Capítulo 30 - "Sonhar não é errado"

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Capítulo 30

— Já que você quer tanto ir embora, podemos fazer um acordo. Você me dá rapidinho o que eu quero de você, e eu deixo você ir. 

Meus olhos se arregalam com o quão cruel as suas palavras soam, sentindo elas como uma adaga em meu peito, me fazendo arfar, surpresa. 

O que ele quer de mim... acho que é óbvio o que está insinuando.

Com lágrimas nos olhos que não quero deixar escapar para não dar esse gosto a ele, eu caminho até a porta do seu quarto, sentindo que não há nada que eu possa fazer aqui. Porém, ouço o barulho dele se mexendo na cama, e quando estava com a mão na maçaneta, prestes a deixá-lo sozinho, eu senti o seu corpo atrás de mim, segurando a porta e me impedindo de sair. 

— Deixa eu ir... — Peço com a voz fraca, sentindo-me bem de mais com tudo o que descobri sobre os meus pais para me cansar mais uma vez com as suas implicâncias e sua impulsividade.

Eu juro que não aguento mais isso. 

Porém mesmo com o meu pedido, ele não se move. Se ele acha mesmo isso de mim, se me despreza tanto assim ao ponto de me oferecer algo tão sujo, por que está me segurando? Eu não vou mais importuná-lo com a minha presença. Vou deixá-lo sozinho com as suas loucuras. 

Mas... por que isso dói tanto?

Me dando conta que ele não pretende sair daquela posição, eu me viro entre os seus braços, vacilando ao perceber o quão próximo ele está. Eu posso até sentir a sua respiração na minha pele.

— Não fui eu... não fui em que foi atrás de você, que deu em cima, que sugeriu um encontro... Eu estava no meu canto quando você apareceu querendo alguma coisa. — Digo aborrecida, sentindo as minhas emoções à flor da pele, e ele continua a me encarar seriamente.

Eu estou esgotada!

— Não é estranho? Você me odiava. Fiz coisas para você que se fizessem comigo, eu não perdoaria. Quem em sã consciência me perdoaria? Que outro motivo além de conseguir me amolecer para sair daqui você deixaria ser beijada por mim?

Encaro-o sentindo que posso explodir a qualquer momento. E quando eu coloquei minhas mãos em seus peitos e o empurrei, percebi que havia perdido o meu controle.

— VOCÊ É UM IDIOTA! Eu estava tão feliz, sem acreditar que o meu pai resolveu mudar e que a minha mãe me amava, eu até estava gostando de ficar com você. MAS VOCÊ É UM IDIOTA! SEMPRE ESTRAGA TUDO! Eu também não sei o que deu na minha cabeça para eu ter me deixado levar por sua conversa, MAS EU FIZ, E DAÍ? Por que para tudo tem que haver um motivo?! Você também só estava sendo legal comigo porque queria me comer, não é? Deus... como eu posso ser tão idiota, eu achava que poderia dar bom no final, mas agora percebo como ficar com você foi a pior decisão da minha vida. — Termino com lágrimas nos olhos, sentindo que após essa minha explosão, não há mais o que pôr para fora, apenas lágrimas.

Pedro está surpreso, não sei se por eu ter literalmente gritado em sua cara ou por ter lhe empurrado. Talvez pelos dois, e eu imaginava o que poderia acontecer após esse meu ato. Ele iria fazer aquilo tudo de novo... aquele inferno que eu passei aqui. Mas o orgulho em meu peito me impediu de lhe pedir desculpas. 

— Olha lá... Se fazendo de coitadinha para eu ficar com pena, mais uma vez. — Ele diz rindo, me fazendo recuar com o baque. — Isso não vai colar mais comigo.

Por algum motivo... eu começo a rir desacreditada. Estou me fazendo de coitadinha?

— Você é tão fraco... — Murmuro, com um sorriso nervoso entre as lágrimas. Ele parece ter ficado confuso com as minhas palavras. — Sim, fraco! Foi preciso que apenas uma pessoa tenha dito algo sobre mim para você mudar completamente o seu pensamento. Isso é coisa de gente fraca, insegura, não que eu dê um bom exemplo de segurança, mas pensei que com toda essa marra você manteria, no mínimo, as suas convicções. Mas... tudo bem. Também te peço perdão por ter tentado tirar a minha vida apenas para chamar a sua atenção. Desculpa se desde os meus doze anos eu coloquei a merda dessa doença suicida dentro de mim, apenas para agora... chamar a sua atenção. Agora que eu sei que não cola mais com você... eu vou me retirar, não há nada que eu possa fazer aqui.

VENDIDA - CRIMINOSOS EM SÉRIE - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora