CAPITULO SESSENTA E CINCO
Hero
Volto pro meu quarto tomado pela raiva. Quero quebrar tudo aqui e não posso.
Preciso de ar, não consigo respirar.
Caminho até a Janela e a abro.
O vento bate forte em meu rosto e respiro o ar gelado.
Tiro a carteira de cigarro do meu bolso e o acendo e dando a primeira tragada sentindo meu corpo relaxar imediatamente.
Meu coração dói, uma dor familiar. Ela ja esteve aqui mas agora é como se não tivesse a intenção de ir embora ou coisa do tipo.
Fumo um cigarro mais rápido do que de costume e vou pro segundo sem pensar muito.
Quero voltar no quarto de Josephine pra fazer ela entender que aquilo não significou nada e que nada daquilo foi planejado.
Pego meu telefone e penso em ligar pra ela, mas sei que seria em vão então decido ligar pra Félix.
Disco seu número e ele demora um pouco pra atender.
- E aí mano - sua voz soa tranquila.
- Tá podendo conversar agora? - minha voz soa aflita.
- Sim. Aconteceu algo?
- Eu estraguei tudo - passo a mão pelos cabelos - Quer dizer, não porque eu quis, só aconteceu...
- O que você fez Hero Fiennes?
- Eu meio que beijei outra mulher ...
- Como é que meio se beija outra mulher?
- A diretora do filme veio me dar umas dicas sobre a minha atuação no meu quarto e ela me beijou enquanto a gente encenava. Não foi um beijo técnico..
- Puta que pariu Hero - ele lamenta - E pretende contar a Jô?
- Até parece que você não sabe o quão sortudo eu sou.
- Não me diga que...
- Sim, ela viu tudo - solto um suspiro - E agora não quer me ver, não quer ouvir minhas explicações. Ela simplesmente me odeia.
- E tá errada?
- Eu não tive culpa porra!
- Não teve? Quem abriu a porta do seu quarto pra diretora entrar?
- Eu.
- Quem deu a liberdade de encenar o que quer que seja no quarto?
- E..eu - assumo.
- Quem permitiu que ela desse o beijo sem aviso prévio?
- Eu, mas eu não imaginei que ela iria fazer isso porra.
- Sério Hero? Quando é que você ficou tão inocente assim ein? E se fosse a Jô encenando com algum homem no quarto e ele a beijasse?
- Eu mataria o filho da puta - rosno.
- E ficaria puto com ela. Te conheço o suficiente pra saber como seria sua reação.
- O que eu faço agora? Deixo ela ir?
- Sinceramente, eu não sei - ele suspira - Kath não pode nem sonhar que sei dessa merda, se não seremos dois solteiros - ele resmunga - Mas dê um tempo a ela.
- Tempo? Tô cansado de tempo. A gente passa tempo longe demais e quando tá junto eu faço merda. Acho que preciso parar de machucar ela..
- O que quer dizer com isso?
- Quero dizer que preciso simplesmente sumir da vida dela. São os dois últimos filmes e ela só precisa me aturar durante alguns meses. Quando chegar ao fim eu sumo da vida dela.
- Diz isso como se conseguisse ficar sem ela...
- Vou ter que aprender. Fui um babaca mais uma vez e ela não merece nada disso.
- Não sei nem o que dizer... - a ligação fica muda por alguns instantes.
- Não precisa - respiro fundo e solto o ar lentamente - Só obrigado por me ouvir. Precisava desabafar, estava surtando.
- Tem certeza que é isso mesmo mano?
- Eu não tenho escolha Félix, não é sobre mim é sobre o quanto a faço mal.
Vou desligar agora, não suporto mais essa dor me sufocando.
- Vai fazer o quê?
- Tomar um remédio pra dormir. Amanhã tenho trabalho e não posso deixar que isso interfira no meu profissional.
- Imagino o quanto isso está sendo difícil pra você, mas a verdade é que vocês se amam e mesmo que se afastem algo sempre acontece para que vocês se juntem de novo.
- Dessa vez eu acho que não. Preciso ir, tchau.
Desligo antes mesmo que ele me responda. Ainda me sinto sufocado.
Caminho ate a minha mala e pego o mesmo remédio que usei para dormir durante a viajem e tomo metade dele. Em pouco tempo já estou dormindo.Acordo no dia seguinte com fortes batidas na porta do meu quarto.
Quando abro os olhos demoro um pouco pra perceber onde estou mas logo caí a minha ficha. Corro ate a porta e a abro.
