VENDIDA - CRIMINOSOS EM SÉRIE - PARTE 1

Capítulo 44 - "Uma noite inesquecível"

Capítulo 44

Pedro

Uma vez numa conversa que estava tendo com a minha irmã, ela me disse algo que de primeira eu não dei ouvidos e sequer achei importante, mas agora quando lembro dela e do que está acontecendo na minha vida nesse exato momento, olhando as estrelas ao lado de Emma de forma estranhamente clichê, eu sinto que nenhuma frase poderia se encaixar melhor do que o que Mia disse naquela noite. 

Era algo como... para eu não ter medo de demonstrar minhas fraquezas. Que chorar nos torna humanos... sentir dor e medo é algo que eu definitivamente sinto, mas nunca vou conseguir demonstrar. Ela pediu para eu ser eu, e não ter medo disso. A maior fraqueza que é omitir esses sentimentos, de mim ou para as pessoas à minha volta, podem trazer ainda mais sofrimento.

Foi o que ela disse... e hoje estou com isso na cabeça, encarando Emma olhar deslumbrada para o céu estrelado após termos jantado. 

Eu sou a porra de um fodido em gênero, número e grau. Sou um desgraçado, alguém que se pode considerar um monstro, e estou pouco me fodendo para isso, mas... quando eu olho para Emma eu não quero que ela pense assim de mim. Gostaria que fosse o contrário... mesmo não podendo apagar os meus erros, eu posso consertá-los, não? 

Se eu não colocar para fora essa merda aqui de dentro de mim, se eu não dizer a ela como me sinto e exatamente como quero tentar alguma coisa com ela, eu não vou conseguir consertar porra nenhuma e além de tudo... vou fazer ela me odiar ainda mais. Então se eu quero mantê-la perto de mim... eu deveria começar por agora. 

— Não é tão fácil assim como imagina. — Murmuro, atraindo a sua atenção.

Ela estava prestes a beber mais um gole do vinho quando direcionou o seu olhar na minha direção, acariciando o gato em suas pernas. 

— O que não é fácil?

— Admitir os sentimentos em voz alta. Parece loucura. — Ela morde o lábio inferior, parecendo ter sido pega de surpresa. — Parece que se eu falar, eu vou me tornar vulnerável. Como se eu fosse um idiota por ter sentimentos. 

Erguendo uma sobrancelha, ela deixa a sua taça de lado, levando sua mão até o meu rosto, onde ela acaricia. 

— Mas você sempre teve sentimentos. Talvez isso te torne mais vulnerável... mas... também talvez lhe ensine muita coisa. Quando eu olho para você e você está olhando para mim, pareço até um experimento científico aos seus olhos. Você claramente não consegue entender as pessoas, e... agora pode ser uma chance para isso, pois o mesmo que te torna fraco, pode te tornar forte. 

— Em poucas palavras, você quer dizer que eu sou moleque e quer que eu me torne um homem. — Brinco, fazendo-o sorrir, dando de ombros.

— Talvez. Mas você está bem? De repente parece pensativo sobre isso... o que é uma novidade, Pedro pensando...

— Haha, engraçadinha... — Me inclino sobre a mesma, a fazendo rir. — Mas confesso que estaria melhor se tivesse você. 

— Você me tem... — Ela murmura suavemente, se virando na minha direção, deixando o gato voltar para dentro do barco. — É que você só não me deixa entrar aqui...

Ela pousa os seus lábios sobre o meu peito, claramente fazendo menção ao meu coração.

E pensar que ela me falou aquelas palavrinhas... eu te amo.

Quantas vezes já ouvi mulheres falando isso para mim, como se fosse motivo para me prender em um relacionamento? Foram diversas! Mas nenhuma nunca soou com tanta intensidade e... sentimento. Nunca nenhuma vez fizeram que o meu coração ficasse tão loucamente fodido apenas por ouvir um eu te amo.