Momentos da Vida - Harry Potter

Conversa na madrugada

Gina se sentou na cama, ofegante, o suor lhe cobrindo a testa, o coração disparado. Um pesadelo, concluiu. Na verdade, mais um pesadelo ou melhor, sempre o mesmo pesadelo. Desde que escapara de morrer na Câmara Secreta, sempre sonhava com aquele lugar, sempre sonhava com Tom Riddle rindo e debochando dela, dos sentimentos dela, dizendo que iria matar todos aqueles que ela amava, principalmente Harry Potter. E a poucos dias quase conseguira matar seu pai.

Afastou as cobertas para longe, e o mais silenciosamente possível, saiu do quarto que dividia com Hermione. 

Caminhou devagar pelo corredor e começou a descer as escadas, não sem antes olhar em direção do quarto que Harry dividia com Rony. 

"Espero que ele não tenha pesadelos esta noite. Basta um de nós atormentado por Você-sabe-quem hoje." -Pensou. 

Continuou a descer as escadas em direção à cozinha. Talvez uma xícara de chá a ajudasse a voltar a dormir. Passou pelo retrato da Senhora Black e deu graças por ela não ter acordado. Aquela mulher no quadro era pavorosa, e ela sempre se perguntava, se quando viva ela teria sido tão horrível quanto parecia. Aliás, tudo naquela casa era horrível, desde os puxadores e torneiras em forma de serpente até as cabeças de elfos penduradas aparede. Tudo muito sonserino. 

Enquanto fazia o chá sorriu para si mesma: a senhora Black devia estar se revirando no túmulo por ter sua casa invadida por autênticos grifinórios. 

Sentou-se a mesa, e deixou que o calor da xícara lhe esquentasse as mãos antes de levá-la aos lábios. Estava tão distraída que não reparou na pessoa apoiada no batente da porta, aobservando com franco interesse. 

- Não acha que é muito tarde pra estar acordada, não? - ele sorriu, quando ela derramou um pouco do chá devido ao susto. 

- Sírius! Quer me matar de susto. Que mania de chegar sem fazer barulho.- ela ralhou, limpando os dedos molhados num pano de prato. 

- São meus instintos caninos. - ele riu se aproximando do fogão, se servindo também de uma xícara de chá e sentando de frente a ela. - Então, por que está acordada a essa hora? 

- Pesadelos. - ela respondeu, dando de ombros.-

- Quer falar sobre isso? 

- Não – a menina respondeu com uma careta. - Foi só um sonho ruim. 

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, só saboreando o chá. 

Discretamente Gina o ficou observando. Os anos em Azkaban haviam sido cruéis para Sirius, mas não haviam apagado totalmente a beleza que um dia ele possuíra.

- Posso fazer uma pergunta, Sirius. - ele a encarou, e concordou com a cabeça. - Por que você foi atrás do Pedro quando mataram Tiago e Lilian? Quer dizer, não teria sido melhor procurar Dumbledore? Com certeza ele convenceria o ministério de que você era inocente. - Sirius ficou muito quieto, os olhos perdidos, talvez relembrando aquela noite. 

- Sempre considerei os Marotos minha família, principalmente o Tiago. Ele era o irmão que eu teria escolhido se pudesse, e eu era o irmão que a vida tinha dado a ele. Quando Pedro traiu Tiago, traiu a mim e ao Remo também. Confesso que na hora não pensei. Tudo que eu queria era olhar nos olhos do Rabicho e perguntar por que ele havia feito aquilo. Se fosse contra mim, tudo bem, mas Tiago sempre o defendeu, sempre viu o melhor dele. Talvez se o Aluado estivesse comigo, eu tivesse procurado Dumbledore e aí tudo seria diferente, mas não foi assim. Rabicho armou pra mim também e o resto da história você já conhece. 

- Você não deve se culpar. - declarou Gina. Sirius a fitou interrogativamente e ela se explicou. - Lupin nos contou que você insistiu que Pedro fosse o fiel do segredo no seu lugar. Você não tinha como saber que ele os trairia. Como disse, vocês eram como irmãos, e irmãos confiam uns nos outros. Ele foi o errado nessa história toda e um dia vai pagar por tudo que ele fez, pode ter certeza. - Sirius a olhou nos olhos e deu um pequeno sorriso.