Capítulo 22

236 55 2
                                    


Ontem:

- Por que? - ouvi o barulho do líquido da garrafa - está tudo bem? Esse whisky é bem forte e você tem que voltar para trabalhar - falei preocupado

- Está tudo bem, não vou beber mais não, na verdade já acabou - ouvi sua risada do outro lado da linha, ela resmungou baixo "vou jogar essa merda fora"

- Aurora, onde vo... - antes que eu terminasse a frase eu ouvi o barulho da garrafa quebrando.

- Ahh, não, era para acertar no lixo, não posso deixar isso na rua, calma aí amor - meu coração acelerou, é tão bom ouvir ela me chamar assim.

- O que vai fazer ?

- Eu vou catar, não posso deixar esses cacos na rua, além de fazer mal para a natureza pode acabar machucando alguém - pela sua voz dá para perceber que está bêbada.

- Você é uma fofa mas tem que ir para casa, está muito tarde para estar na rua.

- Eu já vou para casa, vou só tirar isso da rua, mas como? - ela está muito bêbada, não sei se acho engraçado ou fico preocupado - ah, eu tenho uma sacola na mochila, ainda bem.

- Aurora - ouvi alguns chiados e depois o barulho dela mexendo nos cacos de vidro.

- Ai, merda - ela falou alto.

- Aurora, me responde, você se machucou?

- Cortei o dedo mas está tudo bem - ouvi mais alguns chiados - terminei, vou levar para casa para colocar em algum potinho para jogar fora.

- Tá bom meu amor, mas vai para casa.

- Tá - consigo ouvir o som dos seus passos e da sua respiração - sinto a sua falta.

- Eu também sinto, estou louco para te ver de novo.

- Arthur? Posso te perguntar uma coisa? Como estou um pouco alcoolizada não vou ter vergonha de perguntar - eu ri da sua sinceridade.

- Claro amor.

- Você gosta de mim?

- Claro, por que está perguntando isso? Acha que eu não gosto de você?

- Não é isso, é que tenho medo de me magoar, às vezes eu penso que você foi embora e não vai mais voltar.

- Eu gosto de você, Aurora, gosto muito, mais do que um dia eu poderia imaginar e se eu pudesse estaria do seu lado agora.

- Obrigada.

- Pelo o que?

- Por ser sincero comigo.

- Ser sincero é o mínimo que eu posso fazer por você.

- Já estou chegando em casa.

- Ainda bem, se quiser pode desligar para você descansar.

- Não, eu quero continuar conversando, se não for te atrapalhar é claro.

- Você não me atrapalha nunca.

- Como vai ser quando morarmos juntos? - ouvi a sua risada no fundo - eu estou brincando.

- Ué, por quê?

- Por que o que?

- Por que está brincando? Um dia vamos morar juntos mesmo.

- Você pensa em um futuro comigo? Seja sincero.

- Claro, já penso até nos nossos filhos.

- E quem disse que eu quero ter filhos? - ela falou com a voz firme.

Desejo Imprevisível - será que esse amor sobreviverá depois da verdade? Onde histórias criam vida. Descubra agora