Noite do baile

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    Já fora da carruagem, Edgar estendeu sua mão para que Isabel a pegasse, assim ajudando a jovem a descer do veículo. Após ela, Luke e Diana desceram também. Dando um longo suspiro, Diana inalou o ar puro com o cheiro dos perfumes dos seus amigos que se misturavam ao vento. Após isso, ela começou a se alongar. Vendo isso, Luke copiou seus movimentos sem medo de chamar atenção já que não seria o único a fazer isso.

- Se alonguem também, vai ativar seus corpos. - disse Diana chamando Isabel e Edgar.

- Não dá, meu vestido não deixa. - disse Isabel ao tentar se alongar, mas seu vestido era justo demais, não deixando a jovem sequer erguer os braços até determinada altura ou estica-los até seus pés, coisa que poderia fazer com facilidade caso estivesse com uma roupa adequada.
- Que inferno! - resmungou ela

- Que peninha. - disse Edgar esticando seus braços até seus dedos tocarem os seus pés, a fim de zombar da limitação de Isabel, que percebeu seu escárnio.
- Vai acordar no inferno amanhã. - disse ela fazendo Edgar rir.

- Se você não puder fazer, eu faço, não vai ser tão bom dançar com você com o corpo travado. - Ao ouvir suas próprias palavras, Edgar sentiu um pouco de vergonha. Fracassou ao tentar disfarçar, quando o leve rubor no seu rosto o entregou. Ficou tanto tempo abaixado para esconder o rosto que não percebeu os 10 segundos que se passaram do seu alongamento. O fato de nunca ter dançado na vida o deixava nervoso, pois tudo o que sabia fazer era básico e vinha de lembranças de ter visto seus pais dançando algumas vezes.

Isabel também estava nervosa, pois seus pais nunca foram muito dançarinos, e se caso os visse dançando teria esquecido todos os passos da dança, já que não era boa em memorizar coreografias.

Após terminarem o alongamento, Luke olhou ao redor, a fim de saber se alguém os estranhou, logo percebeu o olhar de algumas pessoas que os fitavam com desconfiança como se fossem caipiras.
Apesar de se sentir um pouco envergonhado, Luke os ignorou pensando consigo mesmo que o esforço valeu a pena.

Se desvencilhando dos seus devaneios, Luke considerou lembrar seus amigos da possível ameaça.

- Não se esqueçam de ficar de olho. - disse Luke.
- Luke, eu entendo os riscos que podemos ter aqui, mas não é como se fôssemos os únicos a pensar nisso. - disse Edgar. - Eu tenho certeza de que Castlewind já considerou essa ameaça e instruiu os guardas a ficarem de olho.

- Sem falar que nós sabemos lutar. - interviu Diana. - Se eles aparecerem eu vou fazer panquecas de crânios esmagados. - quando disse isso, seu martelo se materializou na sua mão por meio da luz dourada que emanou da sua palma, o que chamou a atenção das pessoas ao redor.
Seus amigos a olharam perplexos com sua ousadia.

- Diana, guarda isso! - disse Isabel constrangida.
Vendo a expressão de espanto deles, Diana deu uma risada antes de fazer seu martelo desaparecer com a mesma luz dourada que o fez surgir.
- Era brincadeira. - disse ela ao dar de ombros.

De repente, o som dos trompetes da orquestra ecoou pelo local, anunciando a chegada da carruagem real, que ostentava um visual completamente diferente das outras, ela era puxada por 3 cavalos, um marrom, um preto e um branco. A madeira branca que a constituía era polida e sua porta era decorada com um molde de coroa feito de ouro maciço.

Quando o veículo parou, a porta do mesmo se abriu, revelando o rei Hugo que vestia uma roupa elegante que apenas nobres poderiam ser vistos usando. Seu manto vermelho tinha ombreiras de ouro e era tão grande que poderia se arrastar no chão, guardada na bainha estava sua espada longa que tinha uma pequena coroa de ouro no seu pomo. Ao sair da carruagem, ele foi recebido com uma brisa que fez o seu cabelo e seu bigode com alguns fios grisalhos voarem na direção do vento.

As crônicas de Kalahan: Olhos de dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora