CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS🎬

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CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

Hero

Alguns minutos após a ligação acabei pegando no sono ao lado de Diesel e quando acordei pela manhã seus olhos estavam fechados e ele não se movia mais.
Ali eu entendi que ele havia partido.
Senti uma dor forte no peito e o abraçei enquanto as lágrimas tomaram todo o meu rosto.
Não me dei ao trabalho de levantar e ir avisar à todos que ele já não estava mais entre nós, não tinha forças pra isso então permaneci imóvel abraçado a Diesel.
- Filho? - minha mãe se aproxima mas eu não respondo - Filho? - ela chama de novo apoiando a mão em meu ombro e eu a encaro - Ele se foi? - ela questiona com todo o cuidado.
Faço que sim com a cabeça e ela se ajoelha a minha frente e acaricia Diesel - Eu sinto muito meu amor - ela me abraça e beija o topo da minha testa - Vamos, você precisa ...
- Não, me deixa aqui - digo um pouco ríspido demais.
- Você não pode ficar aqui com ele meu amor, precisamos..
- Não, não precisamos - minha voz saí firme.
- Tudo bem - ela se afasta um pouco - Leve o tempo que precisar.
Mercy desce as escadas correndo e observa a cena e entende imediatamente o que acabou de acontecer. Ela corre até mim e me envolve em um abraço contendo os soluços e me apertando.
Minha mãe sobe as escadas e depois desce acompanhada de meu pai e do meu irmão Titan. Meu pai nos observa por um tempo e nos abraça. Ele nunca foi de abraçar, sempre foi mais distante mas nesse momento ele demonstrou toda a sua solidariedade e me senti grato por isso.
Titan me segura pelo braço e só assim consigo me afastar de Diesel.
Depois de uma noite incrível com a minha pequena aquela tinha sido a minha pior manhã.
Meu pai pega Diesel no colo e eu corro até ele.
- O que vai fazer? - seguro seu braço.
- Vamos sepulta-lo nos fundos.
Concordo com a cabeça e o enrolamos em um lençol enquanto cavamos uma cova para ele.
Minhas emoções estão a flor da pele e não digo nada, apenas choro e meu pai simplesmente respeita esse momento. Titan se aproxima de nós nos ajudando para que seja mais rápido e assim acontece.
Terminamos de cavar e em seguida minha irmã e minha mãe aparecem.
Minha irmã ainda está de pijama e segura uma rosa vermelha que acredito que tenha sido arrancada do nosso jardim. Seu rosto está avermelhado e seus olhos inchados o que prova que assim como eu ela também já chorou bastante.
Minha mãe a abraça e beija seus cabelos enquanto caminha em nossa direção.
Ao me ver ela corre até mim e se joga em meus braços, eu a abraço forte e acaricio seus longos cabelos loiros.
- Tá tudo bem - sussurro - Vamos ficar bem.
- Ele não deveria ter ido embora Hero, ele deveria ser eterno - ela levanta a cabeça pra me olhar e percebo que agora está ainda mais vermelha enquanto as lágrimas rolam por seu rosto.
- Mas ele é eterno pirralha, porque vai estar sempre na nossa memória e no nosso coração. Ele fez a parte dele aqui, nos deu muita alegria e momentos incríveis mas a hora dele chegou e agora ele está descansando.
- Isso não é justo - ela volta a afundar a cabeça em meu peito.
- Mas é o percurso natural da vida e tá tudo bem.
- Ei - meu pai acaricia as costas dela - Venha se despedir querida.
Ela lentamente me solta e caminha em direção a pequena cova que fizemos ali. Ela beija a rosa e a joga junto ao corpo de Diesel em seguida se abaixa, faz um carinho nele - Eu te amo Diesel.
Ela o observa por um tempo e em seguida se levanta e corre pros braços da minha mãe em prantos.
Titan permanece em silêncio, ele costuma manter a pose de machão e achar que tudo é bobeira o tempo todo, mas sei que lá no fundo dói já que ele era tão apegado quanto eu e Mercy.
Meu pais também se despedem de forma singela e eu apenas observo sem proferir nenhuma palavra sequer.
Mercy, Titan e minha mãe se retiram deixando apenas eu e me pai.
- Darei um tempo a você pra se despedir - ele apoia a mão em meu ombro e eu concordo.
Me sento próximo aonde Diesel está. Uma perna dobrada e a outra esticada. Meu braço esta apoiado em meu joelho e a mão nos lábios olhando para o nada e sentindo as lágrimas quentes rolarem por meu rosto.
- Você foi um ótimo amigo - minha voz saí um pouco falha - E eu nunca vou me esquecer de você.
Quando te peguei ainda filhote - abro um sorriso me recordando - Minha mãe queria me matar e te expulsar de casa, mas eu resisti. Eu não te escolhi, você me escolheu e eu te amo por isso - Me recuso a olhar pra ele - Eu quero me lembrar de você alegre pulando e comendo as coisas enquanto eu brigava com você pra não fazer nada daquilo - passo a mão pelo rosto - Prometo que vou superar isso, só me dê um tempo - dou um suspiro - E descanse, você já viveu de mais por mim e eu te agradeço por isso. Um dia quando chegar a minha hora, espero poder te reencontrar.
Me levanto, respiro fundo enquanto meu pai me observa de longe. Começo a dar alguns passos e me afasto da cova.
Meu pai passa por mim se aproxima e começa a jogar terra por cima. Eu não iria conseguir fazer aquilo, estava doendo de mais e não teria forças pra ir até o final.
Entro em casa em silêncio, minha mãe chama por meu nome mas eu apenas balanço a cabeça negativamente e subo para meu quarto.
Deito na cama e começo a olhar pro teto relembrando vários momentos ao lado do Diesel. Nunca passou pela minha cabeça que esse momento chegaria, por mim, ele seria eterno.
Meu celular vibra no bolso da calça e pra minha alegria temporária o nome da Jô aparece na tela e eu a atendo.
- Oi - sua voz está alegre - Desculpa não ligar mais cedo, eu dormi e depois tive que fazer alguns trabalhos.
- Tudo bem amor - dou um suspiro.
- Sua voz - ela faz uma pausa - O que houve?
- Ele morreu enquanto dormia - deixo escapar um soluço - Eu estava ao lado dele, fiquei o tempo todo por perto mas ele se foi. Pensei que ele ficaria mais tempo comigo - choramingo.
- Meu amor - ela lamenta - Eu sinto muito.
- Por que essas coisas vem acontecendo comigo? Primeiro você, depois um filho e agora Diesel. Como que eu vou lidar com tudo isso?
- Eu estou aqui Hero, você pode me ligar sempre que quiser ou precisar.
- Isso não é o suficiente. Eu preciso te sentir nos meus braços. Daria tudo pra te ter aqui comigo agora. Nem que fosse pra ficar em silêncio ao meu lado, eu só preciso que essa dor pare.

