Capítulo 37

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Uma semana havia se passado, e apenas algumas mensagens foram trocadas entre alfa e omega, delicados "Bom dia ^.^" e "Tenha bons sonhos :*" eram enviados diariamente por Mew, ao ponto de Gulf se sentir culpado por ainda não conseguir rever o alfa

O corpo de Kanawut parecia mais sensível após a separação, o garoto se sentia frágil, por sorte tinha o apoio de Tul que tirou duas semanas de férias e lhe fazia companhia todas as tardes e as vezes ao anoitecer quando o peso de suas inseguranças lhe atacada. Mas agora o clima era tenso no aconchegante apartamento, Max convocou uma reunião de família, ainda que Gulf se sentisse um pouco deslocado ali, sua presença foi requisitada, porém Plan ainda não tinha chegado, e Tul já estava surtando de ansiedade, quando enfim o policial revelou motivo dessa  conversa o omega mais velho quase surtou pelo apartamento — Nem pensar, não, nunca, você ficou louco – as lágrimas já se formavam nos olhos dele mas a raiva as impedia de transbordaram — Amor, eu entendo sua preocupação, mas eu não vou estar sozinho – ainda que as palavras fossem ditas com paciência, o policial sabia que nada acalmaria Tul, seriam muitos e muitos jantares românticos pra se redimir daquela missão — Nem que você estivesse com Santa Mame eu não te deixaria ir – ainda que fosse visto como frágil pela sociedade o ômega de 1,83 de altura poderia ser tranquilamente um alfa se fosse visto na pose que exercia naquele momento, seu próximo discurso está quase sendo iniciado quando a campainha do lar soou chamando a atenção dos três ali dentro

Gulf vendo o estado dos mais velhos tomou a frente, indo atender a porta, mas antes mesmo de chegar até a maçaneta ele já sabia quem estava ali, o feromônio inconfundível que estremecida seu corpo já descompassava seu batimento, a mão tremeu ao abrir a porta e encarar o alfa ali fora — Me..Mew o que – sua respiração parecia mais pesada e quente diante daquele homem 

— Gulf, há algo que precisamos conversar – o nervosismo do omega se intensificou diante dos olhos sérios de Mew — Tudo bem mas, poderia ser em outro lugar – Gulf vira levemente para trás encarando os donos do apartamento que se mantiveram em silêncio apenas observando a conversa na entrada do apartamento — Na verdade acho que senhor Nattapol precisa participar dessa conversa

O clima havia ficado ainda mais tenso no apartamento, agora dois alfas e dois ômegas se encaravam esperando que Mew retirasse de sua bolsa alguns papéis, Gulf achava que nunca tinha visto o alfa tão serio — Há aproximadamente um mês atrás, tive acesso a um notebook com informações importantes pra mim, o computador estava deteriorado pelo tempo e pelo incidente que lá aconteceu, porém um conhecido conseguiu resgatar os dados guardados ali e – o nervosismo de Mew era claro, porém a ansiedade de Tul era maior — Querido Mew, me desculpe se vou parecer rude, mas estávamos em meio a uma discussão um tanto seria também, e realmente não estou entendendo o que isso tem haver comigo e com Gulf, você poderia ser mais direto – o omega se sentia mal por ser tão direto com o mais novo, mas os nervos ainda ferviam por conta da nova missão de Max — Me desculpe senhor Nattapol, é só não sei exatamente como entrar nesse assunto. Gulf por favor me perdoe e me por favor não culpe Bass a culpa foi toda minha – o omega agora franzia a testa sentindo um frio percorrer sua espinha — Os documentos são do orfanato Olivia Bertasty – após o nome ser pronunciado pelo médico os olhos de Tul se arregalam e uma mão é posta sob os lábios do ômega — Entre os registros achei uma ficha que me chamou atenção, ainda que o tempo tenha se passado, os traços marcantes não poderiam ser ignorados, o pequeno garoto na foto ainda tem o mesmo sorriso brilhante de hoje em dia – Gulf sentia uma pequena pontada na têmpora, lhe fazendo apertar levemente a cabeça — Mas com ela a ficha de outra criança veio junto, os irmãos foram aceitos no orfanato após a perda dos pais na noite do dia 25 de abril de 1998 – Mew agora estica as fichas em direção aos mais velho, e agora encarava Gulf com olhar ainda sério, mas cheio de compaixão

 — Seus nomes eram Pakorn Thanasrivanitchai e – mas foi impedido por Tul que assumiu a apresentação com olhos lacrimejantes – Nattharin Traipipattanapong – assim que o nome sai dos lábios de Tul, Gulf sente uma pontada no peito, aquele nome já havia sido quase esquecido por sua memória — O que..O que você disse – o garoto piscou tentando entender o que se passava ali, mas diante de si o omega mais velho já se debulhava em lágrimas com os papéis em mão 