- Sera que dá pra senhora Bela adormecida se arrumar pra sairmos? Já estamos atrasados - Chance avisa.
- Quantas horas?
- Quase oito da manhã Hero, já era pra gente estar se caracterizando.
- Merda - corro pra dentro do banheiro e ouço Chance resmungar algo que não entendo.
Tomo banho em tempo recorde e me visto rapidamente. Chance não está mais na minha porta e ela se encontra fechada. Acredito que ele a tenha fechado enquanto fui tomar banho.
Quando chego ao hall do hotel todos param pra me encarar.
- Desculpa o atraso - digo já sem fôlego - Tomei remédio pra dormir e...
- Nos poupe das suas desculpas e seja mais profissional da próxima vez. Seu atraso impacta em todo um elenco - Josephine diz de forma ríspida.
- Está tudo bem - Castille sorri gentilmente - Isso acontece as vezes...
- Não está tudo bem - Josephine quase rosna para ela - Se todos aqui tem compromisso ele deve ser cumprido de forma prudente.
- Jô.. - Chance segura seu braço e meu rosto se contorce de raiva.
Castille a encara por um breve momento sem entender o porquê daquela agressividade mas logo a ignora.
- Gente, tem alguém que eu quero que vocês conheçam - Um rapaz alto de cabelos escuros, olhos castanhos e pele clara se levanta - Esse é o Carter e ele vai ser o nosso Robert.
- Olá - ele abre um sorriso de lado - É um prazer conhecer todos vocês e espero que façamos um ótimo trabalho juntos - Sua voz saí suave e um pouco arrastada.
- Esse cara não sabe falar feito homem? Conversa como se estivesse fazendo Yoga - resmungo pra mim mesma mas alguém do meu lado escuta.
- Você pode não ter gostado, mas acho que a Jô gostou - Arielle me cutuca com o braço e sorri olhando em direção a Josephine.
Ela sorri para o Carter e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha de forma sensual. Ela está flertando com ele.
A encaro sem esconder a raiva em meus olhos, quero que todos vejam o que estou sentindo nesse momento mas a verdade é que ninguém percebe, estão ocupados demais paparicado o novo integrante do elenco.
- Agora a pouco houve reclamações de que eu estava atrasando as filmagens e agora estão todos parados aqui jogando conversa fora - encaro Josephine.
- Hero está certo - Castille saí em minha defesa - Precisamos ir.
Josephine revira os olhos para mim e se afasta, respiro fundo e a sigo até nossa van. Antes que as pessoas estejam perto o suficiente para nos ouvir eu a alcanço.
- Você nem conhece o cara e estava flertando com ele bem na minha frente - sussurro.
- Você nem conhece a Castille direito e ela estava no seu quarto sugando a sua alma através de um beijo.
- Aquilo não foi intencional.
- Não interessa - ela quase aumenta o tom de voz mas volta a controlá-lo - Você a beijou estando comigo e isso significa que me colocou um belo par de chifres.
- Você está fazendo disso tudo uma bola de neve.
- Sim e espero que ela te atropele.
Ela me dá as costas e entra na Van, de pirraça faço o mesmo e me sento ao seu lado. Pela milésima vez ela revira os olhos e eu finjo não me importar.
As pessoas entram na Van e se ajeitam em seus lugares. Carter se senta no banco da frente e conversa com praticamente todo mundo, eu me recuso a interagir com esse cara e foco minha atenção na mulher que está ao meu lado.
Estico meus braços e passo por cima de seu pescoço pelo banco, Josephine respira fundo ao sentir meu quase contato com a sua pele e me sinto aliviado por ainda causar tais sensações a seu corpo. Acho que nem tudo está perdido afinal.
- Carter - ela se inclina pra frente - Você é solteiro?
- Você deveria colocar o cinto de segurança - digo baixo para que apenas ela escute na esperança de mantê-la encostada no banco da cadeira e longe de Carter, mas sou ignorado. Óbvio.
- Sim! - ele responde de imediato - Estava noivo mas ela quis terminar tudo. Não entendi muito o porquê...
- Noivo? Então você é um cara pra casar? - ela parece entusiasmada.
- Claro - ele sorri - Por que manter um relacionamento sem a intenção de me casar com a pessoa?
- Uau - ela me olha de rabo de olho - Você está certíssimo. As pessoas precisam ter certeza do que querem. Namorar sem a intenção de ter um futuro é inútil - ela me olha rapidamente mas desvia o olhar em segundos.