Josephine

Meu peito arde ao ouvir os lamentos de Hero. Estou do outro lado e não posso fazer nada para que ele se sinta melhor.
Se fosse perto, juro que pegaria o primeiro avião e iria ao seu encontro sem nem ao menos avisar.
Era possível sentir a dor no tom de sua voz, ele realmente estava sofrendo e eu estava longe de mais para dar a ele um apoio descente.
- Desculpa, eu não sei o que dizer pra você se sentir melhor.
- Não precisa dizer nada - ele suspira - Agora não tem mais o que fazer também. O jeito é sofrer o luto e seguir em frente. Tenho compromissos a serem cumpridos e trabalhos a serem feitos.
- Você precisa de um tempo pra você Hero.
- Preciso ocupar minha mente.
Não tenho você, não tenho o Diesel...
- Mas tem seus amigos, eles já sabem?
- Ainda não eu acho, mas não quero vê-los. Nesse momento prefiro ficar sozinho.
- Você acha que assim é melhor pra lidar com a dor?
- Não, mas eu preciso senti-la pra me tornar mais forte.
Aquelas palavras me rasgam por dentro. Eu odeio ver ele sofrendo sem poder fazer absolutamente nada. Ontem foi incrível o nosso tempo juntos mesmo que separados e hoje ele estava na pior e eu sei que nada que eu diga vá fazer com que ele se sinta melhor. Ele pode até demonstrar isso, mas lá dentro eu sei que ele está quebrado.
- Daqui alguns meses as gravações voltam, preciso me preparar pra isso.
- Sim - abro um sorriso imaginando que irei vê-lo novamente - E enfim vamos nos ver.
- Como isso vai funcionar ein?
- Não sei, só sei que sinto sua falta.
- E eu a sua - ele lamenta - Agora mais do que nunca!
- A gente não consegue ficar tanto tempo sem se falar se não por forças maiores né? - abro um sorriso.
- Não mesmo - ouço um barulho de isqueiro.
- Você está, hmm - faço uma pausa - Fumando?
- Sim, preciso relaxar de alguma forma.
- Já pensou em parar?
- Ainda não me ocorreu isso, mas talvez um dia eu tenha um motivo plausível pra isso.
- Ah - minha voz carrega um pouco de decepção - Vou desligar agora - anuncio.
- Por que?
- Talvez você precise de um momento agora.
- Se eu precisasse eu iria dizer isso a você.
- Nossa, não precisa ser grosso comigo.
- Não estou sendo grosso eu só - ele suspira - quero falar com você e você quer me deixar, como sempre faz...
- Você não quer entrar nessa conversa agora, quer?
- Não, desculpa - ele faz uma pausa - Já sentiu tão perdida a ponto de não conseguir pensar no futuro?
- O quê? Não! Por que tá me perguntando isso?
- Ultimamente eu só tenho feito escolhas ruins e parece que estou sendo punido de alguma forma.
Machuquei muito você e agora perdi meu melhor amigo. Eu não sei o que pensar ou o que fazer. Eu juro que te amo como nunca amei ninguém nessa vida e nunca foi minha intenção te machucar, mas ficar longe de você tem sido uma tortura diária. Eu jurei que iria conseguir, que iria seguir em frente e amadurecer, mas como vou fazer isso se eu te amo com tanta força que chega a doer?
Fico em silêncio e meu queixo treme enquanto em meus olhos se acumulam lágrimas - E..Eu não sei o que dizer...
- Eu queria dizer que você não precisa dizer ou fazer o que quer que seja, mas no fundo eu queria que você me aceitasse de volta, que a gente pudesse recomeçar mas eu tenha plena consciência do furacão que eu fui em sua vida e definitivamente não quero ser de novo.
- Não vamos falar disso, você está se fechando de novo, está querendo se afastar. A gente consegue lidar com isso juntos!
- E se eu te machucar de novo?
- Você mesmo será o meu remédio.
- Você parece não se ouvir - ele lamenta - Eu não posso ser quem te machuca e quem te cura. Eu não quero ser essa pessoa.
- Então não seja - eu imploro - Seja apenas quem me dá amor e cuida de mim.
- Eu não sei se consigo Josephine.
- Consegue! - afirmo - Porque você me ama e eu amo você.
- É estranho ouvir você falar isso, porque você sempre se esquiva.
- Falar que eu te amo? Pois bem, eu te amo. Te amo e te quero de volta.
- Você pode estar cometendo o maior erro me colocando de volta na sua vida.
- Você nunca saiu da minha vida. E se isso for um erro, tudo bem eu gosto de errar.
- Pequena - posso sentir o sorriso brotar em seus lábios - Vou tentar ser melhor pra você, eu juro que vou.
- E eu sei que vai conseguir, nós vamos conseguir!
Conversamos por um bom tempo e no fim ele já se sentia um pouco melhor. Sei que essa perda vai marcar ele pro resto da vida assim como nosso filho, mas sei também que ele é forte o suficiente para conseguir se reerguer como sempre faz.

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