— Como... Como eu não percebi, como pude ser tão cego – se culpando por algo que não tinha culpa Tul dava vazão às lágrimas que trancavam sua garganta — Eu, eu não to entendo como você sabe esse nome, e o que meu irmão tem haver com isso – o nó na garganta ao pronunciar a palavra irmão era quase sufocante para o mais novo dos homens ali, Tul ergue sua cabeça buscando contato com o garoto ainda confuso a sua frente — Allice Thanasrivanitchai, Jimmy Traipipattanapong pais de Nattharin Traipipattanapong batizado com o sobrenome da avó paterna e de Pakorn Thanasrivanitchai batizado com o sobrenome do avô materno, Nattarin nascido em 4 de dezembro de 1992, aos quatro anos caiu de uma árvore quebrando o braço e ficando com uma pequena cicatriz no tornozelo, alérgico a frutos do mar e que não gosta de dias de tempestade, o pequeno anjo que Deus enviou a nossa família para torná-la completa... Meu pequeno Nattharin, meu irmão – o corpo do menor foi tomado pelos braços de Tul que o apertava forte, com lágrimas de saudade molhando lhe os ombros. Gulf ainda estava estático, mas as palavras do omega era fortes de mais, o nome dos pais, a lembrança da cicatriz quase inexistente agora, a lembrança da alergia agora sob controle, todas aquelas pequenas informações que até o pequeno omega já havia esquecido, foram ali ditadas pelo mais velho só podiam significar a certeza que seu coração já sabia desde o primeiro encontro — Pa...Pakorn ? – o nome dito ainda com medo, recebeu como resposta um aperto ainda mais forte, o mais velho se afasta sorrindo entre as lágrimas — Sim maninho, sou eu – o corpo de Tul tremia, todas as emoções intensas vividas em apenas uma manhã desestabilizaram o omega sempre forte e sereno — Mas como? Como você ? – Gulf sentia a verdade daquele encontro, mas tantas coisas eram confusas em sua cabeça que dificultavam sua entrega as emoções daquele momento 

— Como é possivel? Meu irm.. você era beta, como agora – mas nada daquilo realmente importava, a pergunta que mais martelava em sua cabeça, a pergunta que por anos o garoto fez a si mesmo em meio as lágrimas foi a que foi sussurrada entre as lágrimas que já não se podia  controlar — Por que você me abandonou ?? – Gulf queria fugir daquele aperto queria se afastar dali com medo de se deixar enganar pelas lágrimas e o calor daquele corpo — NÃO, nunca, eu nunca o abandonei Nattharin, eu nunca quis deixá-lo. Eu procurei por anos, em cada lugar dessa cidade e de outra, eu nunca esqueci ou desisti de você – o desespero de Tul tocou ainda mais seu coração — Eu vou explicar tudo, eu vou contar tudo que quiser saber, eu nunca mais sairei do seu lado, por favor me deixe te proteger como não pude fazer antes – o omega de quase dois metros se coloca de joelhos, abandonando qualquer orgulho que teve um dia, o perdão do pequeno irmão era tudo que lhe importava, o peito que por anos passou apertado agora se aperta em alegria, ele iria onde você necessário pra ter seu amor de volta

Kanawut se sentia entorpecido, a tensão do trabalho de Max, o encontro com Mew e agora essa revelação que ainda era quase surreal pra ele, brigavam por espaço em seu corpo, talvez fosse a instabilidade dos feromônios e sentimentos, talvez fosse só seus instintos ou talvez algo que ele nem tivesse ideia do que era, mas quando deu por si já estava de joelhos também abraçando o corpo do omega e unindo suas lágrimas ao do mais velho, confusão era a única coisa que poderia descrever seu estado atual, mas junto com ela uma pitada de alegria, se Tul era realmente seu irmão desaparecido Gulf não poderia ser mais abençoado pela bagunça que sua vida se tornou, porem ele não tinha ideia de aquela manha ainda não havia acabado

A porta do apartamento é aberta, e por ali atravessam um jovem omega que fica muito confuso com a cena que acontecia lá dentro, atrás dele um alfa claramente assustado, o único dos homens minimamente calmos do lugar é quem recebe os recém chegados — Plan isso são horas de chega... o que aconteceu ? – Max inicialmente cumprimentas seu filho de forma tranquila, mas ao notar as bochechas vermelhas de Plan e o rosto sem cor de Mean seu instinto de perigo se ativa no mesmo momento — Plan talvez não seja uma boa – o enfermeiro tenta conversar com o garoto, dado todo clima estranho no interior do apartamento, porém o jovem omega não é alguém fácil de ser moldado após colocar algo na cabeça — Plan o que esta acontecendo ? – o alfa policial agora pergunta firme esperando uma resposta direta, e o tom grave de sua voz chama atenção dos ômegas que ainda se abraçavam no chão, mas que agora tinham sua atenção voltada inteiramente aos mais novos na entrada do apartamento. Plan encara aquela cena apertando a mão de Mean que estava entrelaçada a sua e em uma puxada profunda de ar, solta tudo de uma vez, sem tempo pra que o medo dominasse seu corpo

— Pais eu to gravido 

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