol poderia lhe oferecer naquele momento, ao chegar em frente a porta, Max exita por meio segundo, antes de arromba-lá 

O cheiro que invadiu seu olfato lhe fez sufocar, o cheiro de sexo e feromônios era absurdo, mas não era um aroma exitante, era o cheiro de medo, de dor, de… morte 

— Merda, se afasta – a pouca luz do cômodo dificultava sua visão, um amontoado de caixas, roupas e uma mesa com pilhas de dinheiro estavam em um canto da sala, a luz avermelhada balançava apenas pendurada por um fio no teto, mais ao fundo da sala haviam dos corpos em pé, Turbo podia ser visto na frente, seu rosto vermelho não era só pelas claras marcas de agressão, também eram pelo evidente efeito da droga que corria em suas veias, atrás de si, um corpo de proporções  pequenas, os olhos pareciam sem vida, talvez pela luz que refletia sobre eles, os cabelos pintados, já desbotavam, as feições quase angelical deixavam claro o subgênero do desconhecido,um omega, mas o que chocava mais era a idade, Max era muito bom em avaliar pessoas e em espanto ele pode afirmar o garoto não tinha mais que 18 anos, a arma em sua  era pressionada contra a cabeça  de Turbo totalmente trêmula, a voz pareciam estrangulada — Eu disse pra se afastar – após o grito apenas o som do tiro ecoou pela sala 

Algumas horas antes residência Nattapol…

— Nem fudendo !!!! 

— Paii – retruca Plan ao escutar o palavrão saindo dos lábios do mais velho, seu pai não era uma pessoa adepta a palavreados desse tipo, mas  ao saber que Max iria hoje pra uma missão quase suicida e sem nenhum apoio fez com que o monstro da ira tomasse conta do omega — Não tem pai, você tem noção do que seu pai está querendo fazer ? Tem noção de quantas vezes durante esses meses eu tive que notificar famílias de suas perdas ? Eu não vou ser um desses Max, eu não vou receber seu distintivo a beira de um caixão, NUNCA – completamente alterado e choroso Tul explana seus medos e frustração diante daquele absurdo, sendo amparado por seu irmão 

A pequena reunião acontecia na sala do apartamento do omega, Off, Max, Mean, Mew, Plan, Gulf e o pobre Kaow, todos estavam ali dando suporte, Off iria junto mas ainda sim era loucura pensar em apenas dois alfas, ainda que policiais, mexendo com um esquema de sequestro, prostituiçao, cárcere privado, e tráfico era mais do que eles podiam lidar  — Meu amor 

— Meu amor o caralho Max, não ouse falar meloso comigo sendo que pretende se meter nessa loucura – Tul se afasta quando o marido tenta se aproximar tocando seu braço, o policial apenas suspira, conhecia muito bem seu amado — Por mais que seja difícil Tul, é meu trabalho, eu fiz um juramento – ainda que não quisesse brigar, Max já sentia seus nervos a flor da pele — Me fez uma promessa também, caso tenha esquecido – o clima estava pesado, a menção a promessa de nunca se colocar em perigo ou deixa-lo  foi jogada como um Royal Straight Flush¹ em sua cara, deixando o alfa sem reação — Eu vou junto – as palavras foram simples e firmes mas pegaram todos de surpresa — Ahh mas não vai mesmo – o ômega já sentia o coração acelerar diante aquela hipótese — Não é hora de tentar conseguir pontos comigo pirralho – o policial suspira cansado, ele até cogitou a ideia de simplesmente  ir sem avisar a ninguém sobre a missão, mas mesmo que voltasse são e salvo a vida real, estaria divorciado e provavelmente jurado de morte — Não estou tentando ganhar nada senhor Nattapol, mas não posso ficar sentado aqui sabendo que alguém querido pra meu amigo está em perigo, eu vou com o senhor – Max não falaria em voz alta, e dificilmente admitiria pra si mesmo, mas mesmo sem querer o garoto havia ganhado alguns pontos em seu conceito — Pai me segura ou meu filho vai ficar órfã de um dos pais antes mesmo de nascer – os dentes do garoto era cerrados enquanto encaravam o alfa soltando fogo pelas ventas — Plan por favor, se acalme pode assustar o bebê – Gulf como sempre com sua doçura e ingenuidade quebrou um pouco o clima tenso do ambiente 

Agora debruçados sobre a bancada da cozinha tres omegas, seguram suas xícaras de café, em três situações distintas, Tul segura a sua com as duas mãos, seus olhos fixos nos alfas que conversam reunidos no sofá, na sala logo a frente, mil pensamentos  em sua cabeça, Plan a sua frente segura a delicada xícara de porcelana como se fosse uma prova de resistência, da qual a xícara não poderia perder o contato com a palma da mão, ps dedos quase brancos tamanho a força feita, seu olhos se alternava entre o pai de seu filho e seu próprio pai, mas a expressão de raiva era clara em suas feições, em último lugar Gulf, que tinha sua xícara quase vazia, por conta das mãos que tremiam com porcelana entre os dedos, seu olhos úmido era claramente preocupado e angustiados já que no final de toda discussão Mew se ofereceu pra ir junto, o som de algo batendo lhe assustou chamando sua atenção pro sobrinho que se erguia do banco ao seu lado — Pai é sério que vamos ficar sentados enquanto eles organizam essa loucura coletiva – Plan parecia sempre muito calmo, Kanawut  talvez talvez conhece bem o garoto ou fosse só os hormônios da gravidez, mas naquele momento ele tinha que concordar com o garoto, ele só não tinha a mesma força pra se expressar como ele — Se acalme Plan, meu neto já será órfã de pai e avó, não quero que seja de 'mãe' também – a palavra usada de forma carinhosa pra definir Plan, colocou um beiço nos lábios do mais jovem dos omegas, mas deixou em alerta o segundo mais velho — Vo..Você acha que eles não… não voltaram? – Gulf já sentia a garganta fechar só de imaginar aquela possibilidade, mas logo recebeu um sorriso um pouco assustador de seu irmão — Não se preocupe Nattharin, eles vão voltar, vivos… Aí sim eu mato eles – com o semblante muito tranquilo Tul toma um gole de seu café antes de receber um olhar de Max e respondê-lo com um doce sorriso, que fez o policial se arrepiar, e ele sabia que não era um bom arrepio