Capítulo 24

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- Parece que é aqui. – Ju respirou fundo, inalando toda a pureza do ar da manhã antes de estacionar o carro na frente de um grande prédio em Dockland.

Era segunda-feira, dois dias depois de seu fatídico sequestro, e seu coração disparava em prol de um único objetivo. Abriu a porta do Civic que pegara emprestado de Gil, pisando decidida com a bota de salto na calçada.

Olhou novamente o prédio e sentiu as pulsações em sua garganta, tão fortes que o sangue se concentrava em suas bochechas. Ela tinha dezoito anos e já era uma mulher, então porque se sentia como uma pré-adolescente saboreando seu primeiro amor platônico?

Como ela, madura como acreditava ser, ainda podia sentir seus joelhos fraquejarem com a simples menção do nome da loira? Como poderia sentir sua pele queimar tão intensamente toda vez que ela a tocava? E a arritmia de seu coração? Como poderia explicar para si mesma?

Era como se todas as suas noções de amor e paixão tivessem sido automaticamente transferidas para um único ser humano. Nenhuma das pessoas com quem namorou ou saiu importavam. Ela importava. A garota que arriscara sua vida para salvá-la, que arriscou sua vida para vê-la respirar não apenas uma, como várias vezes. Aquela garota por quem, ela sabia, por mais que os anos passassem sempre seria o motivo de seus suspiros. 

O tema favorito de seus sonhos.

De repente o traiçoeiro destino pareceu tão correto. Não havia sido o acaso que a levara para Inglaterra, nem o acaso que tinha colocado a loira em seu caminho. Tinha sido o destino. O confuso e curioso destino.

Juliette respirou fundo ao parar em frente ao porteiro do edifício, que a olhou de cima a baixo com um olhar um tanto surpreso. Sabia a quem ele a estava conectando, mas enquanto sua mente estava voltada para seu objetivo, não se importou com o que quer que o homem poderia lhe dizer.

O porteiro, um homem albino e de ombros largos, examinou-a minuciosamente.

Observou Juliette em seu longo vestido de cashmere, com sua meia calça escura e preta contornando as pernas até serem escondidas por sua bota de salto bege.

- Perdoe-me se eu estiver errado – ele disse educadamente. – mas a senhorita não é...

- Não. – ela interrompeu sem se preocupar com a grosseria. Estava mentalmente incapaz de ouvir um engano como aquele sem se magoar. – Meu nome é Juliette Freire. – enfatizou, quase como se completasse com um "lembre-se disso". – Gostaria de saber se Sarah Andrade está em casa.

O porteiro cruzou os braços por trás da mesa de mármore, que escondia a cadeira em que estava sentado. A disposição do apartamento onde Sarah morava era bastante semelhante à de Bill, com a diferença, claro, de a recepção ser menos ampla e de aparência mais fria, menos convidativa.

Ele olhou curioso para a sacola que Juliette pendia no braço, mas suspirou e acenou para os elevadores:

- Está. Vá em frente. Nono andar.

Ela caminhou até os elevadores mais incerta do que estava quando adentrou as portas automáticas do prédio.

Apertou o botão sinalizando que estava à espera e esperou, com o coração latejando em sua garganta. O porteiro não avisou a Sarah que ela estava lá, ela observou. Pensou que talvez fosse melhor assim, uma surpresa. Porém descartou essa ideia quando cogitou a hipótese de estar sendo um inconveniente.

Engoliu em seco quando as portas do elevador se abriram. Não podia voltar atrás. Tinha ido longe demais. Fechou os olhos durante alguns segundos, acalmando seus nervos, depois bateu na porta de madeira clara e polida, que quase imediatamente foi aberta. Por Sarah. Só com um camisetão branco e cabelos molhados.

GHOST - SARIETTE | ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora