#24. Crise interna

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Reino de Atlantis

- Vulko, estamos com problemas.

O ministro de Ciência e Alquimia, um dos médicos-alquimistas mais renomados do reino, intercepta o vizir no saguão do palácio real. Ele estava bastante nervoso.

- Tamerkhan, o que houve?

- Xebel barrou a entrada dos nossos cargueiros de abastecimento de medicamentos. Estamos ficando sem recursos para tratar nossos pacientes.

- Por Netuno! O rei Nereus enlouqueceu!

- Se o rei não resolver logo esse impasse com Xebel, lamento dizer, mas teremos perdas. Eu não quero que nossos médicos se vejam na situação de ter que escolher entre quem vive e quem morre no hospital...

- Rei Arthur ainda está em recuperação. Eu vou pessoalmente à Xebel tentar trazer Nereus de volta à razão.

- Cá entre nós, qual o motivo dessa quebra de acordo, Vulko?

- Tamerkhan, você já cumpriu o seu dever. Agora deixe que eu cumpra o meu. Se me der licença... - Vulko o dispensa e vai em direção ao seu tubarão-martelo.

Nona Tribo

Uma fileira de soldados algemados caminha, escoltada, em direção à nave de guerra. Murk empurra alguns apenas para provocá-los. Mera vigia, ao lado de Hyde, para garantir que não faltaria ninguém. Até que moradores, revoltados, começam a jogar pedaços de madeira, corais, destroços de naves, na direção dos soldados da ocupação.

- Parem! Imediatamente! - grita Mera. - Eu entendo a dor e a revolta de vocês. Nada que Atlantis faça vai reparar o dano que alguns de nossos homens causaram. Eles foram treinados para protegê-los, mas traíram a sua missão e a sua coroa e por isso serão julgados como se deve.

- Julgados como, princesa? - uma senhora levanta a voz. - Esses aí até podem ser, mas logo vocês enviarão outros iguais no lugar.

Mera sabia que ela tinha razão. No formato em que as coisas estavam, aquilo era como trocar seis por meia dúzia. Enquanto a ocupação da Nona não fosse revogada, Mera correria o risco de que seus soldados abusassem do poder, já que os moradores da Nona eram vistos como menos do que gente, como a escória de Atlantis. Ainda assim, ela precisava lhe dar esperança.

- Minha senhora, eu prometo que as coisas serão diferentes daqui em diante.

- Estamos cansados desse tipo de promessa! - grita um homem, ao fundo, ouvindo por resposta "é isso mesmo" de quem estava ao redor.

Vulko é quem deveria estar ali desfazendo a merda que havia feito, pensa Mera.

- Hyde vai instruir cada uma das famílias a apresentar a reclamação formal em juízo para o tribunal militar e serão convocados para o julgamento. - encerra Mera, sem paciência para lidar com aquilo.

Ela se vira para Hyde e fala, ao ouvido:

- Quero o nome dos estupradores antes que entregue ao Conselho de Juízes.

- Sim, senhora.

E parte junto à nave com os prisioneiros.

Palácio de Xebel, Sala do Trono

- Vulko! Confesso que estou decepcionado, mas não surpreso.

- Rei Nereus. Agradeço por me receber. Precisamos falar sobre o embargo a Atlantis.

- Embargo? Não estou sabendo de embargo algum...

- Majestade, acredito que poderemos resolver essa situação sem um tom de hostilidade. Deve se lembrar que, desde que rei Arthur ascendeu ao trono, nossas equipes científicas passaram a colaborar com total transparência e reciprocidade, como há muito não se via. Colocamos um ponto final à guerra, estabelecemos a paz e meu rei se mostrou justo e piedoso com todos que estiveram ao lado de Orm.

Heart of the Ocean - 𝐀𝐐𝐔𝐀𝐌𝐀𝐍 & 𝐌𝐄𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora