Dança nas estrelas

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Luke adentrou a escuridão tênue sob a escadaria, onde a bela elfa o aguardava a pouco. O sorriso dela demonstrava contento por não ter precisado esperar muito para que ele a encontrasse, como se percebesse o entusiasmo do jovem em vê-la.
Esta era uma das raras ocasiões em que eles poderiam se encontrar a sós. O pai de Ryllae sempre limitava seus encontros a breves conversas. No entanto, pela primeira vez, Ryllae estava experimentando a adrenalina de desafiar as ordens do seu pai. Ela sabia que ele provavelmente estaria furioso e a procurando naquele exato momento, mas Ryllae afastou qualquer preocupação que pudesse surgir.

- Você parece ter lido a minha mente. - ela disse. - Devo ter chegado há 1 minuto. Você veio bem rápido.

- Rápido como um gato selvagem. - brincou Luke, com uma sugestão de sorriso em seus lábios. - Eu estive por perto até que as badaladas se iniciassem, não se surpreenda muito. - Ryllae deu uma tênue erguida em suas sobrancelhas. - Eu me surpreendo por você ter conseguido despista-lo, isso me dá um pouco de receio que ele nos encontre. - Ryllae deu de ombros.
- Já está feito, teremos que correr esse risco juntos. - ela deu sorriso reto.
- Então acho melhor dançarmos aqui, escondidos. Se sairmos, seu pai terá mais facilidade em nos achar. - disse ele.
- É... Eu concordo. - disse Ryllae olhando para o lado, parecendo corar. Luke questionou.
- O que foi?
- Eu fico com vergonha de dançar de baixo de uma escada, a sós com um homem, é algo muito novo pra mim. - Luke fitou-a por um segundo antes de dar um ar de riso. Ryllae riu de volta.
- Eu confesso que sinto o mesmo. - disse Luke. - Eu queria que fossemos dançar no meio da multidão, lá, vamos estar cercados de pessoas tão iniciantes quanto nós, isso alivia o peso da vergonha.
- Mas só podemos ficar aqui. - Ryllae completou.

A banda deu início à música, que começaria a dança. A harmonia instrumental criava no saguão uma melodia suave de violinos, que soavam a tons médios. Os casais se entrelaçaram ao som da música, e seus passos seguiam o ritmo da mesma.
Luke estava de frente para a jovem elfa, que pôs a mão em seu ombro, ao passo que ele segurou sua cintura. Seus dedos se entrelaçaram com ambos os braços estendidos. Luke a olhou nos olhos e viu que ela o olhava de volta com as bochechas coradas, então ele deu um suspiro para salvar a confiança.

Seus movimentos seguiram o ritmo da música, a passos que iam de um lado para o outro, e, com certo esforço, sincronizados. Os dois sorriam discretamente, Luke olhava para Ryllae, mas ela olhava para baixo, conferindo seus passos.
- Não precisa olhar para baixo. - disse Luke, fazendo-a olhar para ele. - Você consegue manter os passos mesmo olhando pra mim.
- Como sabe se você é iniciante? - perguntou ela.
- Estou conseguindo fazer isso mesmo olhando pra você. - sorriu, com a voz tênue. Ryllae deu um ar de riso.
Após isso, Ryllae manteve o olhar nos olhos castanhos de Luke. Não conseguiu disfarçar o rubor subindo seu rosto, logo comprimiu seus lábios em um sorriso. Seus passos se mantiveram sem nenhuma desordem.

- Viu? belos passos. - disse Luke ao observar os passos da jovem.
- Obrigada. - disse ela. - É bom saber que estou progredindo.
- Nós estamos. - corrigiu dando um sorriso caloroso.

A dança seguiu um pouco mais, até que Luke teve a ideia de fazer um movimento novo. Estava receoso de errar, mas considerou arriscar. Ele avisou a jovem o que queria fazer, ela deu uma risada meiga e concordou. Luke tomou delicadamente a sua mão, e girou a jovem elfa em torno de si, fazendo-a rir de um jeito que fez seu coração palpitar. Ryllae deu mais um giro, voltando à posição inicial da dança, mas, desajeitada, ela deu de cara com o peito de Luke, se desculpou por isso, mas ele apenas riu, dando continuidade à dança.

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Não muito longe dali, Edgar e Isabel se entrelaçavam em uma dança amadora, no centro do saguão. As mãos de Edgar seguravam Isabel com gentileza, guiando-a com segurança. Ele sentia a suavidade da mão de Isabel na sua, enquanto ela se entregava plenamente à sua liderança. Cada toque era carregado de ternura, e a confiança entre eles era visível em cada gesto.

As crônicas de Kalahan: Olhos de dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora