A neve caia calmamente cobrindo tudo de branco, fazendo a pequena cidade de Godrics Hollows parecer uma miniatura num globo de neve. Na praça, uma grande árvore de Natal havia sido montada e reluzia suas luzinhas coloridas, grandes guirlandas enfeitavam os postes de luz e as portas de cada uma das residências. Numa delas, um jovem casal terminava de se arrumar e ajeitavam o bebê em seu carrinho, se preparando para sair.
- Tem certeza que quer sair de casa, Lily? Tá um gelo lá fora. - reclamou Tiago, ajeitando o capuz em Harry e as luvas dele.
- Claro que sim. - Lilian respondeu, voltando do quarto com um cobertor, o ajeitando sobre o filho. Também arrumou o cachecol em volta do pescoço do marido. - Quero assistir a missa de Natal. Mamãe e papai sempre nos levava a missa de Natal. Depois recebiamos os amigos em casa para a ceia.
- Não entendo as tradições trouxas, mas se você quer ir nessa tal missa, nós iremos. Sairam de braços dados pelas ruas de Godrics Hollows, Tiago empurrando o carrinho. Se encontraram com algumas famílias pelo caminho, que lhes sorriam e ascenavam, também se dirigindo para a igreja do vilarejo. Assistiram a cerimônia num canto discreto, e Tiago notou que de vez em quando Lilian enxugava uma ou outra lágrima que insistia em cair. Também se emocionara bastante. Voltaram caminhando devagar, sentindo paz em seus corações. Terminaram de preparar a ceia pouco antes de Sirius, Remo e Marlene Mackinon chegarem. Houve uma grande algazarra.
Após o jantar foram para a sala em frente a grande árvore para a troca de presentes. A maioria eram para Harry.
- Não acredito que você não comprou uma vassoura de brinquedo para o garoto, Pontas. -falou Sirius, desapontado.
- E ser morto pela minha mulher? Nem pensar. - Tiago falou e arrancou risos dos marotos. - Mas ainda tem tempo dele ganhar vassouras. Esse é só o primeiro Natal dele.
- Certo. Vamos combinar uma coisa: pra Lily não te matar por dar um presente "tão perigoso" pro Harry, eu dou a primeira vassoura de corrida dele. Prometo que será a melhor que tiver no mercado.
- Feito. Se o Harry cair e se machucar, Lily irá arrancar o seu pescoço e não o meu. - ambos riram e ficaram conversando até tarde. Depois que os amigos foram embora, Tiago e Lilian ainda ficaram um longo tempo deitados no tapete da sala em frente a lareira, Harry dormindo tranquilamente entre eles.
- Acha que Harry gostou do primeiro Natal? - Tiago perguntou, acariciando os cabelos do menino.
- Sim, ele gostou sim. Viu como os olhinhos dele brilharam com os presentes? Ele já entende tudo. E adora ficar pulando de braço em braço, ser paparicado. - Lilian respondeu.
- Pena que ele é tão pequeno para se lembrar. - Tiago declarou, meio pesaroso.
- Mas ainda teremos muitos natais para passar com ele. - Lily ponderou. - E todos tão felizes como o primeiro. - Tiago concordou em silêncio e conjurou um cobertor para os cobrir. Lá fora, a neve continuava a cair. Tudo parecia em paz.
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O silêncio na rua dos Alfeneiros era quebrado quando uma ou outra porta se abria e era preenchido por risos de alegria e contetamento. Tudo parecia alegre e festivo, com exceção de uma única casa. O número quatro estava aparentemente vazia. Lá dentro, um garoto solitário observava pela janela a festa na casa dos vizinhos. Com um suspiro resignado, fechou as cortinas e observou a grande árvore de Natal. Embaixo dela, vários presentes caprichosamente embrulhados, mas nenhum era para ele. Caminhou até a cozinha, foi até o forno e tirou o prato com o seu jantar. Comeu sem vontade e foi para o seu quarto, um armário embaixo da escada.
Mais uma vez fora deixado para trás por seus tios e por seu primo. Como sempre, eles deviam estar na casa de algum amigo, se empanturrando de comida gostosa. Sentiu os olhos se encherem de lágrimas, mas as enxugou antes que caissem. Já tinha oito anos e não devia chorar. No entanto, ao se deitar ainda fez uma prece silenciosa, um pedido para Papai Noel. Não queria nenhum presente caro, nenhum brinquedo moderno. A única coisa que Harry Potter queria era uma família de verdade, que o amasse de verdade. Mas como nos outros anos, sabia que não seria atendido. Afinal,Papai Noel não existia mesmo. Ou se existisse, devia ser uma criança muito má e não merecia ganhar presentes.
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Momentos da Vida - Harry Potter
FanfictionMomentos antes e depois da Segunda Guerra Bruxa