CAPITULO SESSENTA E SEIS
Hero
Agora é exatamente nove da noite e estou sentado no hall do hotel esperando por Castille. Não me preocupei em vestir nada especial. A verdade é que eu nem queria ir a esse jantar, mas ver minha garota chamando aquele cara pra sair me deixou louco.
Estou usando um conjunto de moletom preto e boné também preto. A cor é justamente pra mostrar como me sinto sem Josephine. Na escuridão.
Mexo em meu celular até que ouço alguém chamar por meu nome.
- Hero?
Levanto os olhos e lá está Castille, usando calça jeans justa, um salto alto e uma jaqueta preta de frio.
Seus cabelos estão soltos como sempre.
- Pronto pro nosso jantar? - ela sorri.
- Acho que sim - não me dou o trabalho de me levantar e cumprimentá-la melhor.
- O que houve? Parece que não quer ir.
É por que vamos nos quatro né? Se preferir podemos pedir algo e comer no meu quarto mesmo, não me importo.
- Não, tá tudo bem. Nós vamos - digo sem mostrar muito interesse.
- Uau - ela está com o olhar fixado pra frente - Se soubesse que você iria assim, teria me vestido melhor - ela olha pra si mesma.
Viro a cabeça rapidamente enquanto Castille passa por mim.
Lá está ela, e está linda pra caralho.
Um vestido vermelho justo até um pouco acima dos joelhos com botões brancos que mais parecem pérolas, um sobretudo preto e salto preto de veludo.
Seus cabelos estão presos em um coque baixo e alguns fios soltos ao lado do rosto.
Um batom vermelho de tirar o fôlego.
Me levanto para ir em sua direção mas uma mão em sua cintura chama minha atenção e fico paralisado. Olho ao seu lado e lá está Carter.
Cabelos bem penteados, calça jeans escuro, uma camisa Polo preta e uma jaqueta jeans por cima.
Castille abraça Carter com um belo sorriso nos lábios e em seguida Josephine.
Vejo a cara de desdém que ela faz mas ainda sim retribui o cumprimento.
Respiro fundo e tiro forças não sei exatamente da onde e caminho até eles.
Me recuso a apertar a mão de Carter e abraçar Josephine então apenas aceno com a cabeça e passo o braço em volta da cintura de Castille. Sei que estou sendo um babaca mas é isso ou eu quebro a cara desse imbecil aqui e agora.
Josephine acompanha minhas mãos com os olhos e depois me encara se aconchegando mais em Carter.
- Está um pouco frio pra você sair assim não acha Josephine? - não consigo segurar as palavras.
- Não, me sinto bem assim - ela responde de forma ríspida.
- Ela tá uma gata - Castille elogia.
- Está mesmo - Carter a olha como um pedaço de carne suculenta e meu corpo estremece.
- Vamos? - Castille se manifesta - Aluguei um carro.
Todos concordamos e a seguimos até o estacionamento.
- É aquela BMW branca logo ali.
- Só você mesmo pra alugar uma BMW - Carter sorri e balança a cabeça.
- Você me conhece Cart.
Josephine e eu nos olhamos tentando entender qual é daquela intimidade toda mas não perguntamos nada.
Entramos no carro. Castille é quem dirige, estou sentado no passageiro ao seu lado enquanto Jô e Carter estão atrás.
Passo o caminho quase todo assistindo de camarote os dois flertarem e sorrir enquanto Castille tenta puxar assunto comigo, mas a verdade é que não dou a mínima pro que ela fala, aliás nem sei o que ela estava falando pois minha atenção era toda de Josephine e Carter.
Em alguns momentos Castille e Carter conversavam quase que em códigos enquanto Jô e eu tentávamos entender qual era daquele diálogo.
- Em que restaurante vamos? - Pergunto.
- Ah, que bom que perguntou - ela sorri - Vamos ao Udon.
- Udon? - Carter quase pula do banco de trás pra frente.
- Aham - ela balança a cabeça animada.
- Deveria ter imaginado - ele sorri.
Abro a boca para perguntar algo mas antes que saia qualquer palavra da minha boca Castille anuncia que chegamos ao nosso destino.
Ela estaciona o carro e todos descemos e seguimos Castille pela entrada do restaurante. Ela dá nossos nomes na portaria um garçom se apresenta e nos acompanha até a nossa mesa, nos deixa o cardápio e logo se afasta.
O lugar é extremamente bonito e muito bem decorado com artefatos orientais.
As mesas são de madeira rústica e há flores de ameixa japonesa por vários pontos do restaurante deixando uma vista muito agradável.
- Aqui é bem bonito - comento por alto.
- Ah é sim, eu amo esse lugar. Meus pais sempre me traziam aqui quando criança.
- Nossa, então aqui é bem antigo né - Josephine comenta em tom de deboche.
- Ah que isso Jô, nem sou tão velha assim - Castille sorri.
- Mas também não estamos mais tão novinhos igual a quando vínhamos - Carter comenta sorrindo.
- Vocês... - aponto para os dois - Já se conheciam?
- Ah sim - ela passa as mãos pelos cabelos vermelhos - Esse bonitão é meu amigo de infância. Nos conhecemos aos doze anos de idade e daí por diante éramos inseparáveis.
- Entendi agora o porquê de ganhar uma pontinha no filme. Privilégio que chama - digo se forma sarcástica.
- Não acho - Josephine saí em sua defesa - Andei pesquisando sobre o Carter - ela o olha rapidamente - Não sou nenhuma psicopata tá - ela sorri - E ele é bem talentoso e esforçado.
- Isso eu preciso concordar - Castille fala.
- Claro - minha voz quase não saí e aceno para o garçom que logo vem até nós - Uma cerveja por favor.
- Não sabia que você bebia cerveja - Josephine me encara.
- As vezes bebo ...
A verdade é que só bebo cerveja quando estou muito chateado, obviamente ela não sabe disso já que nunca comentei com ela.
Minutos depois o garçom volta a nossa mesa com a minha cerveja e me serve.
Aproveitamos para fazer o pedido.
Jô e eu pedimos Yakisoba, enquanto Castille e Carter pediram algumas peças.
Jantamos e em seguida todos pedem bebidas alcoólicas exceto Josephine, então decido que é hora de parar e peço uma água com gás.
Castille e Carter seguem conversando enquanto Jô e eu criamos uma tensão mesmo sem querer.
Quero arrastá-la daqui fugir com ela mesmo contra sua vontade.
- Então Jô - Carter se vira pra ela - Você me disse que está solteira - ele sorri - Pretende arrumar alguém ou o foco é a sua carreira?
- O foco é a minha carreira, mas se acontecer não vou achar ruim - ela me olha e depois se vira pra ele abrindo aquele sorriso que antes era sempre pra mim.
- E você Castille? Conseguiu arrumar alguém tão interessante quanto eu?
- Espera - Josephine parece surpresa - Vocês dois...
- Foi um namorico de adolescentes - Castille bebe seu vinho branco.
- Namorico de respeito - Carter quase sussurra.
- Meu Deus - Josephine fala baixinho e balança a cabeça negativamente.
- Mas respondendo a sua pergunta Cart eu andei beijando alguém - ela fica vermelha.
Olho imediatamente para Josephine e seus olhos estão cheios d'água eu sabia que esse jantar era uma péssima ideia.
Ela se levanta rápido e a cadeira acaba caindo no chão.
- Desculpa, preciso ir ao banheiro.
Ela não espera que ninguém responda e apenas caminha apressadamente pra longe.
- Eu também preciso ir - me levanto rapidamente.
Ouço alguns protestos mas continuo andando sem olhar pra trás.Josephine
"Eu andei beijando alguém"
Essas palavras se repetem em minha cabeça assim como o que vi naquela noite como um mantra.
Pensei que estivesse pronta pra jogar esse jogo mas a verdade é que não consigo e talvez não valha a pena.
Entro correndo no banheiro e esbarro em uma mulher bêbada que profere alguns xingamentos mas eu a ignoro.
As lágrimas ameaçam cair mas eu respiro fundo para impedi-las não posso deixar que ninguém perceba que chorei.
Faço mais alguns exercícios de respiração e decido sair do banheiro.
Preciso encarar esse jantar até o final.
Puxo a maçaneta, abro a porta e quando saio sou puxada pelo braço.
- Me solta - grito.
- Não grita - a voz grossa de Hero adentra meus ouvidos fazendo meu sangue ferver - Vem comigo.
- Eu não vou a lugar nenhum com você - tento me soltar.
- Não faz isso Josephine. Não me obrigue a te jogar por meu ombro e te arrastar daqui.
- Você não seria louco de fazer isso - ela me desafia.
- Vem comigo... por favor - sua voz soa seria.
- Já falei que não. Da pra me soltar agora por favor? - estou irritada.
- Tá! Deixando claro que você me obrigou a isso.
Ele se aproxima de uma só vez e me tira do chão tão rápido que não tive tempo de me afastar. Ele me joga por cima de seu ombro e eu me debato enquanto caminhamos pelo corredor pouco movimentado. As poucas pessoas que ali estão nos olham assustadas.
- Desculpem, ela não tomou o remédio tarja preta hoje e precisamos ir agora caso contrário ela vai começar a quebrar tudo aqui. Desculpa, desculpa - ele eleva seu tom de voz.
- Isso é mentira! - grito.
- E o primeiro sintoma é negar. Pobre garota - ele lamenta.
Continuo me debatendo até que chegamos a parte detrás do restaurante.
- Vou te colocar no chão agora - ele avisa - Não é pra você correr. Promete?
- Prometo - minto.
Assim que ele me coloca no chão com todo o cuidado o encaro e dou um belo tapa em seu rosto em seguida lhe dou as costas e começo a andar pisando duro.
- Isso, foge mesmo. Continua agindo feito uma criança birrenta - ele grita e eu paro no meio do caminho.
- Criança birrenta? - volto a caminhar mas agora em sua direção - Criança birrenta? - repito.
- Sim, é exatamente assim que você tem se comportado - ele passa a mão pelo rosto.
- Eu não estou fazendo isso. Eu estou te evitando porque você não me faz bem.
Será que ainda não me machucou o bastante? O que você quer de mim? Me destruir?
- Você sabe que não quero nada disso - ele me encara.
- Não é o que parece. Estou tentando flertar com o bonitão e você está me atrapalhando me mantendo aqui.
- Você está fazendo isso pra me atingir e parabéns tá conseguindo. Eu vi seus olhos quando a Castille disse aquilo, se estivesse interessada naquele cara esquisito não daria importância.
- Eu não dei - me afasto um pouco.
- Claro que deu. Você saiu correndo e ..
- Quer saber, eu me importei sim - estou a ponto de explodir - Claro que me importei, o homem que eu amo beijou outra estando comigo e ainda sou obrigada a ouvir ela esfregar isso na minha cara..
- Ela não sabe da gente e se soubesse não teria feito aquilo.
- Você está mesmo defendendo ela?
- Não estou defendendo é só que...
- Cala a boca - quase grito e olho ao redor - Me esquece e não tente de forma alguma me atrapalhar com o Carter - ameaço.
- O que aquele cara tem a te oferecer pelo amor de Deus? Ele não sabe nem falar feito homem.
- Talvez um bom sexo.
Não sei porque disse aquilo, mas eu disse e sei o quanto isso o machucou.
Me arrependi no segundo seguinte em que as palavras já tinham sido ditas mas agora não teria como voltar atrás.
- Então você pensa em transar com ele?
- Talvez eu faça - dou de ombros.
- Não faz isso comigo - ele se aproxima e apoia as mãos em meu rosto.
- Não fazer isso com você? Você me traiu Hero da forma mais covarde que alguém poderia trair.
- Porra! - ele grita e se afasta - Ela me beijou, não fui eu.
- Você nem assume a merda que você fez cara.
- Eu errei Josephine, eu errei. Me perdoa. Tá bom assim? - ele abre os braços.
- Vai se ferrar.
Junto o resto que sobrou do meu coração despedaçado e volto pra dentro.
Sei que ele me segue pois seus passos estão pesados atrás de mim mas eu os ignoro.
Ao chegar na mesa me aproximo de Carter, debruço meu corpo e colo meus lábios em seu ouvido.
- Me leva daqui.
Quando me afasto Hero está nos encarando com mágoa nos olhos.
Carter se levanta imediatamente e se despede de Castille e quando vai se despedir de Hero ele não responde.
Carter segura minha mão e juntos saímos do restaurante.
Ele chama um táxi e algum tempo depois estamos de volta ao hotel.
Ele me leva até o meu quarto e eu o convido pra entrar. Não que eu tenha a intensão de transar com ele mas talvez eu precise.
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Onde Tudo Começou 🎬
FanficJosephine Langford é uma jovem atriz prestes a viver sua primeira protagonista de uma adaptação literária. Ela está bastante animada e concentrada para dar o melhor de si. Ela só não imaginava que seu par romatico na trama pudesse virar sua cabeça...