capítulo 13-Armas

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Kardama Yoon

-Eu sinto muito não poder dizer o mesmo.-Diz por fim, a garota, se separando de mim.
-E o que aconteceu no banheiro?-Perguntei e ela balançou a cabeça negativamente antes de se levantar.
-Não significou nada. Era só sexo entre garotas, só isso. Eu vou me casar, não posso desistir de tudo por uma caloteira.-Diz com um sorriso sem graça.
-Claro, você já tem uma vida ganha. A filhinha de papai, com uma herança farta, carregando o filho de um empresário.
Nunca mais me chame de caloteira, era o apelido da minha mãe, quando ela foi vendida para uma indústria de prostituição, entregada pelos seus pais, para uma mulher cruel, que abusou do corpo de minha mãe de todas as formas possíveis, quando ela tinha apenas 11 anos de idade. Então, nunca mais me chame assim.-Falo por fim, vestindo minhas roupas.
-Eu sinto muito...-Tenta dizer mas a interrompe.
-Acabou, Melissa. Já estamos com a gravação, caso for verdade o que Victor disse, já saberemos quem é o assassino. E não se preocupe, posso me certificar de vingar o nome do cara que me fez de chacota toda minha vida.-Digo, pegando minhas malas e saindo pela porta.
-Espero que seu casamento seja tão infeliz como deveria ser.
...

Me sento sobre o estofado, rodando a gravação, enquanto segurava meu rosto com as mãos, rodando diversas vezes o áudio, para ter certeza do que estava escutando.
Eles estavam juntos, ou seja, a única que sobra da lista é Viviane, mas o por que ela faria isso?
Tinha algo errado.
Eu conhecia Vivi, ela era a única que tinha certeza que não teria feito isso.
Ela não conseguia machucar nem se quer uma mosca, então como poderia machucar alguém tão cruelmente? De repente me recordo do sinal em Y achado nos corpos, me dando conta que talvez tenha deixado algo passar. Massageando minhas têmporas, tento calcular.
Cansada de tanto pensar, apenas afasto os objetos da minha frente, logo depois pegando o telefone e analisando as mensagens. Mille teria me ligado diversas vezes, afinal, eu deixei ela sozinha, e fiz questão de levar todo o dinheiro e inclusive o nosso único veículo. O que ela teria me falado me magoou muito, porque em certo momento eu tinha certeza do que sentia, e que ela também contribuía. Mas quando ela citou seu casamento, eu me senti pequena, pequena por não conseguir fornecer uma vida igual aquele cafajeste poderia a oferecer.
Me levanto indo em direção ao meu quarto, no armário, escolho algo para vestir.
Jana daria uma festa, e eu não podia faltar.
Poderíamos ser parceiras de cama, mas além disso, éramos amigas. Crescemos juntas, amamos juntas. E por mais que tenha matado sua mãe, sei que ela entenderia.
.

Coloco um top, com mangas bufantes em um tomara que caia, usando uma saia longa, colo uma pedra vermelha em minha testa. Colocando meu cabelo atrás da orelha ultrapasso a fachada de sua grande casa.
Analisando os carros por toda a entrada, antes de abrir sua porta, e adentrar o local enfeitado. Garçons andavam de um lado para o outro, e Jana estava em pé a frente, nervosa. Seu cabelo estava recheado de cachos, enquanto sua maquiagem destacava sua pele escura, e suas sardas. Ela usava um vestido azul, com uma abertura nas coxas, enquanto conversava atenciosamente com Viviane.

-Você chegou.-Disse, quando estava próxima suficiente a ela, enquanto ela me abraça, me recheando de beijos.
-Não é para tanto, Jana. Só foram 2 dias.-Digo e ela revira os olhos.
-Enfim, acharam o assassino?-Perguntou e meus olhos encontram o de Viviane, seu olhar era confuso, recheado de dor. Me recuso a acusa lá, pois sei, ela era inocente.
-Não. Sabemos que não foi Samara mas quanto a seu tio, ainda estamos indecisos.-Falo, cutucando meus dedos no da garota e ela sorri.
-Não vejo a hora disso acabar. Jhon merece descansar.-Fala, Viviane.
-Concordo, Venezes. Será que podemos conversar?-Pergunto, e ela acena com a cabeça.
Levo Venezes até uma ala mais isolada, quando estou longe o suficiente, agarro seu braço com força, a escutando grunhir de dor.
-Você matou, Jhon?-Questiono e seus olhos se arregalam.
-Jamais. Eu o amava...-Diz, parecendo se lamentar.
-Não me convenceu.
-No dia que ele morreu, estava em casa, vendo piratas do Caribe.
-Me poupe dos detalhes.
-Enfim, minha mãe estava em casa, caso quiser falar com ela, ela estará de prova.-Diz e analiso seu rosto.
-Se você estiver mentindo eu juro que te mato, corto sua cabeça e coloco para meus leões comerem.-Digo, apertando com mais força seu braço e ela me observa assustada.
-Eu sou inocente, Drude. E você sabe disso. Só quer se livrar logo desse peso e fugir.-Diz e sorrio.
-Me livrar do que? Meu único peso era Samara, e nesse exato momento tem um buraco na sua cabeça, em uma floresta no México.-Falo, sussurrando em seu ouvido por fim, a soltando.
-Conte a alguém e me assegurarei que Samara não será a única com uma bala na cabeça.-Falo, indo em direção ao hall da casa.
...

O lugar estava cheio, observava Jana dançar ao lado de Viviane, que me observava na maioria das vezes, assustada. Temo sua inocência, talvez algum dia ela realmente seja capaz de me matar.
Me viro, pegando mais um copo de vinho, e me deparando com uma cena de sangrar os olhos. Mille estava aos beijos com seu noivo, mas me observava perante a escuridão do local, seus olhos pareciam inexpressivo, apenas ergo meus dedos, a apontando dedo do meio, antes de me virar.
Observo o local e as garotas não estavam mais ali, o que me faz ficar ereta.
Temo que Vivi abra sua boca grande, e que sua língua escape da jaula.
Sem me preocupar, apenas vou em direção a pista, erguendo meus quadris e dançando.
As pessoa por outro lado, me observavam assustadas afinal, era uma festa se negócios. Mas sem me preocupar, não hesito em levantar os dedos do meio, sem me preocupar para quem se ofenda. Fazendo tudo aquilo que me privaram durante anos, me sentia livre, solta.
Mas então Colute vem em minha direção, como uma fera, me puxando pelos braços até sua sala.
Quando a porta se fecha, ela aponta uma arma em minha direção, em seus olhos tinham lágrimas.

-Você matou minha mãe!-Afirma e sorrio.
-Quem te disso isso?-Pergunto mesmo sabendo a resposta.
-Ela era minha mãe, droga. A mulher que me criou, eu a amava.
-Ela me queimou viva, me esfaqueou, me ofendeu. Pensei que você entenderia.-Falo, indo em direção a porta, mas a garota segura o gatilho, paro imediatamente levantando as mãos.
-Faça isso e me poupe do peso.-Falo, mas a garota parece chorar ainda mais.
-Eu não posso fazer isso.
-Então me deixe passar.-Digo, mas antes ela soca meu rosto.
-Não vou fazer isso com você.-Declaro, acariciando o local recém machucado.
-Faça ou eu atiro.
Sem me conter, acerto sua barriga, antes de ver seu corpo desabar, lhe dou um soco. Sentindo uma ferida grande se instalar em meu coração, enquanto chorava descontroladamente.
-Eu sinto muito...-Falo, antes de acertar sua cabeça em meu joelho a fazendo apagar.

Abro a porta da sala, respirando fundo, antes de desabar escorada no batente, sentindo uma dor imensa em meu quadril, e uma vontade gigantesca de pegar a arma em meu quadril, e atirar, em qualquer pessoa que passe. Me levanto alterada, engolindo o nó em minha garganta, sentido a dor me corroer como nunca. Indo em direção a Viviane, não me contenho a atirar em seu peito, foi ela que disse.
Foi por ela que está doendo.
Corro em direção as escadas, tentando sair do local mas sou impedida por braços, que me agarram com força antes de sentir o gosto de vinho em meus lábios, e logo depois abrir a boca, sentindo sua língua macia adentrar minha boca.
Agarro seu cabelo, a levando para um lugar afastado, antes de acertar seu corpo na parede.
Com a arma em minhas mãos, deslizo pelo seu corpo, beijando seu pescoço, a garota suspira, apertando suas coxas em volta de minha perna, antes de se derreter e quase desabar. Seguro seus seios com firmeza, ainda com a arma em minhas mãos, as atacando longe, antes de voltar a beijar seus lábios.

-Eu estava errada.
...

Minha querida TaliçaOnde histórias criam vida. Descubra agora