Capítulo 01

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       JÚLIA  ( Atualmente )

   Abro os olhos e observo tudo à minha volta, quando vejo que estou no meu quarto, um alívio percorre todo o meu corpo. Os meus pesadelos sempre me deixam angustiada, será que nunca teremos paz? Essa vida de ficar se escondendo para sobreviver é desgastante e eu me odeio por não conseguir fazer nada além de fugir.

   Me viro na cama para tentar dormir um pouco mais, e infelizmente o sono foi embora. Olhei para o relógio de cabeceira que marcava 9:40.

  - Droga ! Eu não dormi quase nada - suspirei - é melhor eu levantar e tomar um banho.

  Levanto e vou direto ao banheiro, tomo uma banho frio e demorado para despertar de vez, depois de sair do banho e me vestir, resolvo procurar minha irmã pelo apartamento.

  - Nana ? Você tá aí ? - não houve resposta - onde será que ela se meteu ?

  Decidi fazer um café para melhorar meu terrível humor matinal, quando eu estou prestes a terminar o conteúdo da xícara, a porta da frente se abre e eu ouço a voz da minha irmã me chamando.

  - Jujuba?

  - Aqui na cozinha!
 
  - Já está acordada? Pensei que ainda estaria dormindo.

  - Perdi o sono - resolvo não falar sobre o pesadelo - onde estava ?

  - Acordei com saudades da nossa terra e fui naquele mercado que vende produtos do Brasil e resolvi fazer um feijão.

  Só então notei que ela carregava duas sacolas, deixei a xícara na pia e peguei a sacolas da sua mão e coloquei no balcão.

  - Você cozinhando?

  - Tem o quê ?

  - Nós duas sabemos que na cozinha, eu sou melhor que você.

  - Convencida - ela mostrou a língua - mas você tem razão.

  - Eu sempre tenho razão.

  - Você vai trabalhar hoje ? - pergunta a minha irmã e apenas confirmo com a cabeça - quê ? Mas hoje é o seu dia de folga, seu patrão te escraviza e você não faz nada?

  - Deixa de drama, Nana!

  - Não é drama.

  - Sei - encostei no balcão - Nana, eu tive folga semana passada e o senhor Ali, sugeriu que eu trabalhasse hoje, para que eu tirasse dois dias de folga semana que vem.

  - Entendi - ela me olhou com uma cara animada como se tivesse lembrado de algo - isso quer dizer que...

  - Que nada! - cortei - Nem pense em ter alguma ideia mirabolante para me tirar de casa no meu dia de folga.

   Minha irmã me olhou com a cara emburrada e cruzou os braços, esse movimento dela me lembrou uma criança birrenta e eu sorri com as lembranças que isso me despertou.

  - Você adora cortar meu barato - revirou os olhos - pensa bem, semana que vem é o seu aniversário e não é todo dia que a gente faz 26 anos.

  Sabia que essa era a ideia dela, mas nós duas sabiamos, que desde que os nossos pais e irmão morreram, eu odiava comemorar meu aniversário. Como se ela estivesse lendo meus pensamentos ela falou

  - Mana, você tem que tentar se divertir um pouco ! Já se passaram 4 anos e eles não gostariam de te ver assim.

  - Eu sei. É que eu sinto a falta deles.

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