#35. Against All Odds

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Bar Shark's Refuge, Freeport, Maine

Marine Marauder apoia o rosto sobre as mãos e os cotovelos no balcão. O bartender serve mais um copo de whiskey, cowboy, que ela toma num gole só, como quem está em nervos, olhando para a porta do bar a todo momento. Dá uma olhada na mala metálica que ela colocou sobre o banco ao lado. Toca no comunicador encaixado em seu ouvido.

- Nada ainda. Acho que estão desconfiados...

- Não pira. Tá tudo sobre controle, doutora. Eles vão chegar... - responde Nemesis que estava em uma das mesas no canto, disfarçado de civil. - Têm que chegar... - é sua vez de beber um gole de coragem, mas no seu caso, de chopp escuro. 

Cada pessoa que entrava no bar acionava o sininho acoplado à porta fazendo o coração de Marine disparar. 

- Já sabe o que fazer quando chegarem...

- Já ensaiamos isso mil vezes. Minha vez de dizer pra você esfriar a cabeça. Eu sei bem o que fazer.

- Me responde uma coisa, doutora. Como foi roubar corpos atlantes de crianças mortas à favor da ciência e ver toda sua pesquisa cair nas mãos dos caras maus?

- Todo cientista é um incompreendido.

Nemesis ri do outro lado. 

- Toda atividade científica tem seus riscos, suas cobaias, e eu fui roubada e chantageada. Vai me dizer que nunca desencadeou uma cadeia de consequências ruins em sua profissão? Um tiro que saiu pela culatra, vítimas inocentes, caos... 

- Não cheguei a ajudar a produzir um soro pra super soldados usando crianças atlantes mortas de cobaia, mas sim... Todo mundo carrega uma parcela de culpa em seus ombros. Eu mesmo não esqueço do último olhar de cada pessoa que matei nesses vinte anos de espionagem. Me arrependo? Não.

- E você também agiu achando que estava sendo pelo bem maior, suponho?

Antes que Nemesis responda, o sininho da porta toca mais uma vez. Dessa vez é David Kane e Stingray, vestidos com roupas comuns, que entram logo avistando Marine no balcão. 

- Eles chegaram.

- É, é, eu sei o que fazer... - Marine acena com o copo de bebida para os dois. 

Os dois procuram uma mesa afastada e se sentam um de frente para o outro. Olham de esguelha para Marine que pega a mala e vai ao seu encontro. Ela se senta ao lado de Stingray colocando a mala no chão.

- Está tudo aí? - pergunta a braço direito do Rei Pescador.

Todos são interrompidos por um garçom que se aproxima limpando a mesa e se inclinam para trás, sentindo-se incomodados. O garçom percebe os olhares de que estava incomodando, pede desculpas. Ninguém percebe que ele gruda uma escuta embaixo da mesa antes de se afastar. 

- Tudo aqui, os novos soros dos super soldados...

- Ok. Vamos fazer a transferência. - Stingray pega o telefone e liga para alguém. - Código alfa alfa bravo vinte dois trinta e quatro. 

Do outro lado da linha, a voz pergunta:

- Se identifique.

- Hunt, Julia. 

- Qual será o valor da transferência?

- 250 mil.

- Ok. Peça que ela cheque o celular.

Imediatamente, Marine recebe a notificação da transferência em seu celular.

- Uau, que rápido. Julia, né? Sabe que é um nome que combina com você... Pode ao menos me dizer a procedência dessa grana que vou esbanjar nas minhas férias nas Maldivas...

Heart of the Ocean - 𝐀𝐐𝐔𝐀𝐌𝐀𝐍 & 𝐌𝐄𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora