Momentos da Vida - Harry Potter

Momentos roubados

Harry sentou-se do lado de fora da barraca, deixando que o ar gelado de fim de inverno o envolvesse momentaneamente. Enrolou-se no cobertor que Rony deixara e sorriu. Desde que o amigo voltara seu ânimo melhorara consideravelmente e o de Hermione também. Mas vislumbrar o cabelo ruivo do amigo o fazia se lembrar de outro cabelo ruivo: Gina. Como sentia falta de sentir a maciez daqueles fios vermelhos entre seus dedos, a cor vibrante colorindo os seus dias acinzentados, do cheiro floral que o entorpecia e estimulava. Gina. Precisava vê-la, senti-la, abraçá-la. Apertá-la junto ao peito e não soltá-la mais. Mas não podia, não ainda, talvez nunca pudesse tê-la assim de novo.

 Com um suspiro, retirou o Mapa do Maroto da bolsinha dada por Hagrid em seu aniversário, abriu-o no colo e tocou o com a varinha dizendo "Juro solenemente não fazer nada de bom". Viu-o ser preenchido por linhas, traços e pequenos verbetes com o nome dos habitantes do castelo. Procurou pelo que tinha o nome de Gina. Encontrou-o em um corredor, próximo a sala dos professores. O que ela fazia ali, tão tarde da noite? Se Filch a pegasse estaria encrencada. Não queria nem imaginar o que poderia acontecer. Um pouco mais adiante do ponto de Gina, viu o de Neville e de Simas. O que eles estariam fazendo? Com o coração aos pulos viu quando outro ponto, com nome de Alecto Carrow, foi se aproximando de onde estavam. Viu-os partir em disparada entre os corredores e só respirou aliviado quando osviu a salvo no salão comunal da Grifinória. O que pensavam que estavam fazendo? O quêGina pensava que estava fazendo? 

Deixou-a para que ficasse em segurança, que seu status de puro sangue a protegesse, não para que liderasse uma rebelião de estudantes contra Comensais da Morte. Suspirou resignado. Mas o que poderia esperar? Que sua amada se comportasse como uma boa menina e ignorasse as barbaridades a seu redor? Não, claro que não. Se isso acontecesse não seria Gina. Não seria a sua Gina. Seu temperamento forte e seu senso de justiça não a deixariam ficar quieta diante de uma injustiça. Observou-a ir para o dormitório feminino e desejou naquele momento estar com ela. 

Deixou a mente vagar e se perdeu em lembranças do ano anterior... 

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Ainda podia ouvir os gritos e assovios vindos do salão comunal assim que o Retrato da Mulher Gorda fechou-se atrás dele e de Gina. Apertando suavemente sua mão, a conduziu a esmo pelos corredores, sem saber exatamente aonde ir. O que deveria fazer? O que deveria dizer? Olhou de soslaio e reparou o rosto sério de Gina.

- Algum problema? - perguntou, parando e ficando de frente a ela. 

- Eu sei que foi inesperado, que eu não devia ter te beijado na frente de todos e ...

- Isso é um sonho, não é? Quer dizer, ganhamos a copa das Casas e você me beijou na frente de todos, então deve ser sonho, né? Daqui a pouco eu vou acordar e ... - Harry a beijou novamente, um leve roçar de lábios, interrompendo aquelas divagações.

- Se isso for sonho, então eu não quero acordar. - encarando os lindos olhos castanhos da garota. 

No segundo seguinte sentiu-se ser empurrado contra a parede e uma pequena dor nas costas causada pelo impacto. Mas não se importou. Aliás, nada importava a não ser a boca de Gina junto a sua, o corpo dela pressionado ao seu. Envolveu o rosto dela com as mãos e aprofundou o beijo, sentindo um calor gostoso correr pelas veias e o monstro em seu peito dar cambalhotas de felicidade. Não soube quanto tempo durou. Parecia uma eternidade ou talvez apenas alguns segundos. Se afastaram aos poucos apenas porque não conseguiam respirar. Mas continuaram muito próximos, as testas coladas, narizes se tocando, as respirações de ambos se misturando, sorrisos idênticos.

- Potter! Weasley! O que pensam que estão fazendo? 

Separaram-se assustados e deram de cara com professor Snape, muito pálido e parecendo extremamente furioso. Logo atrás dele estava professor Dumbledore, sorrindo satisfeito.