Um pequeno milagre

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Astória andava de um lado a outro do quarto falando consigo mesma e contando nos dedos.

- Não pode ser. - exclamou para si mesma. Foi até a bolsa e tirou sua agenda, abrindo-a no calendário, contando os dias. 

- Dez dias. Estou dez dias atrasada. - instintivamente tocou a barriga. 

- Será? - Angustiada com aquela dúvida pegou a bolsa e aparatou no St. Mungus.

 Após vários minutos de espera, fora recebida pela curandeira que confirmou suas suspeitas. Estava grávida. Iria ter um filho de Draco Malfoy. Ao mesmo tempo que sentia uma alegria enorme, o medo lhe tomou o coração. Alguns meses antes de se casar com Draco, engravidara, mas após algumas complicações, acabara perdendo a criança com poucas semanas de gravidez e fizera uma cruel descoberta: provavelmente não poderia ter filhos. Suas chances de gerar uma criança eram muito pequenas e, se caso isso viesse a acontecer, poderia por em risco a própria vida.

 Sabendo disso, Draco havia decidido pelos dois: nada de filhos. Não colocaria a vida dela em risco de maneira alguma. Dissera que não suportaria perdê-la. Mas agora acontecera. O filho dele crescia dentro dela, contrariando todas as perspectivas.Após se certificar que estava tudo bem com sua gravidez e marcar uma consulta para o dia seguinte, voltou para casa. Precisava decidir como contaria para o marido que a família iria aumentar. 

Quando Draco chegou naquela noite percebeu que algo havia acontecido. Conhecia Astória e sabia que ela tinha algo a lhe dizer, mas não sabia como. Resolveu esperar. Ela não gostava de ser pressionada e só fazia o que lhe dava vontade e brigar com ela estava fora dos seus planos naquela noite. Após o jantar, ficaram sentados em frente a lareira, cada um absorto na própria leitura. Ele gostava desses momentos de paz. Sabia que para aqueles momentos serem completamente perfeitos só faltava uma criança, um filho deles. Mas isso estava fora de cogitação. Quando descobrira que ela poderia morrer se lhe desse um filho abrira mão desse desejo. Jamais a colocaria em risco, doía-lhe só imaginar não ver mais aquele sorriso doce e aqueles olhos brilhantes. 

Mesmo assim, se sentiu ressentido quando virou a página do Profeta Vespertino e encontrou a notícia que Harry Potter teria outro filho. Dobrou o jornal aborrecido e o jogou na mesa de centro atraindo a atenção de Astória.

- Algum problema? - ela perguntou o fitando.

- Não, nenhum. - ele falou meio emburrado. - Só o Potter, de novo. Ele não pode espirrar que já é noticia no Profeta.

Astória riu e pegou o jornal para ver o que tinha chateado Draco. Ao ler a manchete sobre a gravidez de Gina Potter não pôde deixar de sorrir. Talvez aquela fosse a oportunidade perfeita para contar ao marido sobre o bebê que teriam.

- Parecem coelhos, esses Weasley. - o ouviu reclamar. - Não podem nem se tocar que já se reproduzem.

- Deve ser uma delícia ter um bebê em casa. - ela comentou e Draco sentiu o coração apertar.

 Sabia que ela queria ser mãe e que a perda do filho deles a tinha ferido mais do que ela deixava transparecer.

- Não deve ser tão bom assim.- ele falou querendo aparentar pouco caso. - Noites em claro, fraldas sujas, choro sem motivo.

- Mas também tem suas compensações: risadas, brincadeiras, beijos.

Draco deu um suspiro. Sabia onde aquela conversa iria parar. Acabariam discutindo e ela iria para cama chorando.

- Já falamos sobre isso, Tori.- ele declarou com um suspiro cansado, atento a cada reação dela. - É muito arriscado. - foi até ela e fez um carinho em seu rosto. - Eu não sei o que seria de mim se algo lhe acontecesse.

- E se não acontecer nada. - ela questionou, um brilho no olhar que Draco não reconhecia. - O curandeiro disse que eu poderia ter uma gravidez saudável.

- Ele disse que é uma loteria, Astória, que as chances são muito pequenas, e que no final, você e a criança poderiam não sobreviver.

Astória o olhou nos olhos por longos segundos, então levantou-se muito séria.

- Então temos um problema. - ela falou e por um segundo ele ficou imaginando que voltariam com a história de tentar engravidar. Ela inspirou fundo e declarou.- Estou grávida.

Por um segundo Draco achou que não tinha ouvido direito até que o significado daquelas palavras romperam as barreiras da sua compreensão.

- Co-como? - ainda perguntou, na vã ilusão de que estivesse sonhando.

- O que você ouviu. Estou grávida. Você vai ser pai. - ela declarou radiante.

Uma emoção muito grande o tomou de assalto lhe tomando momentaneamente o ar. Estava feliz. Saber que um pedaço seu crescia dentro dela lhe dava uma alegria indescritível. Mas a felicidade estava misturada ao medo. Medo de perdê-la para sempre. Sem saber como agir, levantou-se e a abraçou forte, lágrimas lhe turvando a visão.

- Como aconteceu? - perguntou, após vários minutos, a voz embargada.

- Do jeito tradicional, Draco. - ela brincou e ele riu levemente. - Como o curandeiro disse que era praticamente impossível eu engravidar, parei com a poção contraceptiva. Tem quase um ano.

- E o que faremos agora? - ele perguntou, as testas muito juntas, olhos nos olhos.

- O que todo casal nessa situação faz: iremos ao medi bruxo ver se está tudo bem com o bebê, vamos decorar um quarto pra ele, escolher um nome que nós dois gostemos, compraremos um monte de roupinhas e brinquedos, você vai sair de madrugada na chuva para atender meus desejos de grávida, essas coisas. - ele riu e a beijou.

- Você não tem medo do que pode acontecer? - ele perguntou acariciando o rosto dela com carinho.

- Sim e não. - ela falou e ele a olhou confuso. - No inicio fiquei com medo sim, mas não por mim e sim pela criança. Quero muito esse bebê, Draco, por mim, por você. Merecemos a alegria de ter um filho. Por isso não tenho mais medo. Sei que tudo correrá bem, e que você cuidará de mim, de nós dois.

- Sim, cuidarei. Só promete que não vai me deixar. - ele pediu.

- Não Draco, eu não vou te deixar. - o beijou novamente, para selar a sua promessa. - Sem dizer que eu não seria louca de deixar você cuidar do meu bebê sozinho. Você mal consegue amarrar os próprios sapatos.

Os dois riram, então Draco ficou de joelhos e encostou o rosto no ventre ainda liso da mulher.

- Você ouviu, né , bebê. - ele falou com a barriga. - Cuida bem da sua mãe. Ela é meu mundo, ouviu?

Ficaram assim por muito tempo, Draco ajoelhado com o rosto na barriga de Astória, torcendo para que tudo desse certo e o pequeno ser que crescia dentro dela pudesse nascer com saúde e trazer mais felicidade para os dois. Até lá cuidaria para que tudo corresse bem. 

Momentos da Vida - Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora