CAPÍTULO TRINTE E CINCO
Josephine
A semana passou mais rápido do que eu imaginava e sem que meus pais soubessem comecei a fazer um acompanhamento médico.
Katherine me acompanhou em alguns exames e consultas com o ginecologista obstetra para acompanhar de perto minha gravidez.
Tivemos o prazer de ouvir o coração do bebê que batia forte e rápido, Kath e eu não conseguimos conter as lágrimas. Apesar de ser grata por ela estar ao meu lado presenciando esse momento mágico eu gostaria muito que fosse o Hero. Depois das minhas tentativas falhas de falar com ele acabei desistindo e decidi viver esse momento ao lado da minha irmã e na hora certa ao lado da minha família. Ainda não estava pronta pra contar e nem pra reação deles.
Esse momento estava sendo mágico de mais pra que algo venha atrapalhar.
Hoje é segunda, dia do jantar com o Dylan e também a semana em que eu iria para o Brasil e finalmente veria o Hero depois de todo esse tempo. Não sabia se estava pronta e prefiro nem pensar sobre isso até ter que encarar o momento.
Avisamos nossos pais sobre a visita de Dylan, eles ficaram meio desconfiados mas aceitaram de bom grado o jantar.
Minha irmã e eu decidimos cozinhar uma torta de carne, eu não era a melhor cozinheira mas Kath era, então eu apenas auxiliei em sua obra de arte.
Eu estava com desejo de comer esse prato ela fez questão de preparar pra nós.
Arrumamos a mesa de jantar e em seguida subimos para nós ajeitar.
Visto um vestido simples azul que disfarce a minha barriga e Kath também decide por um vestido preto colado e os cabelos soltos, já os meus estão presos em coque no topo da cabeça e duas mechas soltas ao lado do rosto.
- Não vai se maquiar? - Kath pergunta enquanto passa o gloss nos lábios.
- Pra quê? - a encaro.
- Jô, é um convidado importante. Precisamos ficar impecáveis.
- Não, obrigada - faço careta - Não acredito que convidou um estranho pra jantar na nossa casa.
- Jô, ele não é bem um estranho. É uma figura linda e pública.
- Já vai começar - reviro os olhos.
- Você não aproveita as oportunidades que a vida te dá. Se ele olhasse pra mim como olha pra você eu já estaria escolhendo o vestido de casamento.
- Não sei se você se lembra - me aproximo de seu ouvido e cochicho - Eu estou grávida e eu duvido que quando ele souber tenha algum interesse em mim.
- Um filho não atrapalha sua vida amorosa, você sabe disso não sabe?
- Ah - passo as mãos pelo rosto - Não quero ter vida amorosa com ninguém garota. Já estou traumatizada de mais.
- Você não teve notícias do Hero né?
- Depois de um tempo parei de tentar, mas tive notícias dele sim. Fotos dele em uma lancha sorrindo, feliz...
- Ah - ela suspira - Ele não vai estragar nosso jantar. Esquece que ele existe e vamos aproveitar nosso novo amigo, quem sabe meu futuro marido ou o seu - ela sorri.
- Meu Deus Kath - dou uma risada - Você é louca.
- Louca não - ela sorri e termina de se maquiar.
Escutamos o barulho da campainha e minha mãe nos alerta sobre a presença de Dylan. Kath ajeita os últimos detalhes e ambas descemos.
- Oi Dylan - ela o abraça carinhosamente - Você é bem pontual - ela se afasta.
- Tento dar o meu melhor - ele sorri.
- Oi Jô - ele me abraça e eu retribuo.
- Bom, nossa mãe Elizabeth você já conheceu certo?
- Ah sim, quando a vi imediatamente soube de onde veio as filhas bonitas que ela tem.
- Ah, como você é gentil - minha sorri - Vamos, entre.
Abrimos espaço e ele adentra nossa casa.
- Trouxe um vinho - ele balança a garrafa diante do seu corpo.
- Olha Jô é o Yellow Tail Moscato o seu favorito - minha mãe sorri.
- Sério? Comecei bem então - ele olha pra mim e eu desvio o olhar.
- Verdade, é o meu favorito - respondo meio sem jeito.
- Então você é o Dylan? - a voz grossa adentra a sala roubando nossa atenção.
- Ah, sim - Dylan se aproxima do meu pai - Muito prazer senhor...
- Stephen Langford - ele estende a mão para Dylan num aperto forte - O prazer é meu. Venha, vamos o jantar já está pronto. Você vai adorar a torta que as meninas fizeram.
- Vocês? - eles nos encara animado.
- Mais a Kath do que eu. Ela é quem tem o dom.
- Como você é modesta maninha - ela sorri pra mim - Mas vamos - ela indica o caminho e todos a seguimos.
Nos ajeitamos na mesa enquanto meu pai serve o vinho para todos, me sinto um pouco desconfortável porque meus pais sabem o quanto eu amo esse vinho e não poderei beber. Kath me olha com uma interrogação estampada em seu rosto e eu apenas dou de ombros.
- Então Dylan - meu pai toma o primeiro gole - O que você faz da vida.
- Sou ator - ele sorri.
- Interessante. Conheceu minhas filhas em alguma gravação?
- Ah, não - ele se serve - Conheci Josephine no vôo de Londres pra cá e depois a Katherine no shopping por um acaso.
- Londres? - Minha mãe me encara - Pensei que as filmagens do filme estavam acontecendo em Atlanta - ela me encara.
- E estava mãe - evito olhar pra ela.
- E como a senhorita foi parar em Londres?
- Longa história e agora não é o momento de contar - me sirvo com a torta.
Minha mãe me encara desconfiada mas Kath consegue mudar o foco da conversa e todos embarcam no assunto.
Nos servimos e começamos a comer, não consegui comer muito pois estava enjoada e agora não era um bom momento para vomitar toda a minha refeição.
- Você nem tocou no seu vinho filha. Tá tudo bem? - meu pai me encara.
- Está sim, só não quero beber hoje.
- Você dispensando um Yellow? - minha mãe me encara com os olhos semi cerrados - Isso não está me cheirando bem.
- Eu só não quero beber ok? - altero um pouco a voz.
- Não precisa ficar nervosa filha - meu pai me encara - Mas você nunca dispensaria o seu vinho favorito.
- Eu não estou nervosa, só não estou com saco pra esse tanto de pergunta.
- Perguntas das quais a mocinha vai ter que responder quando nosso convidado for embora.
- Eu vou responder se eu quiser mãe.
- Se quiser não, vai responder porque sou sua mãe e tenho que saber o que você anda aprontando pelas minhas costas.
- Para com isso, eu não sou mais criança. Kath faz o que quer quando quer e ninguém a questiona. Parem de me encher - quase grito.
- Josephine, abaixe seu tom - meu pai me repreende.
- Vocês me tratam como criança - me levanto de uma só vez - Pra mim esse jantar já deu.
- Desculpa Dylan, minha irmã anda com os hormônios um pouco aflorados demais ultimamente - ela segura a mão de Dylan.
Reviro os olhos e começo a me afastar da mesa mas quando chego no primeiro degrau sinto uma pontada.
- Aí - me curvo um pouco colocando as mãos sobre a barriga.
- Jô? - Kath corre até mim - Tá tudo bem?
- Estou, é só que ... - a pontada vem mais forte - Aí - grito.
Todos se levantam e caminham em minha direção desesperados.
- Fala comigo Jô - Kath quase implora.
- Tá doendo muito - começo a me curvar mais e Kath tenta me segurar.
- O que foi filha? - meu pai está desesperado.
- aaaaah - grito mais alto e perco as forças nas pernas indo direto ao chão - Meu bebê - olho para Kath.
- Bebê? - minha mãe arregala os olhos.
- Ela precisa ir pro médico agora - Dylan sugere.
Aperto os braços em volta de minha barriga e sinto algo molhado entre minhas pernas. Levo a minha mão até lá e quando elevo os dedos na altura dos meus olhos, estão cheios de sangue.
- Eu estou perdendo meu bebê - grito - Me leva pro hospital, eu não quero perder meu bebê. Por favor - começo a chorar e me contorcer de dor.
- Pai pega o carro - Kath ordena - Dylan me ajuda a carregar ela.
- Certo.
Meu pai corre até a garagem e retira o carro o parando na porta de casa. Minha mãe está parada tentando digerir toda a situação enquanto Dylan me pega no colo e me leva até o carro me colocando cuidadosamente no banco traseiro.
Minha irmã e Dylan se juntam à mim enquanto meus pais se sentam nos bancos dianteiros.
- Vai ficar tudo bem Jô - Kath tenta me acalmar.
- Não vai dar tempo, eu estou perdendo meu bebê - me sinto apavorada.
- Você precisa ficar calma Jô - Dylan segura minha mão - Desesperar agora não ajuda em nada.
- Eu não quero perder meu filho, ele ainda é tão novinho, não posso perder ele - meu choro fica cada vez mais intenso e não consigo mais respirar.
- Ei, ei. Olha pra mim - Dylan exige - Foca em mim - ele aperta a minha mão - Respira devagar, seu bebê precisa que fique calma agoram
- Eu não consigo - tento controlar a respiração - aaah - volta a gritar.
- Pai, tem como ir mais rápido?
- Já estou acima da velocidade permitida filha - ele lamenta.
- Minha filha de vinte e dois anos grávida - minha repete para si mesma - Você é o pai? - ela se vira para trás e encara Dylan com fúria.
- Mãe, agora não é hora disso. Tenha dó - Kath esbraveja.
