Momentos da Vida - Harry Potter

Adeus

Harry mal dormiu aquela noite. Repassou mentalmente tudo que acontecera em sua vida até aquele momento, desde o dia que descobrira que era um bruxo até o momento que lançou o feitiço de desarmar em Voldemort e o vira cair morto a seus pés. O perigo não mais existia mas as marcas daquele ano tenebroso permaneceriam por muito tempo. Mas agora tudo seria diferente, tinha a chance de ser verdadeiramente feliz, apesar da culpa que sentia.

Ficou um tempo observando Gina dormir a seu lado. Ela pedira para dormir ali no se importava. Notou quando os pesadelos começaram. Ela se remexia e chorava no dormitório dos meninos e ele concordara, pois não queria ficar longe dela. Sabia que se os irmãos Weasley os vissem agora poderia entrar numa grande enrascada. Sentiu-se impotente e incapaz. Gostaria de poder entrar nos sonhos da namorada e acabar com Riddle, mas não podia fazer nada, além de tentar conforta-la.

- Tá tudo bem, meu amor. Eu tô aqui. Tom não pode te machucar mais, não pode machucar mais ninguém. Acabou.- falou baixinho no ouvido dela, a abraçando e acariciando seus cabelos.

Aos poucos, a menina foi se acalmando e voltou a dormir tranquilamente e ele também pegou no sono. Acordou no que pareciam ser minutos depois, mas notou que o sol já havia nascido. Gina já não estava a seu lado. Já havia se levantado quando Rony apareceu, os cabelos molhados, trajando uma traje preto.

- Bom dia. – falou ele, parecendo um tanto abatido. – Todos já chegaram para os funerais de Tonks e Lupin. Colin também vai ser enterrado hoje. Denis está arrasado. Gina tá tentando consola-lo um pouco. – ele fez uma pausa e deu um suspiro triste. – Mamãe trouxe vestes para você também.

Harry notou as roupas negras em uma cadeira próxima a sua cama. Sentiu a culpa o corroer por dentro e deve ter deixando transparecer em seu rosto, porque Rony logo declarou.

 -Não é culpa sua, Harry.

- Mas morreram numa guerra que não era deles. Talvez se eu tivesse me entregado antes, no começo da noite, tudo pudesse ser diferente.

Rony o encarou, as orelhas vermelhas e olhar inflamado.

- É, seria diferente. - falou com ironia. - Agora, em vez de estarmos enterrando os mortos, estaríamos fugindo de Voldemort, caçados como animais, isso se ainda estivéssemos vivos. Ou você acha que ele ia ser bonzinho e deixar todo muito ir pra casa em paz.

- Seu irmão morreu , Rony. - Harry ainda tentou argumentar.

- Teríamos todos morrido, se Voldemort tivesse vencido. Somos os maiores traidores do sangue do mundo bruxo e temos orgulho disso. Acha mesmo que ele nos deixaria viver, depois de termos lutado abertamente contra ele por tanto tempo?

Ficaram em silêncio vários minutos se encarando, ambos com lágrimas nos olhos.

- Muitos morreram, mas muitos sobreviveram também. E eles não te culpam. E se culparem vão ter que se ver comigo e com toda minha família.

Harry emocionou-se com a declaração de lealdade do amigo. Deu um passo a frente e o abraçou.

- Obrigado.

- Tudo bem. É melhor você se arrumar. Daqui a pouco temos que ir, mas antes mamãe quer ter certeza que você comeu o suficiente.

Rony saiu do quarto e Harry foi se arrumar. O dia seria longo e triste e ele precisava ser forte para consolar Gina e dar apoio para o resto da família. Quando desceu para o Salão Comunal, estava tudo vazio e silencioso exceto por Gina e Neville sentados em frente a lareira. A menina estava abraçada ao colega e parecia chorar. Aproximou-se devagar, Neville ergueu os olhos e deu um sorriso triste a ele. Parecendo um pouco mais calma, Gina soltou-se do abraço e percebeu Harry a poucos passos de distância.