Capítulo 11 - "O que está acontecendo?"

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Capítulo 11


A cada manhã que eu abro os olhos, é como se eu estivesse num looping, andando em círculos. Pela primeira vez em muito tempo, a manhã estava mais parecida com um “recomeçar”.

— Bom dia, dorminhoca… Como está se sentindo?

Acordei sentindo uma mão quente tocando a minha testa. O gesto de carinho foi tão agradável que me lembrei dos dedos de Pedro na minha bochecha, quando ele estava tão perto de mim que por alguns segundos me senti sem ar.

Espera… quem está me tocando?

Abri os meus olhos me sentando na cama num susto e sentindo as batidas do meu coração em frenesi. Me deparei com o largo e perfeito sorriso de Mia, que está sentada ao meu lado na cama.

— Eu te assustei?

Suspiro sentindo o alívio invadir o meu peito. Já era de se esperar. Quer dizer, quais as chances de ter sido Pedro a dizer; “Bom dia, dorminhoca”? Ainda assim, depois do que aconteceu ontem a noite, essa manhã não consegui evitar de me sentir assustada com o gesto carinhoso.

— Você me assustou. — Digo com a mão sobre o peito, numa forma de me sentir mais calma.

— Ah, eu sei que dormir nesse quarto enorme deve ser assustador, ainda mais quando é do meu irmão, porém não é para tanto. — Ela diz brincando e eu desvio o meu olhar.

Acho que “assustador” não é a palavra correta…

— Ele fez alguma coisa com você? 

Ela me olha seriamente e eu apenas balanço a minha cabeça para os lados, sem coragem para dizer o que aconteceu, ou pelo menos o que eu acho que aconteceu. Talvez eu apenas tenha interpretado tudo errado e não tenha passado de um sincero pedido de desculpas. Pensar nessa probabilidade me deixa mais aliviada.

— Ele me pediu desculpas. — Respondo e ela abaixa a cabeça, parecendo estar envergonhada quanto a algo.

— Eu também devo te pedir desculpas, Emma. De certa forma me sinto culpada por não ter conseguido controlar o meu próprio irmão. Eu poderia ter evitado…

Lanço-lhe um sorriso fraco, pondo uma mão sobre a sua. Nessa história toda ela é a que menos deveria levar a culpa. Talvez se não fosse por ela eu não teria aguentado por tanto tempo. Eu sei que mesmo indiretamente ela faz parte desse “mundo” em que o irmão faz parte, mas eu não conheço a sua história e enquanto ela não fizer mal a mim, não posso julgá-la.

— São oito da manhã. Espero que tenha dormido bem, o café da manhã já está quase pronto. Logo trago ele para você. Mas antes vou te ajudar a ir até seu quarto. Já está tudo limpo, arrumado e cheiroso. Você vai gostar. — Ela diz com um sorriso enquanto se levanta, já estendendo a sua mão na minha direção.

Não consigo disfarçar o sorriso que surge em meus lábios. Posso ter saído ferida em quesito de uma amizade, mas nem de longe a forma que Nathalia me tratava se compara com a forma em que Mia me acolhe. Eu gosto disso, e até poderia fingir por um dia que nada de ruim aconteceu e que somos como irmãs.

Ela me levou até o quarto em que até então eu estava, e assim como ela disse, não havia sequer um rastro que me lembrasse de quando cortei meus pulsos. Até os móveis foram distribuídos em lugares diferentes e até ousaria dizer que a cama é nova.

— Como prometido! Precisa de ajuda? Vou terminar de fazer umas coisas lá embaixo.

A encaro me perguntando se seria o certo a se fazer. Pedro citou que um médico veio até aqui ontem, portanto ela deve ter ouvido ele falar algo sobre esse assunto.

VENDIDA - CRIMINOSOS EM SÉRIE - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora