Capítulo 13

546 63 105
                                    

Londres; Dockland; Quarta-feira; 9:13 da noite;

- Alô? – uma voz feminina nasalada surgiu do outro lado da linha, fazendo o coração de Sarah palpitar por um segundo.

Estava sentada em sua cama desarrumada, olhando as luzes da cidade que, vez ou outra, substituíam as sombras através da vidraça. O cachorro parecia olhar na mesma direção, com um olhar entediado.

- Martha? – sua voz transpareceu seriedade.

- Senhorita Sarah? – pareceu espantada.

- Já disse que não precisa me chamar de senhorita...

- Sarah, mas o que...?

- Não pergunte nada. – disse áspera, mesmo que educadamente. – Preciso da sua ajuda.

A mulher ficou uns segundos em silêncio, depois respondeu:

- O que a senhorita quiser.

Sarah deu um sorriso sombrio com a resposta.

- Preciso da ficha de uma paciente. – falou devagar.

Sabia que era um pedido sério demais a se fazer, mas precisava daquilo mais do que qualquer outra coisa.

- A senhorita sabe que não posso fazer isso. – Martha sentiu-se ofendida.

- Disse que faria o que eu quisesse...

- Seu pai sabe disso? – ela interrompeu.

- Não devo explicações a ele, irá me ajudar? – franziu o cenho, com medo da resposta.

Os instantes silenciosos que se passaram foram agonizantes. A loira sentia o batimento cardíaco acelerado apenas com a expectativa daquela resposta, precisava disso.

- Que paciente? – a mulher suspirou com a derrota, fazendo com que Sarah abrisse um amplo sorriso.

- Sally Andersen.

- Posso pelo menos saber o motivo? – indagou desconfiada.

- É um motivo pessoal. – esclareceu. – Manter isso em segredo é imprescindível.

- O que você não pede sorrindo que eu faço chorando? – rolou os olhos. – O que quer exatamente, senhorita Andrade? - A princípio... Quando será sua próxima consulta?

Londres; Highgate High School; Quinta-feira; 11:17 da manhã;

Todos os alunos da turma B estavam sentados em dupla e distraídos com conversas sobre o trabalho de cálculos, enquanto o professor, senhor Johnson, lia alguns papéis amontoados em sua carteira. Sarah estaria observando a todos com olhar de tédio, se não fosse pelo nervosismo de estar novamente ao lado de Juliette. A morena parecia estranhamente confortável, a deixando ainda mais tensa se possível.

- E então, o que me diz, Sarah? – ela disse a olhando fixamente nos olhos, como se tivesse acabado de falar alguma coisa.

'Deve ser porque ela acabou de falar alguma coisa.' Sarah concluiu o óbvio, percebendo que sua ansiedade se transformara em desatenção.

- Desculpe, sobre o quê? – a loira perguntou juntando as sobrancelhas.

Ju suspirou pesadamente antes de prosseguir seu raciocínio. Sabia que Sarah estava com a mente em outro lugar, apesar de não imaginar exatamente onde. Pensou que talvez ela pensasse em Ivane, mas esse era um pensamento que ela mesma não queria que rondasse sua cabeça. O porquê? Bom, era um mistério.

- Sobre o trabalho de cálculos. Podemos nos encontrar na segunda pra fazer... – ela continuou.

- Na sua casa? – Sarah pareceu vacilar.

GHOST - SARIETTE | ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora