Capítulo 14

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Londres; Oxford Street; Sábado; 3:07 da manhã;

O Toyota azul-marinho foi perdendo a velocidade devagar, até que estivesse completamente estacionado na frente da casa branca.

As luzes da varanda estavam acesas, dando uma iluminação precária à calçada e ao pequeno jardim que antecedia as escadas de madeira. Ju olhou tudo através do vidro dando um suspiro. Seu peito estava carregado, e essa não era exatamente uma das suas sensações favoritas.

Tinha uma vontade oculta de fugir, mas o sentimento de evasão era só mais um que estava afogando-a em meio a um mar de sensações. Sentia-se feliz, compreensiva, assustada e arrependida ao mesmo tempo. Acordou de seus pensamentos assim que sentiu a respiração pesada de Bill em seu pescoço. Virou-se para tentar protestar ou simplesmente se despedir, quando ele juntou seus lábios novamente.

Ju permitiu a passagem da língua do garoto um pouco receosa. Não tinha certeza se realmente fizera isso por sua vontade ou apenas por educação. Retribuiu o beijo dele sem a mesma voracidade que ele apresentava. Apenas por retribuir.

A mão de Bill postada na nuca dela foi descendo aos poucos percorrendo até a altura de seu ombro direito, e do ombro até seu decote. Ju partiu o beijo assim que sentiu a trajetória que a mão do garoto pretendia percorrer.

- O que foi? – ele perguntou arfante. Sua voz estava rouca. – Eu fiz algo errado? – abriu os olhos fitando-a preocupadamente. Não podia perder aquela garota.

- Não, não. – Juliette disse em um tom leve, tentando isentá-lo de preocupação. – É, só... – comprimiu os lábios úmidos em uma linha, encarando seus olhos castanhos. – Vamos mais devagar, ok?

O garoto desceu seu olhar para o decote da menina, onde sua mão ainda estava pousada.

- Ah, claro. – falou recolhendo-a rapidamente. – Me desculpe por isso. Acho que eu...

- Se empolgou? – Ju deu uma risada baixa. Suas bochechas ainda estavam mais rosadas.

- É... – ele concordou alternando o olhar das pernas da garota para seus olhos. – Mas eu não tenho culpa. – balançou os ombros. – Você faz isso comigo.

Ju gargalhou, apesar de não saber ao certo se foi por achar graça ou por nervosismo.

- Eu... – falou reticente, retomando a aparência séria. – Eu tenho que ir, Bill. Até mais.

Impulsionou-se para abrir a porta, quando uma das mãos quentes do garoto puxou-a pelo braço, trazendo-a pra mais um beijo. Juliette partiu-o rapidamente, apesar de gentil, e acenou com a cabeça.

- Tchau. – repetiu, com um sorriso cordial.

Bill respondeu ao "tchau" com um tom de voz tão baixo que foi quase imperceptível.

Quando Ju adentrou a casa, Bill largou seu corpo no banco, expirando o ar que estava preso desde o início da festa.

- Mano, há quanto tempo não me sinto assim. – alargou o sorriso, colocando a mão na testa e sentindo-se tonto pelo aroma da garota que ainda preenchia o local.

Londres; Dockland; Sábado; 3:03 da manhã;

Sarah passou a mão rapidamente por sua comoda, derrubando agressivamente tudo que se postava ali. A raiva fluía através do seu sangue, fazendo com que as pontas de seus dedos esquentassem com um simples pensamento. Mas não, não queria pensar. Não queria pensar porque sabia que toda vez que isso acontecesse, o rosto dela lhe viria à mente.

Devia ter suspeitado. Devia ter suspeitado desde o início que ela estava interessada por Bill, claro. Quem iria escolher a estranha suspeita de assassinato ao garoto mais bem humorado da escola? Só mesmo uma louca, insana.

GHOST - SARIETTE | ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora