VENDIDA - CRIMINOSOS EM SÉRIE - PARTE 1

Epílogo - " Não é o fim, e sim um novo começo"

Epílogo

A sensação quando eu entro em minha casa é completamente diferente do que eu esperava. As lembranças que tenho nela não são agradáveis, mas... ver como ela está agora me fez perceber o quão meu pai se esforçou para as coisas não voltarem a ser como eram antes.

Quer dizer, ele sequer se dava ao trabalho de lavar os pratos ou limpar a casa. Agora eu consigo ver ela mais organizada. O cheiro é mais agradável e perceber isso faz com que eu sinta lágrimas em meus olhos.

Por quanto tempo eu detestei aquele cheiro? Por quanto tempo desejei chegar da escola e encontrar a casa assim, com meu pai me esperando ou voltando do trabalho? Mas agora ele está... morto.

Por que tem que ser tão estranho estar aqui de novo? É como se esse lugar já não me pertencesse... como se eu já não pertencesse mais a essa casa.

Eu já sabia disso, mas só agora eu tenho certeza... Ter passado aquele tempo na casa de Pedro realmente mudou a minha concepção de vida. Eu não quero voltar a minha vida monótona de antes... eu gostaria de viver todos aqueles momentos que eu sonhei, mesmo que seja difícil eu... gostaria de tentar. Em prol da carta da minha mãe... A promessa que eu fiz no dia em que a li.

Subo a escada em direção ao meu quarto com um sentimento nostálgico presente em meu peito. Faz tanto tempo desde a última vez que eu vim até aqui, mas lembro do meu quarto e como estar aqui dentro é desconfortável. Apesar dele ter sido o meu único refúgio quando eu queria ficar sozinha e me afogar em mais inseguranças, ele também foi o lugar em que mais sofri... todas as noites mal dormidas, pensamentos suicidas foram vividos aqui.

E eu sinto meu estômago embrulhar só de lembrar do que eu fazia comigo mesma.

E mesmo que agora seja ainda mais difícil... Eu prometo à minha mãe que está me olhando lá do céu que nunca mais irei fazer algo contra mim mesma.

Enquanto estava a observar o meu quarto, algo de diferente me chamou atenção. É um post-it colado na porta do meu guarda-roupa. Eu sinto-me errar uma batida do coração quando eu me dou conta do que aconteceu...

Eu te amo... é o que está escrito no post-it, e é o que me faz arfar, buscando por ar ao sentir o meu peito dolorido.

Eu reconheço essas letras... Pedro esteve aqui! Ele sabia que eu viria aqui e ainda assim... ele está deixando eu ir?

É verdade que eu lembro da nossa conversa onde ele disse que eu estava livre, mas não poderia voltar para o meu pai enquanto ele não viesse até mim. Esse era o seu plano para esconder a verdade sobre a morte dele... e para me manter ao seu lado por mais tempo. Porém isso significa que ele também está me deixando ir...

E eu nem sei o que pensar sobre isso, apenas... deixo que as lágrimas deslizem, sentindo a minha cabeça doer diante de tantas lágrimas.

Não sei se ele me amava de verdade e não busco a resposta para isso pois é insignificante diante do fato que eu não consigo perdoá-lo. Com ele eu consegui aprender mais sobre mim do que em todos os meus dezessete anos, eu aprendi um pouco mais sobre o amor... Sobre como é bom senti-lo e o quão gratificante é se sentir amada. Ele sabe que fez isso comigo, que me ganhou mas... essa é a hora de eu deixá-lo para trás. Eu posso viver uma vida incrível se eu me esforçar e enterrar essas dores lá no fundo... Eu sei que consigo. Mas se eu estivesse ao seu lado... sei que essa minha determinação de viver se destruiria aos poucos.

Estar ao seu lado é sinônimo de perigo. O que aconteceu comigo ao ser sequestrada foi apenas uma ponta do iceberg para o que poderia ter acontecido. Tenho certeza que aquele não era o único cara com quem Pedro tinha rivalidade, e eles não teriam dó em machucar quem estivesse na vida de Pedro, e nem mesmo ele poderia controlar a situação.