Capítulo 16

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Depois de escolher a roupa, tomar banho e me arrumar, saímos de casa.

Assim que entramos no restaurante senti meu estômago roncar com aquele cheiro gostoso de comida, o lugar é simples mas também muito aconchegante, sempre que posso venho aqui com minha mãe. Sentamos e não demorou muito para o garçom vir anotar nossos pedidos.

- Boa tarde, senhoritas - eu e Beatriz não temos tanta diferença de idade então sempre acham que somos amigas e não mãe e filha - já decidiram o que vão pedir?

- Boa tarde, eu vou querer escondidinho de camarão e você filha, já decidiu? - ele nos olhou meio estranho quando Beatriz me chamou de filha, isso é uma reação bem comum para nós duas.

- Eu vou querer uma lasanha bolonhesa , por favor.

- E para beber, vão querer alguma coisa?

- Uma coca bem gelada - minha mãe falou sorridente e eu sorri com a sua felicidade contagiante.

- Ok, daqui a pouco volto com o pedido de vocês - concordamos com a cabeça e ele saiu.

- Como foi com o Arthur?

- Foi bom, muito bom na verdade, ele me levou a praia - ela me olhou animada.

- E onde vocês ficaram?

- Na casa dele, ele tem uma mansão, dá pra acreditar? Eu nunca vi uma casa tão grande.

- Sério? Que incrível, ele mora lá?

- Não, ele mora no centro do Rio.

- E quem fica na casa dele?

- Ninguém, ele falou que tem uma casa aqui na cidade também e pelo visto tem outra no Rio.

- Com o que ele trabalha? - ela me olhou meio duvidosa.

- Ele é empresário.

- Tudo bem e quando eu vou conhecer ele? Estou ansiosa.

- Não tenho nem ideia disso, ele voltou para a casa dele hoje.

- Por que?

- Muito trabalho atrasado.

O garçom voltou e colocou nossos pratos na mesa e o refrigerante, agradecemos e ele saiu rapidamente.

- Está uma delícia - minha mãe concordou e sem falar mais nada continuamos a comer aquela comida incrível.

Depois que terminamos minha mãe insistiu e pagou a conta sozinha, saímos e fomos caminhando pela cidade, até que vi a sorveteria que gostamos de ir.

- Vamos, dessa vez eu pago - puxei a sua mão e atravessamos a rua para entrar na sorveteria.

Escolhi uma casquinha com duas bolas de sorvete de menta com chocolate e minha mãe escolheu uma de chocolate e outra de baunilha.

Saímos da sorveteria e fomos andando até uma praça e sentamos em um dos bancos vazios.

- Seu aniversário está chegando - me olhou rapidamente - 18 anos, o tempo passa muito rápido.

- Nem lembrava disso - comi um pouco do sorvete e fechei os olhos quando senti aquele sabor maravilhoso na boca, esse era um dos meus sorvetes favoritos.

- Sua formatura também está chegando, temos que fazer o seu vestido.

- Para, mãe, não precisa disso.

- Claro que precisa, você estudou e se esforçou por anos, o que custa fazer um vestido para comemorar?

- Temos muitas contas para pagar - ela me olhou nos olhos e acariciou o meu braço.

- Fica tranquila, você vai ter o seu vestido, igual ao de uma princesa - sorrimos e voltamos a comer nossos sorvetes.

Conversamos sobre muitas coisas, muito tempo que não ficamos um pouco juntas, só nós duas, estar com ela é incrível.

Fomos embora porque tínhamos que nos arrumar para o trabalho.

💫

Cheguei no trabalho e comecei minhas tarefas, sempre a mesma rotina, é cansativo mas não tenho outra escolha.
Meu celular apitou e sorri quando vi outra mensagem do Arthur, trocamos bastante mensagens durante o dia.

- Não sabia que podia usar celular na hora do trabalho - meu sorriso morreu e meu coração gelou quando ouvi a voz do Calebe, ele começou a se aproximar e eu guardei o celular no bolso - me dá o celular - falou em um tom autoritário, passou os dedos pelos fios do meu cabelo e esticou a mão, entreguei o celular e ele segurou o meu queixo me fazendo olhar para ele - isso aí, está ficando cada dia mais obediente, pega seu celular comigo quando acabar o seu expediente, e vê se não apronta - deu uma piscada de olho e saiu.

Nojo, é o que eu sinto por esse homem, que ódio desse chefe filho da puta que nos faz passar por isso. Cada dia que eu passo nesse lugar mais eu tenho vontade de roubar esses merda para poder sair daqui logo.

Fiquei com esse pensamento por horas e horas, depois de tudo limpo fui até a sala do Calebe e bati na porta.

- Entra - sua voz alta falou do outro lado da porta.

- Eu terminei de limpar tudo agora, será que posso ir para casa e voltar na hora de recolher o dinheiro?

- Senta aí - acendeu um cigarro e me olhou firme nos olhos, as tatuagens no rosto dele me deixam amedrontada mas eu não deixo isso transparecer para ele - você pode ir mas como garantia o seu celular fica comigo, quando você trouxer o dinheiro eu te devolvo.

Antes que eu falasse qualquer coisa ele me mandou sair da sala assim que um dos seguranças entrou.

Fui para casa mais ou menos à 00:00h e assim que cheguei me deitei no sofá, comecei a ver um programa qualquer até que cochilei.

Abri os olhos assustada quando ouvi um barulho alto e vi que passava um filme de terror, quando olhei para o relógio e vi que era quase 04:30 da manhã eu levantei correndo, escovei os dentes e voltei o mais rápido possível para o trabalho.

Comecei a recolher o dinheiro, cada dia que passava parecia que tinha mais dinheiro, aproveitei que não tinha ninguém e coloquei um bolo de dinheiro entre os seios, sei que é nojento mas não tenho outro lugar para colocar.

Acho que estou perdendo o medo de morrer ou só estou ficando mais desesperada porque coloquei mais de três bolos de dinheiro dentro do sutiã e fui enfrentar a fera, com o coração batendo forte e suando frio bati na porta.

- Entra - fui colocando todas as bolsas de dinheiro em cima das cadeiras que tinham no canto da sala, Calebe sorriu acendendo outro cigarro - hoje tivemos bastante lucro, nossas mulheres estão de parabéns.

Fiquei com vontade vomitar ao ouvir aquela voz asquerosa.

- Pode fazer a mesma coisa de hoje todos os dias que você não for dobrar - apenas concordei com a cabeça - está indo muito bem, continue assim - Ele me estendeu meu telefone e fez sinal para eu sentar na cadeira que fica de frente para a mesa dele, o que ele quer comigo dessa vez?

Ele levantou e ficou em pé atrás de mim, apertei os braços contra o corpo e senti sua respiração no meu pescoço.

- Você é tão linda, sabia? Acho que a gente pode tentar alguma coisa - ele jogou o meu cabelo para um dos meus ombros e aproximou mais o rosto do meu pescoço.

- Não sei se é uma boa ideia.

- Para com isso, você vai adorar, todas adoram - vi o seu sorriso com alguns dentes de ouro pelo canto do olho, senti meu coração disparar, ele beijou o meu pescoço e um calafrio passou por todas as partes do meu corpo e o meu desespero começou a aumentar, merda merda merda merda e agora?

E como se minhas orações fossem ouvidas a porta se abriu e Calebe se afastou rapidamente e eu aproveitei para levantar e sair rápido da sala. Peguei minhas coisas e corri o máximo que pude, e agora? Toda vez ele vai querer se aproximar de mim? Corri corri corri e só parei quando cheguei em casa, sentindo meu pulmão queimar entrei devagar para não acordar Beatriz, fui direto para o banheiro e me permiti chorar quando senti a água morna do chuveiro entrar em contato com a minha pele.

O que eu vou fazer agora?

💫

Desejo Imprevisível - será que esse amor sobreviverá depois da verdade? Onde histórias criam vida. Descubra agora