F A S H I O N W E E K.

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A FASHION WEEK NADA MAIS É DO QUE UM EVENTO da indústria da moda, com duração aproximada de uma semana, onde designers de moda e marcas exibem suas últimas coleções em desfiles de moda para compradores e para a mídia. É claro que, não apenas vantajoso para as grifes famosas, como também para as modelos, que podiam mostrar seu potencial nas passarelas para os críticos de moda. E é exatamente nisso onde mãe Louise se encaixa.

Seu trabalho, basicamente, é sentar na fila da frente enquanto observa mulheres bonitas desfilando, anotar críticas - sendo elas boas ou não - tanto para as modelos, como para as roupas de grife.

Sei que fiz parecer um pouco fútil e fácil demais, só que não era.

Como ela havia desembarcado pela madrugada, fez questão de tomarmos café juntas porquê, segundo ela, possuía a plena certeza de que eu iria me entreter com o trabalho e esqueceria completamente de me alimentar. Bom, ela não estava errada, mas também nunca me ouviria admitir em voz alta.

Tomamos café juntas no hotel porquê é claro, minha mãe não perderia a oportunidade de me vigiar e era por isso que passaria sua estadia no mesmo hotel que eu. Isso, mais somando o fato de que queria estar de olho em Agnoletto nessa semana, palavras dela, não minha.

Não conseguimos passar muito tempo porquê ela tinha coisa a fazer sobre seu trabalho, assim como eu.

Nos encontramos às dez, Agnoletto e sua equipe, para revisar pontos importantes de seus acessórios, peças da lingerie e tom certo de maquiagem. Minha função era, além de gravar cada passo da toda poderosa, também registrar algumas fotos de suas peças para o desfile.

Ela não trocou nenhuma palavra comigo. Com ninguém, na verdade. Não que eu me importasse, longe disso, mas pensei que, após desafia-la na noite anterior, ela estaria prontissima para fazer da minha vida e a de todos de sua equipe um verdadeiro inferno. Não foi o que aconteceu, entretanto.

Chegou vestida de preto da cabeça aos pés. Calada estava, calada ficou até o último momento. Nem uma olhadela maliciosa, ações duvidosas ou comentários grosseiros para minha pessoa. Simplesmente nada. Nadinha mesmo.

Eu deveria apenas agradecer à todos os seres divinos, mas estranhei suas poucas palavras. E acho que Soyeon também, porquê ela parecia um pouco preocupada a cada momento em que escorregava sua atenção para Agnoletto.

Por alguma razão, passei a me preocupar também.

Tivemos que almoçar no maldito estúdio alugado - pois é, Agnoletto se achava especial demais para dividir um espaço com as outras modelos - por conta da quantidade de tarefas que tínhamos a fazer até o desfile. Quis morrer a cada troca de roupa, moda não é mesmo a minha praia.

Beirando seis horas, fomos todos dispensados para irmos ao hotel e nos arrumarmos para o tal desfile. Novamente, quis morrer porquê sabia exatamente como as pessoas daquele lugar olhariam para as minhas roupas.

Foda-se, não sou mesmo uma modelo ou coisa do tipo.

Assim que pisamos no local onde aconteceria o evento, algumas pessoas elegantes e endinheiradas se aproximam aos montes para cumprimentar minha mãe. Sempre com a pose séria e fria, ela acena, aperta mãos e me apresenta como sua filha mais velha. Os olhares, é claro, sempre de muita surpresa ou até mesmo choque.

Não sei se pelo fato de me verem como uma mulher asiática, ou por minhas roupas completamente desproporcionais para ser filha de uma crítica de moda. Seria cômico, se não fosse triste.

- Tudo bem? - me pergunta quando alcança seu assento na fileira principal.

Olho ao redor, notando algumas pessoas nos encarando enquanto cochichavam. É exatamente disso que não gosto e evito a toda oportunidade, essa atenção exacerbada que minha mãe parece amar.

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