GHOST - SARIETTE | ADAPTAÇÃO

Capítulo 3

Londres; Highgate High School; Segunda-feira; 10:50 da manhã;

- Ai, que saco é a aula de física. – Juliette comentou dando um suspiro. A garota ao seu lado riu baixo, e estavam dentro da sala.

- Que isso, adoro física. – ker mordeu a caneta. – Aula de que agora?

- Biologia, talvez.

- Já está decorando os horários, gostei de ver. – Kerline sorriu. – Já faz uma semana que você entrou na escola. O que está achando?

- Sinceramente? – a amiga consentiu. – Diferente.

- Do quê?

- Não é "do que", Ker. As pessoas me olham estranho, porque sou estrangeira? Quem sabe. – balançou os ombros.

Kerline comprimiu os lábios.

- É, quem sabe. – Deu um suspiro e resolveu olhar por cima dos ombros em direção a cadeira em frente à porta. A garota dos olhos verdes encarava-a com o lábio superior levemente sobreposto ao outro e as sobrancelhas mais baixas. Sua expressão sempre séria a fazia tremer por dentro. Mirava-a como um atirador mira o alvo – fria e imóvel.

- Aquela ali é a que mais me assusta. – cochichou virando-se para frente.

Horário de almoço na Highgate, todos já estavam sentados às suas mesas, brancas e parcialmente limpas. Lanchavam e jogavam conversa fora.

- Ok, ok. Agora, olha essa: O que é um tênis afundando na areia do deserto?

- Já chega, Thais. Suas piadas são horríveis. – Gil disse colocando maionese em seu hambúrguer.

- Deixa ela, Gil. Eu quero saber. – Ju deu de ombros.

- Ela ainda tem paciência porque é nova por aqui, espera só até semana que vem. – Pocah revirou os olhos. – Titanike, Thais. Você contou essa quinta-feira.

- Ah, droga. – socou o ar. – E qual é a diferença entre a bicicleta e o vaso sanitário? Essa eu já contei?

- Não, não contou. – Kerline disse sugando o suco de uma caixinha, pelo canudinho.

- Tem necessidade mesmo de falar? – Gil apoiou o queixo na mão.

- Tenho. – sorriu. Os amigos fizeram sinal pra que ela prosseguisse. – A bicicleta você senta pra correr, e o vaso sanitário você corre pra sentar. – deu um sorriso idiota, esperando a reação dos demais.

- Por que toda vez que você conta uma piada sem graça você tem que fazer a cara do burrinho do Emule? – as pessoas na mesa gargalharam, fazendo Thais dar o dedo.

- É uma boa piada.

- Eu também gostei. – Ju concordou, percebendo que algumas garotas da mesa ao lado examinavam-na.

- Karol e Lumena. – Kerline cochichou baixo, só pra que ela ouvisse, referindo-se às meninas. – Zagueira e a capitã do time de futebol feminino da escola. Elas não prestam.

- Parece que ninguém por aqui presta...

- Só a Pocah. – sorriu torto, abraçando a namorada enquanto ela gargalhava de alguma careta de Gil. O sinal pros alunos voltarem às salas bateu, fazendo com que Sarah desgrudasse suas costas da parede do corredor, era onde sempre passava o intervalo. Sozinha, apenas com seus pensamentos. Deu alguns passos em direção ao seu armário, quando percebeu que o barulho de seu tênis no chão não era o único.

- Você a viu, Andrade? – uma voz feminina em tom de deboche manifestou-se. – Aquela garota? – olhou a menina de trança por cima dos ombros, com os olhos sérios e impacientes. – Sabe quem ela me lembrou muito? Ah, claro que sabe. – Sarah virou-se para frente novamente, continuando a andar e ignorando-a. – Eu estava pensando em chamá-la pra sair, tenho boas esperanças sobre isso. – ouvia os passos se aproximarem dela. – Talvez ela saia por aí dando pra qualquer um, exatamente como a... – a loira apertou os dentes, segurando fortemente a garota pela gola da camisa, sendo tomada pelo ódio.