Perguntas Embaraçosas

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Harry aparatou no belo jardim e por um instante parou para olhar o lugar. Lembrou-se da primeira vez que estivera ali. Estava fugindo de Voldemort e despencara com a moto de Sírius no laguinho mais adiante. Naquela noite, como em tantas outras que se seguiram, achara que iria morrer. Caminhou calmamente até a porta e bateu. Pouco tempo depois a porta se abriu e Andrômeda sorriu ao ver quem era.

-Harry, que bom que veio. - ela falou com alívio na voz, após abraçá-lo e dar passagem para que ele passasse.

- Oi, Andrômeda. Recebi sua coruja e fiquei preocupado. Aconteceu alguma coisa com, Teddy? - Harry perguntou e acompanhou a mulher até a sala e sentou-se no sofá que ela indicou.

- Na verdade, eu não sei. Teddy chegou da escola amuado, tristinho. Perguntei se tinha acontecido algo mas ele não respondeu. Foi pro quarto e não quis jantar e hoje amanheceu com um pouquinho de febre. Acho que pode ser emocional. Por isso te chamei. Queria que você tentasse descobrir o que tá acontecendo com ele.

- Tudo bem. Onde ele está? - perguntou, agora realmente preocupado. Teddy era um garoto extremamente alegre, sempre correndo de um lado a outro, falando pelos cotovelos e tropeçando em tudo pelo caminho, como a mãe.

- Está no quarto. - ela falou e Harry subiu as escadas a caminho do quarto do garoto. 

Bateu de leve e abriu a porta devagar. Encontrou o menino sentado o chão, próximo a janela, o que parecia um álbum de fotos a sua frente, os cabelos na cor natural, castanhos claros, sinal evidente de que estava triste. Levantou a cabeça para ver quem entrava e voltou sua atenção para as fotografias.

- Ei Teddy. Tudo bem? - peguntou, entrando e se sentando ao lado do garoto. Viu que ele olhava para uma foto de Remo e Tonks no casamento deles.

- Oi, tio Harry. - o garoto falou amuado.

- Sua avó disse que você chegou chateado da escola ontem. Aconteceu alguma coisa? -perguntou com jeito. 

O menino encolheu o ombro e virou outra página olhando para a foto de Tonks com seus tradicionais cabelos rosa pink, acariciando a barriga enorme, um sorriso feliz. Apenas um observador mais atento notaria um brilho de preocupação em seus olhos.

- Só um garoto idiota. - ele falou, tentando segurar as lágrimas, sem sucesso. 

Com um soluço dolorido, começou a chorar e Harry o pegou no colo assustado. Embalou o garoto, que havia desistido de conter as lágrimas e se entregara a um choro doído, se apertando no peito do padrinho, que acariciava os cabelos com carinho. Após vários minutos, o menino se acalmou e Harry lhe enxugou as lágrimas enquanto conjurava um copo com água para o ele.

- Mais calmo agora?- perguntou, acariciando os cabelos dele, enquanto Teddy bebia a água. O menino acenou que sim com a cabeça, com uma última fungada. - Agora me conta o que aconteceu.

O garoto limpou o rosto com as mãos e fitou a foto dos pais antes de responder.

- Nick Winston disse que meus pais preferiram ir pra guerra e morrer do que ficar comigo. Que eles não me queriam. - respondeu soluçando um pouco e Harry se compadeceu dele. Sabia como crianças podiam ser cruéis. Já tinha passado por aquilo também.

- Você sabe que isso não é verdade, não sabe? - Harry perguntou ao garoto lhe afastando o cabelo da testa. 

- Sim... - o menino concordou, mas parecia incomodado. - Mas porque eu não tenho pai, tio Harry? Todos os meninos e meninas que eu conheço têm pai e mãe, por que eu também não tenho?

Aquela pergunta fez o coração de Harry apertar. Sabia que um dia aquela questão surgiria, mas não esperava que fosse tão cedo, não esperava que fosse carregada de tanta dor. Como explicar a um menino de 6 anos que um louco matou seus pais? Ajeitou o garoto para o colo e enxugou com o polegar uma lágrima que escorria pela bochecha do menino.

Momentos da Vida - Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora