𝟎𝟑.

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LILITH

O dia seguinte foi normal. Fomos para casa, nos arrumamos e fomos para o meu escritório. Quando deu 16:30 fomos para a casa da minha mãe.

Passamos pela porta da frente sem bater. Escutamos algumas risadinhas vindo da sala, lá estavam minha mãe e tia maria vendo... Álbuns de fotos?

Fui até elas que me receberam com beijos e abraços. Fizeram o mesmo com o vinnie.

- Estávamos falando de vocês. - tia Maria fala.

- Espero que seja falando bem. - digo sentando no sofá.

- Claro que é. Estamos relembrando os momentos de vocês quando eram novinhos, olha. - minha mãe me entregou o álbum de fotos. Aquele álbum em específico tinha apenas fotos minhas e do vinnie. Bebês, crianças e adolescentes.

- Só tem um problema. - tia Maria fala pensativa.

- Qual mãe? - vinnie pergunta.

- Tem fotos de vocês com todas as idades, menos vocês adultos depois que você - apontou para vinnie. - voltou das forças armadas...

- E nem vai ter. - eu e vinnie falamos ao mesmo tempo.

- Parem de charme, eu exijo fotos de vocês. - minha mãe fala séria.

Ignoro a fala e começo a olhar as fotos do álbum. Vinnie se distrai falando com a minha mãe e a tia maria.

Depois de ver aquelas fotos, eu percebi lágrimas se formando, mas afastei logo em seguida.

Peguei a foto do nosso último ano do ensino médio e coloquei na minha bolsa. Ninguém percebeu, pois minha mãe e a tia maria estão focadas em paparicar o vinnie e dizer que ele precisa se alimentar pois ele está magro.

Ficamos lá mais um tempinho e fomos embora. O caminho até lá foi silencioso. A única coisa que foi falada foi o debate de escolher o que pedir para jantar. Entramos em consenso e pedimos McDonald's.

Chegamos em casa, vinnie fez o "ritual" dele de verificar a casa inteira e quando ele me liberou eu fui para o meu quarto tomar banho.

Depois do banho coloquei um blusão com um short de pijama. Me sentei na cama e peguei a foto que eu "roubei" do álbum.

Lembranças invadem minha mente...

- "Você tem que me prometer que nunca vai me abandonar" - falei mostrando o dedo mindinho para ele.

- "Eu nunca vou te abandonar, baixinha. Eu prometo!" - ele falou e entrelaçou o dedo mindinho junto com o meu.

- "Imagina quando estivermos adultos... vamos para a faculdade, trabalhar juntos, morar juntos..."

- "Mas para isso acontecer, você tem que parar de ser preguiçosa." - ele falou e eu espreguicei.

- "Que nada!"

- "Lih, nós vamos fazer faculdade de direito. Você sabe que requer muita atenção né?"

- "Você está me chamando de tonta, vinnie?" - pergunto semi-serrando os olhos.

Ele nega rindo da minha expressão.

Dia em que vinnie me disse que iria embora...

- Acho melhor você se sentar. - ele falou e eu olhei desconfiada para ele.

- O que foi?

- Quero te contar uma coisa...

Não falei nada, apenas esperei ele me contar.

- Eu vou para as forças armadas. Vou servir forças especiais. - ele fala empolgado, mas ao mesmo tempo receoso.

Não sabia o que pensar, não sabia como agir. Parecia que o tempo tinha parado.

- Lih?

- Você o quê? - perguntei com um fiapo de voz.

- Vou para as forças armadas... Não está feliz por mim?

- E-eu estou... - lágrimas brotam nos meus olhos. - Você não acha perigoso?

- Faz parte, Lih.

- Não vamos mais nós ver...

- Claro que vamos! Um dia eu vou voltar e...

- Você disse que não ia me abandonar...

- Mas eu não vou te abandonar, Lih. Eu te amo, você sabe disso. Eu sempre vou amar você, nossa amizade vai continuar... E quando eu voltar, nós podemos matar toda a saudade...

Eu não sabia o que falar, eu senti que não era o certo... Mas ele parecia feliz com isso então só me restou apoia-lo.

Nos abraçamos, trocamos mais algumas palavras e eu dei uma desculpa esfarrapada para ir para casa chorar.

O dia havia chegado. Eu e meus pais estávamos na casa da tia maria e do tio nate para nos despedimos de vinnie.

Estávamos todos em uma rodinha com ele, eu estava em um canto aleatório da sala apenas observando, meu coração já estava completamente apertado.

Ele me olhou e veio até mim.

- Fica bem, minha pequena. - falou e me abraçou apertado. Eu chorei novamente, eu não queria solta-lo. Ficamos uns dez minutos assim, até que o tio nate disse que ele tinha que ir.

Ele saiu em direção ao carro, nossos olhares não se desgrudavam até eu não conseguir mais ver ele.

Os primeiros dias sem ele foram horríveis! Fiquei doente, tive algumas crises, fui para o hospital... Semanas depois fui sequestrada, fiquei cinco dias com os sequestradores, meu pai tomou um tiro por mim e ficou no hospital por três dias, me culpei e tive mais crises.

Depois de alguns meses, me acostumei com minha realidade atual.

Não era isso que eu planejava quando era criança.

Reencontro - 6 anos depois

Eu estava em casa, minha mãe pediu para prepararem um jantar especial. Não entendi o motivo, já que eu não lembrava de nenhuma data comemorativa.

Às 19:00 da noite cheguei na casa de meus pais e me deparei com ele...

Vinnie estava diferente. Óbvio que ele estava, ele saiu daqui um menino e voltou um homem. Mas não só o físico dele que estava diferente... Os olhos não estavam radiante, cheio de felicidade igual antes...

Eu estava paralisada na porta da entrada, minha mãe veio até mim e me tirou dos meus pensamentos.

Agora eu entendi o motivo do jantar.

- Lilith... - a voz grave dele passa pelos meus ouvidos.

- Vinnie... Bom ver você novamente. - falei indo cumprimentar ele.

Nos abraçamos, foi um abraço sem graça... Nenhum dos dois estavam confortáveis, era notável.

Durante o jantar, nossos pais animados conversavam e encheram vinnie de peguntas. Eu passei praticamente o jantar todos em silêncio, eu estava me sentindo estranha, meu coração estava apertado.

As coisas entre nós mudaram radicalmente. Antes éramos fogo, hoje somos gelo...

Vinnie e eu éramos de poucas palavras e sempre que falávamos alguma coisa a mais sempre acabava em discussão.

Ele não me chamava mais de "Lih" ele começou a me chamar assim desde criança. Depois que voltou, é apenas "lilith".

- Joe.

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