- E você, é solteira?
- Sim! - ela responde sem pensar duas vezes - Mais disponível do que nunca.
Aquelas palavras me quebram novamente e não sei quanto mais aguento apanhar.
Retiro meu braço do banco e pego meu celular. Coloco um fone, já ouvi o suficiente. Fecho os olhos e me mantenho assim até o nosso destino.
Ao chegarmos ao estúdio vou direto trocar de roupa e me caracterizar de Hardin. Estou totalmente no clima consumido pela vaibe sombria dele.
Chego ao local de gravação e lá está Josephine e Carter sorrindo e conversando como se fossem íntimos.
- Tá tudo bem? - Castille se aproxima e passa a mão em volta da minha cintura.
- Sim, por que não estaria?
- Não sei, te senti meio tenso mais cedo.
- Só acordei de mal humor - a encaro.
- Josephine e Carter se deram muito bem você não acha?
- É o que parece. Vem cá, a voz dele é daquele jeito mesmo ou ele faz daquilo um charme? Não, porque se for um charme ele precisa melhorar muito.
Castille caí na gargalhada chamando a atenção de Jô que nos encara com o olhar carregado de ódio - Ele conversa daquele jeito mesmo, bem doce - ela se aconchega mais em mim - Algumas mulheres gostam.
Mais uma pontada no peito ao ouvir aquilo.
Será que a minha garota estava gostando? Ela me esqueceria assim tão rápido.
Solto um suspiro e me afasto de Castille pegando o script ao meu lado e revisando algumas falas.
- Bom, vamos começar - ela bate palmas e anuncia o início das gravações.
Gravamos a cena do bar algumas vezes, por ser uma cena de ação foi necessário uma atenção maior.
- E corta! - Castille grita - Ótimo, ficou muito bom.
Paramos para um almoço e algum tempo depois voltamos a gravar.
- Bom, agora vou precisar que você Hero, coloque o pai da Tessa no sofá e vá para o quarto, enquanto isso você vem aqui - ela gesticula com os braços - E pega dois copos de água e duas pedrinhas de gelo.
- Mas está muito frio pra usarmos gelo - minha preocupação com Jô é nítida.
- Calma bobinho - Castille sorri pra mim - Você me deu ideias ontem lembra?
- Menino prodígio - Josephine diz em tom de deboche mas ninguém percebe além de mim.
- Sim, ele é demais - Castille me elogia - Voltando, você vai se despir tá Hero enquanto Tessa entra no quarto, nessa hora vocês fazem um rápido diálogo e depois aquela tensão sexual que vocês sabem fazer perfeitamente.
- Podemos usar minha duble? - Josephine sugere.
- É uma cena simples - Castille alega - E sua duble ainda não chegou.
Tudo bem pra você encarar essa? Sei que não vai ser difícil - ela abre um sorriso sarcástico.
- Claro - Jô revira os olhos deixando evidente seu desconforto.Josephine
Me deito na cama sob o toque de Hero e meu corpo inflama. Sinto minha boceta pulsar mas não permito que ele perceba minha excitação. Estou com muita raiva dele mas meu corpo simplesmente ignora esse sentimento, então me sinto em conflito comigo mesma. Ele me beija e faço de tudo para parecer o mais técnico possível, me recuso a usar a língua mesmo minha boca ansiando por aquele beijo que so ele sabe me dar. Ele me deita na cama lentamente e juro que quero arrancar toda a minha roupa e transar com ele aqui mesmo na frente de Castille para que ela veja que só eu consigo deixar esse homem louco mas ignoro essa sensação.
- Você pode tirar o casaco por favor Jô - Castille nos interrompe.
- Está frio - digo imediatamente pois não quero que Hero veja minha pele arrepiada ao seu toque.
- Vocês estão prestes a fazer uma cena de sexo, deveria tirar o casaco - ela insisti.
- Tá tudo bem - Hero se manifesta - Pode ficar bem sensual assim também.
Castille revira os olhos e decide não insistir mais. Sigo vestida enquanto voltamos a atuação. Hero desliza o gelo pelas minhas pernas e só consigo pensar no que vi na noite anterior entre ele e Castille. O que torna tudo muito doloroso pra mim mas não permito que isso transpareça de qualquer forma.
Ele se posiciona como se fosse me penetrar e Castille grita pra encerramos a cena.
Hero permanece com os olhos vidrados nos meus como se pudesse ler minha mente e então me afasto.
Graças a Deus ela não pede para que repassemos a cena. Hero da continuidade a cena simulando o sexo porém sozinho na cama, não sei exatamente qual vai ser a edição mas não precisou que eu estivesse ali.
Gravamos mais algumas pontas soltas e por fim chegamos ao fim do dia.
Foi um dia bem cansativo e doloroso pra mim mas que consegui tirar de letra, o que significava que era só questão de tempo para que Hero ficasse no passado.
Estamos todos juntos em uma conversa amigável enquanto nos alimentamos.
Hero está sentado a minha frente ao lado de Castille e a vejo se aproximar dele e sussurrar. Não escuto o que ela diz mas leio seus lábios.
- Poderíamos jantar hoje mais tarde o que você acha? - ele me olha em busca de respostas e quando dou por mim já estou encarando Carter que está ao meu lado.
- O que acha de juntarmos hoje? - digo em voz alta - Vamos ter interações no filme e acho justo que possamos nos conhecer melhor.
- Ah, claro. Acho uma ótima ideia.
- Olha, podemos sair juntos - Castille se anima - Como um encontro de casais - ela sussurra e da uma piscadinha pra mim.
Minha vontade era de voar no pescoço dela e arrastá-la por todo o set mas engulo essa vontade e respondo um sonoro "Claro" e ela se anima.
- Estou cansado preciso dormir cedo - Hero se manifesta.
- Ah por favor Hero - Castille quase implora.
- Se vocês não forem podemos marcar outro dia - Carter se adianta em dizer.
- Não, vamos hoje - digo de forma firme.
- Tudo bem - Hero responde - Nós vamos!
Não pensei que ele fosse mudar de ideia tão rápido, e agora me sinto arrependida de ter criado essa situação, mas sou Josephine Langford e vou até o fim com isso.
- As nove? - Castille pergunta.
- As nove! - Hero confirma.
- Certo nos encontramos no hall do hotel as nove então - Carter diz já animado - Vai ser um prazer te conhecer melhor - Ele sussurra em meu ouvido e ouço um copo se quebrar.
- Hero tá tudo bem? - Castille segura a mão ensanguentada de Hero com o olhar assustado.
- Está - ele responde sem desviar os olhos dos meus - Foi só um corte superficial. Segurei o copo com força demais.
- Vem, vamos vou cuidar disso.
Eles se levantam e saem rumo ao banheiro. Fico inquieta na cadeira pensando se deveria ir atrás mas logo mudo de ideia por medo de ver algo que não me agrade.
- Vocês não deveriam fazer isso - Chance sussurra em meu ouvido.
- Isso o quê?
- Se machucarem dessa forma.
- Ele começou - digo levanto meu suco de laranja aos lábios.
- E você está dando continuidade. Sério, esse joguinho vai destruir vocês.
- Talvez a gente precisa se destruir para cortar de uma vez esse elo.
- Ou talvez vocês precisem começar a agir feito dois adultos.
- Obrigada pelos conselhos - o encaro.
- Pensa direitinho Jô, isso pode deixar marcas irreversíveis.
- As marcas já existem Chance.
Me levanto, agradeço a todos e vou pra Van.
Ninguém me segue, nem mesmo Carter e é nesse momento que me desabo em choro. Segurei por tempo demais e agora me sinto tão frágil e desprotegida.
Mil coisas passam pela minha cabeça, inclusive o fato de Hero estar com Castille agora. Só consigo pensar que eles pudessem estar se pegando e isso me machuca ainda mais mas também me fortalece de alguma forma.
Quando ouço vozes se aproximarem limpo as lágrimas e finjo estar em uma ligação, não quero que ninguém puxe qualquer assunto que seja comigo agora.
Todos estão aqui ou pelo menos quase todos. Castille e Hero ainda não voltaram o que me deixa aflita. Pouco tempo depois e lá vem eles, juntos. Ela sorrindo pra ele e conversando sobre algo que não consigo desvendar. Ela tem um brilho estranho nos olhos e algo me diz que ela não foi só ajudar com seu ferimento mas que talvez eles tenham transado.
Jogo minha cabeça pra trás, coloco meus fones e fecho meus olhos.
O dia foi longo, o caminho de volta vai ser longo e a noite que me espera vai ser ainda mais longa .
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Onde Tudo Começou 🎬
FanfictionJosephine Langford é uma jovem atriz prestes a viver sua primeira protagonista de uma adaptação literária. Ela está bastante animada e concentrada para dar o melhor de si. Ela só não imaginava que seu par romatico na trama pudesse virar sua cabeça...