Partida

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    O comboio cruzava os portões da cidade, rodando a estrada dos campos verdejantes. Não só a capital de Goldenfall, mas também as cidades que existem ao longo do território estão escoltando as pessoas para o baile. Mas há algumas rotas a serem evitadas, devido a ameaça dos saqueadores, que há muito tempo têm travado uma guerra interna, a fim de tomar partes do território, por isso todos os cocheiros possuíam um mapa para guia-los pelas rotas mais seguras até chegarem ao destino. Muitas partes do mapa estavam preenchidas com vermelho, a cor que era usada para marcar as zonas de perigo. As rotas viáveis eram verdes. Em caso de emergência, o cocheiro pode disparar um sinalizador para solicitar ajuda das carruagens que avistarem o brilho do disparo.

Encostado no banco acolchoado de tecido vermelho, Edgar fitava a paisagem através da janela da carruagem enquanto via os muros da cidade se distanciarem a medida que os cavalos galopavam, só então pensara no tempo que esta viajem poderia demorar. Caso os cavalos mantenham a velocidade que estão agora, eles poderiam chegar ao seu destino em aproximadamente 4 horas, o que lhe dava preguiça de esperar, mas nada podia fazer já que não era dono do tempo.

Prometeu para si mesmo que quando chegassem, iria fazer valer a pena todo esse tempo de espera, o que lhe deu um pouco de esperança, mas de repente, uma vaga lembrança interrompeu seus pensamentos, diminuindo logo em seguida seu entusiasmo, o rosto do príncipe Aziel. Teria que fazer o possível para não dar de cara com aquele homem novamente, pois não queria sequer cruzar seus olhos com os dele.

Apesar de não temer o príncipe, Edgar sentia desconforto só de se imaginar na frente de alguém com quem brigara e praticamente tenha o matado.

- O que vocês acham desse tratado de paz? - perguntou Luke, tirando Edgar dos seus devaneios.

Ao ouvir isso, Diana se pegou pensativa por um momento. Como era favorável a o tratado de paz, ela considerou dar uma opinião positiva.

- Eu acho que vai alavancar bastante o nosso poder econômico e militar, mas eles estão querendo esperar demais para poder assinar esse tratado.

- Eu concordo, não entendo o porquê de esperarem tanto tempo para assinar se o trabalho é só assinar. - disse Edgar, dando de ombros. Ao ouvir isso, Isabel achou engraçado, dando um ar de riso logo em seguida, devido a simplicidade da opinião dele.

- Deve ser burocracia. - disse Isabel.

- É a aliança militar que precisamos pra fazer fumaça desses saqueadores! - disse Diana ao socar a palma da própria mão. - Caso nos chamem para ajudar em alguma missão de recuperação, eu vou com todo o prazer só pra dar umas marteladas cheias de amor nas cabeças deles! - ela disse gesticulando com seu braço para imitar um golpe de martelo.

Vendo isso, seus amigos apenas riram da sua animação.

- Você é uma figura, sabia? - disse Isabel em meio as próprias risadas

- Parece que alguém está brava! - disse Luke com sarcasmo.

- Pode ter certeza! Eu odeio gente que se sente no direito de roubar o que é nosso, foi por isso que escolhi ser uma guerreira! - Diana falava alto, o que fez até mesmo os soldados e o cocheiro ouvirem do lado de fora, interrompendo qualquer diálogo que eles poderiam estar tendo, mas eles pouco se importaram e voltaram a conversar tranquilamente.

- Eu tenho a mesma motivação que você pra me tornar um guerreiro, então será um prazer se me chamarem pra ajudar também. - disse Edgar sorrindo de lado.

- Diferente de vocês, eu escolhi ser um ladino, o que me motivou foi minha habilidade em esconde-esconde quando eu era criança. - disse Luke ao piscar para Edgar, relembrando seus tempos de infância.- Pode parecer besta, mas foi a partir disso que comecei a sonhar.

As crônicas de Kalahan: Olhos de dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora