Capítulo 36

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              JÚLIA

     Saí do escritório do Ali, o mais rápido possível, ou eu iria acabar tendo uma crise de riso. Mesmo sabendo que nenhum dos dois, (principalmente Hassan) acreditaram que foi apenas um acidente, eu negaria até a morte.

    Quando cheguei no corredor que dava acesso aos camarotes, eu não aguentei mais segurar o riso, e finalmente gargalhei até faltar o ar. Se passaram 10 minutos até eu conseguir me controlar. A cara daquele canalha, foi impagável.

        FLASHBACK ON.

    Claramente, Ali, não tinha dado ordem nenhuma. Aquilo foi ideia do príncipe manipulador e ordinário. Eu respirei fundo pra não descontar a raiva no meu colega de trabalho, e apenas dei um pequeno sorriso.

    - Ok, quais foram os pedidos da mesa do chefe?

      - Uma dose de conhaque para o chefe, e o príncipe vai querer a bebida da aposta. - o garçom fez uma expressão confusa - Embora, eu não faça a mínima ideia de que drink seja esse, ele afirmou que você sabe qual é a bebida.

    - E a moça não pediu nada?

    - Já tem uma garrafa de champanhe à disposição dela.

    Olhei pra cima de novo, e dessa vez Hassan estava de costas para o bar e ainda agarrado com a loira. Apenas balancei a cabeça dispensando o garçom, que logo se retirou.

    A bebida da aposta! Talvez não seja tão ruim ser uma garçonete por alguns minutos. Não pude conter o sorriso que surgiu no meu rosto, assim que a ideia se formou.

    Peguei tudo o que precisava, mas modifiquei o ingrediente principal. Por distração, ao invés de colocar a pimenta-de-cheiro, coloquei a pimenta malagueta, e por um descuido, acabei deixando algumas sementes e alguns pequenos pedaços da pimenta cair enquanto preparava a bebida.

    - Se vossa alteza, acha que vai me infernizar por essa noite, ele está muito enganado. - resmunguei para ninguém em especial. - Vai ter uma lição para aprender, a não mexer com quem está quieto.

    Eu sabia que o drink não o faria passar mal, a ponto de ter que levá-lo ao hospital, então caprichei na quantidade de pimenta, e para reforçar a lição, resolvi levar um bala de gengibre para ajudá-lo. Depois de terminar tudo, fui levar as bebidas para o camarote que o meu chefe ocupava.

     Quando entreguei a bebida a Hassan, ele nem ao menos checou se era o drink certo, o que me deixou ainda mais animada.

    Assim que ele começou a tossir por conta da pimenta, tratei de tirar a bala de gengibre do papel, e enfiar na boca dele o mais rápido possível. Mas talvez, eu tenha me esquecido de que açúcar e gengibre, não é a melhor combinação para ajudar a aliviar o ardor da pimenta.

        FLASHBACK OFF.

    - Ele merecia coisa pior. - falei enquanto fazia o caminho de volta. - Finalmente, ele me deixará em paz.

    Mas nem com todo otimismo do mundo, acreditei na minha afirmação. Ele não vai desistir, não depois de hoje. Desistir é o que uma pessoa inteligente faria, mas apesar de ser inteligente, ele é orgulhoso, e eu feri seu orgulho por duas vezes no mesmo dia.

    Ao passar pelos camarotes, fui interceptada pela loira que fazia companhia a Hassan.

    - Você! - parou na minha frente e apontou o dedo pra mim. - Foi culpa sua!

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