capítulo 09-Mexico

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Mille Taliça

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Mille Taliça

-Você acabou de levar uma facada, não seria legal se levasse mais uma.-Digo e consigo sentir seu rosto próximo de meu pescoço.
-Usou meu perfume?-Perguntou e aceno positivamente com a cabeça.
-Combina com você.-Diz e de repente suas mãos estão sobre meu cabelo, cheirando meu pescoço.
-O que está fazendo, caloteira?-Pergunto e ela sorri, posso saber quando sua respiração bate em minha orelha.
-Não me chame assim.
-Por que, caloteira?-Pergunto e seus lábios tocam meu pescoço, fazendo minha pele se arrepiar.
-Caloteira...-Sussurro fechando os olhos, enquanto suas mãos vão até minha cintura, me apertando, me marcando, enquanto seu quadril pressiona minhas nádegas.
-Não me chame assim.-Repete e não resisto quando suas mãos descem para minha barriga, brincando com a ponta dos dedos sobre meu umbigo, antes de subirem até meus seios, dedilhando seus dedos em meu pirceng.
-Kardama...-Tento dizer, mas minha voz é impedida, quando ela me gira, sorrindo.
Ela coloca sua arma sobre meu queixo, enquanto me aperta com força.
-O que?-Questiono, desnorteada.
-Você colocou uma faca no meu pescoço!-Afirmou e gargalho.
-Como é? Ofendi sua feminilidade, Yoon?-Pergunto e ela sorri.
-Se eu puxar o gatilho...ver seu rosto se despedaçar, como uma arte dolorosa, o que acharia?-Pergunta e meu semblante se fecha.
-Eu estaria morta, Kar.-Digo e ela sorri.
-Sabe, existe um ponto em nossa cabeça, que se o tiro acertar, é possível sobreviver, você sentirá toda a dor, e se lembra lá dela, como uma maldição. O que acha disso?-Pergunta e abro a boca, mas não digo nada, quando suas mãos me apertam mais, mordo meus lábios, me sentindo suja por gostar disso.
-Atire, Kardama, ou me vire, e termine o que começou.-Digo e escuto o som do gatilho soar, fecho meus olhos rapidamente. E quando não sinto nada, os abro novamente.
-Como?...
-Está sem balas.-Fala, me soltando.
-Espere, você iria me matar mesmo? Me odeia tanto assim?-Pergunto e sorrio.
-Se quisesse te matar, já teria feito, naquele escritório.-Fala, se jogando no sofá, e fazendo uma careta devido seu machucado.
-E afinal, você salvou minha vida, iria ficar te devendo uma, por mais excitante que seja te ver sangrar até a morte.-Fala, e vou em sua direção.
-Você gosta disso, não é?-Questiono, me agachando e ficando perto suficiente de seu rosto, colocando meus braços do lado de sua cabeça, meu cabelo raspando na lateral de seu rosto.
-Do que?
-De estar no controle.-Disse e monto sobre ela, a escutando grunhir de dor.
-Isso nunca vai acontecer, Yoon, se esqueça.-Digo apontando para mim e ela, e forçando minhas pernas, a vendo apertar minhas coxas antes de me jogar no chão, devido a dor que lhe causei.
-Nunca pensei que isso seria tão divertido.-Digo, gargalhando.
-Pegue o celular.-Ordena e viro meu rosto até ela.
-Para quê?-Pergunto.
-É o celular de Victor, aí, ele terá provas que esteve com Samara a noite toda, e que ele é inocente.-Digo.
-Como tem tanta certeza?
-Porque ele me esfaqueou e me deixou viver, se ele realmente quisesse me matar, teria feito. E se ele fosse culpado, teria razões para me ver sangrar.-Falo.
-Ele te viu sangrar, Kardama.
-Pegue o celular!-Ordena mais uma vez, e me levanto indo em direção ao aparelho no chão.
-Está aqui.-Falo por fim, a entregando.

Kardama observava o aparelho atenta, enquanto tocava sua ferida parecendo sentir dor. Caminho até sua cozinha, a procura de um remédio. Olhando por cima da bancada, posso ver seus olhos castanhos escuros e puxados analisaram o aparelho, concentrada, enquanto soltava a respiração calmamente. Sua tatuagem de cruz nos braços estavam expostas, enquanto era possível analisar a cobra em volta de uma calda de sereia em seu peito, e a tatuagem de C na sua nuca, atrás de seu cabelo, o sinal dos Colute. Quando se faz parte da família, é seu dever marcar território, mostrando que faz parte de algo grande, um grupo de assassinos territoriais considerados assassinos e leais. E é claro, para mostrar que Kardama pertencia ao maior desgraçado de todo país, Jhon. De começo, sonhei que minha família tivesse tatuagens, como marca. Mas quando percebi que era apenas uma forma de deixar marcado o quão criminoso você é, me perdi em outros desejos, como crescer, distante de crimes, e minha família, sem planejar montar uma, para continuar com o legado. Não me imagino com uma criança na minha barriga, espalhando todos meus órgãos, enquanto chuta minha pele, diversas vezes. Me parecia assustador, mas quando se está com o pé na frente, você percebe que as vezes não temos escolha, que não importa o que fazemos, sempre caímos no mesmo buraco.
Uma mulher hoje em dia, só escolhe ser feliz se é com outra, quando se tem um homem, todos sabemos o fim, traição, divórcio, ou um casamento infeliz. Gostaria de quebrar todos esses padrões e dizer que estavam errados mas afinal, eu quase acabei de cometer isso. É inevitável.
Também gostaria de dizer que gostaria de viver feliz com uma mulher, mas quando se cresce em uma família destinada a seguir somente um vínculo e padrão, é impossível. Não estou dizendo que mulheres não sofrem, o preconceito existe, todos podem ser infelizes. Mas no meu caso, eu não tive escolha. Fui destinada a Oliver, como um pedaço de carne qualquer, para ser usada, cremada, como ele quiser.
Cansada de me perder em pensamentos ilusórios e sem uma razão aparente, apenas caminho até a garota. Levando o remédio em minha mão e na outra, um copo de água.

Minha querida TaliçaOnde histórias criam vida. Descubra agora