Estou sentindo muita dor e todos falam ao mesmo tempo e por um instante ouço as mesmas vozes ficarem longe enquanto minha visão começa a se escurecer até que não vejo mais nada além de escuridão.Hero
- Enfim, em casa - me jogo no sofá - Agora vou recuperar meu número.
- Aí garoto - Mercy se senta ao meu lado - Pensei que já nem estava se lembrando disso.
- Não me irrita pirralha, acabei de renovar minhas energias - pego meu iPhone, entro em meu Instagram e vejo que está fervilhando de notificações.
Abro algumas e me deparo com Chantal falando merdas sobre mim e sinto a raiva me tomar - Aquela... - respiro fundo e entro em contato com a operadora, obtenho meu número de volta e então chega algumas mensagens da Anna pedindo para que eu ligue assim que possível e mais um monte de notificações que nem me dou o trabalho de ver e digito logo o número de Anna indo em direção ao meu quarto.
- Anna? - ela atende no segundo toque.
- Aonde você se meteu? - ela está nervosa - Você por um acaso viu o Twitter? o Instagram? Quem é aquela garota Hero?
- Acabei de ver. É a Chanal foi só um caso e nada mais.
- Pois esse "caso" me causou vários problemas. Tive que convencer meio mundo que você não tinha relação com a garota. Será que tem como você segurar a sua onda em relação a mulheres? Ou se não vá você mesmo resolver seus problemas.
- Desculpa Anna, não sabia que ela faria isso.
- Claro que não sabia, se soubesse acredito que não seria burro o suficiente pra se envolver com esse tipo de mulher - ela suspira - Sexta feira é pra você encontrar a mim e a Jô no Brasil, já passei as coordenadas pra sua acessória.
- A Jô? - minha voz saí trêmula.
- Sim Hero, a Jô ou você se esqueceu que é um protagonista e que temos compromissos a serem cumpridos?
- Eu.. não esqueci - quase guaguejo.
- Então te vejo lá. Desculpa ter que ser tão dura mas você precisa estar mais alerta quanto a esses detalhes. Os fãs te seguem e sabe tudo sobre você e isso não agrega em nada, só atrapalha. Daqui por diante tome cuidado.
- Tudo bem, você está certa. Obrigado pelo toque. Te vejo na sexta.
- Até lá.
A ligação se encerra e me sento na cama ainda em choque com a única informação que atingiu forte meu peito. Em menos de cinco dias eu iria ver minha pequena. Depois desse tempo que mais pareceu uma eternidade eu estarei ao seu lado de novo e poderei tentar reconquistar-la. Não sei se sinto alegria ou tristeza porque apesar de estar feliz por conseguir ver ela não sei qual vai ser sua reação ao me ver.
Pego meu celular e disco seu número que chama até cair na caixa postal.
Ligo mais uma vez e nada.
Me deito de barriga pra cima analisando cada detalhe do teto mas sem prestar a mínima atenção já que minha cabeça estava voltada pra um só pensamento, Josephine.
- Filho? - Minha mãe entra em meu quarto - Tomei a liberdade de chamar seus amigos e eles estão lá embaixo esperando por você.
- Não estou no clima mãe - continuo imóvel.
- Eles são seus amigos Hero, estão sentindo sua falta e agora você precisa deles.
- Vou ver a Jô na sexta feira mãe.
- O quê?
- Temos uma viagem pra fazer ao Brasil a trabalho.
- Isso é uma boa oportunidade pra se acertarem.
- E se ela não me quiser mais?
- Aí você vai tocar a sua vida filho.
- Eu não sei viver sem ela mãe.
- Você viveu todos esses dias filho. Você sorriu, brincou, saiu, comeu, bebeu, você viveu filho - ela se escora na porta - Se ela te ama, ela vai voltar e vocês podem recomeçar. Agora, se isso não acontecer, tá tudo bem. Com tempo tudo isso não vai passar de uma mera lembrança.
- Não quero que ela vire uma lembrança.
- Eu sei que não filho, mas se assim tiver que ser, você vai tirar de letra - ela se aproxima e estende a mão - Agora vá curtir um pouco com seus amigos
- Você é a melhor mãe do mundo - me levanto e a abraço.
- A melhor mãe para ao melhor filho - ela beija meu rosto - Agora vá.
Eu a aperto em meus braços, beijo seu rosto e vou me encontrar com o meus amigos que me recebem com muito carinho e solidariedade por tudo que tenho passado nós últimos dias.
Além da melhor família, sem dúvidas eu tenho os melhores amigos.
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Onde Tudo Começou 🎬
Fiksi PenggemarJosephine Langford é uma jovem atriz prestes a viver sua primeira protagonista de uma adaptação literária. Ela está bastante animada e concentrada para dar o melhor de si. Ela só não imaginava que seu par romatico na trama pudesse virar sua cabeça...